Era criança. Era inocente. Disseram-me que íamos visitar um lugar mágico, um lugar onde todas as crianças são felizes. Um lugar onde os desejos se concretizavam. Lembro me de ser pequena, muito pequenina. E curiosa, perguntei ao meu pai “e como é esse lugar magico?”. É lindo”, disse ele. “Um lugar com pequenas casinhas feitas de guloseimas e chocolates, onde podes tomar o melhor chocolate quente da tua vida”. “Mas pai, como assim é feito de guloseimas e chocolates?”. “Vá lá, eu mostro-te”.
E naquelas fotografias de um Toshiba xxxx vi um sonho, vi um lugar onde sabia que ia ser feliz.
Ansiei. Esperei. E lá cheguei.
Curiosa, de ânimos ao alto, uma inocente criança rechonchuda que apenas ansiava ver as casinhas de chocolate.
Olhei, toquei e quase chorei.
As casinhas não eram de chocolate.
As casinhas não eram de guloseimas.
As casinhas… nada mais eram que estruturas de pedra e deceção, que roubavam a inocência das crianças.
Fiquei triste. Fiquei desiludida. E jurei nunca mais sonhar com casinhas feitas de guloseimas e chocolates. Jurei nunca mais ser criança e acreditar nas mentiras que me contavam.
O mundo tornou-se preto e branco nesse dia…
Cresci, apercebi me que não há um sítio mágico, onde todos somos felizes.
Crescer é isto, é apenas isto… tudo o que era fofo e doce, endurece e amargura!
É verdade, cresci… mas também amadureci, e foi aí que ouvi… A voz que disse àquela criança inocente para ver o mundo como ele é, cheio de mentiras e deceções… calou-se! Ou, pelo menos, calei-a!
Vivo então com a vozinha de criança, que grita a bons pulmões, que se eu quiser as casinhas são feitas de guloseimas e chocolates. Se eu acreditar o suficiente, se eu sonhar o suficiente, se algo em mim voltar a ser aquela criança inocente que imaginava como se juntavam e colavam guloseimas e chocolates para construir uma casinha, então esse lugar onde sou feliz existe!
Sou criança, serei sempre criança, pelo menos do que me dizem ser “criança”.
Provo o meu chocolate quente, rodeada pelos brilhos de natal e as harmonias que só nesta época unem os ouvintes, e sei que sou feliz, se ser feliz é acreditar em magia!
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