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  • Programa Eleitoral da Direção de 2024

    Nos termos do artigo 35.º dos Estatutos do Jur.nal, apresentamos a seguinte candidatura à Direção do Jur.nal, núcleo autónomo da Associação de Estudantes da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa: a) Identificação dos Candidatos: Candidatam-se à Direção do Jur.nal os seguintes alunos da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, apontando que, de acordo com o artigo 35.º dos Estatutos do Jur.nal, não detêm cargo diretivo da AEFDUNL ou de um núcleo autónomo da Universidade Nova de Lisboa ou AEFDUNL, com a exceção dos candidatos n.º 1, 3 e 4, que detêm o cargo de Diretores-Adjuntos na Direção cessante do Jur.nal, não se revelando qualquer incompatibilidade: 1 - António Jorge Carvalho Subtil, N.º 8622, do 3.º ano da Licenciatura 2 - Beatriz Marques Rodrigues, N.º 9270, do 2º ano da Licenciatura 3 - Francisco de Jesus, N.º 9264, do 2.º ano da Licenciatura 4 - Inês Teixeira Matos da Cunha Brazão, N.º 7953, do 4.º ano da Licenciatura A Direção candidata autovincula-se ao exercício das competências dispostas no artigo 13.º dos Estatutos do Jur.nal e ao respeito pelos princípios enunciados no artigo 3.º dos mesmos Estatutos. b) Plano de Repartição de Funções entre a Direção: Nos termos do artigo 10.º dos Estatutos do Jur.nal, a Direção deste núcleo é composta por um Diretor/a e três Diretores-Adjuntos/as. Planeamos a seguinte repartição de funções: Diretor – António Jorge Carvalho Subtil, N.º 8622, do 3.º ano da Licenciatura, assumindo as competências enunciadas no artigo 14.º dos Estatutos do Jur.nal, mais especificamente, dedicando-se à elaboração e gestão do Orçamento, à orientação do rumo do Jur.nal e método de trabalho do mesmo; Diretora-Adjunta – Beatriz Marques Rodrigues, N.º 9270, do 2.º ano da Licenciatura assumindo as competências enunciadas no artigo 15.º dos Estatutos do Jur.nal, cabendo-lhe, mais especificamente, orientar as Coordenações, previstas no artigo 18.º dos mesmos Estatutos; Diretor-Adjunto – Francisco de Jesus, N.º 9264, do 2.º ano da Licenciatura, assumindo as competências enunciadas no artigo 15.º dos Estatutos do Jur.nal, salientando-se a importância que terá a nível das Relações-Públicas, Eventos e Redes Sociais; Diretora-Adjunta – Inês Brazão, N.º 7953, do 4.º ano da Licenciatura, assumindo as competências enunciadas no artigo 15.º dos Estatutos do Jur.nal, auxiliando a organização burocrática do Jur.nal, como por exemplo: compilando textos para futura publicação, dispondo de outros documentos administrativos e especializando-se em Entrevistas. As ompetências de Proofreading e planeamento da Edição Física/ das Edições Físicas serão assumidas por todos os membros da Direção. c) Plano Geral para o Jur.nal: Considerando as competências da Direção expressas no artigo 13.º do Jur.nal, a Direção candidata apresenta os seguintes traços gerais: ✔ Manutenção da periodicidade das publicações, no site e conta oficiais do Jur.nal; ✔ Desenvolvimento de sondagens no Instagram do Jur.nal e nos grupos de turma/ano sobre temas relevantes para a sociedade, que serão posteriormente publicadas; ✔ Desenvolvimento de, pelo menos, 1 (uma) entrevista por semestre; ✔ Desenvolvimento de, pelo menos, 1 (um) evento por semestre; ✔ Continuação do trabalho realizado no Clube de Leitura, em constante partilha de ideias com a respetiva Coordenação do mesmo; ✔ Avaliação da possibilidade de publicação de Edição Física, de acordo com as capacidades do núcleo; ✔ Publicitar as eleições do Conselho Fiscal e da Mesa de Assembleia Geral de 2024/2025, consultando os possíveis candidatos; ✔ Publicitação ativa do Jur.nal nas redes sociais e no campus; ✔ Continuação do desenvolvimento de campanhas de sensibilização, relativamente ao tema da Saúde Mental dos estudantes e restante Comunidade Académica e do Reforço do Poder Estudantil, dando a conhecer os principais órgãos institucionais da Universidade Nova de Lisboa e respetivas funções; ✔ Como qualquer meio de comunicação social, continuar a exigir mais e melhor de quem está acima, com rubricas como o ‘Mais uma da Nova Escola da Lei’ ou outras que possam surgir. Fazer com que as críticas que surjam cheguem aos órgãos competentes; ✔ Promoção de eventos a título individual, em colaboração com outros núcleos da faculdade, ou até interfaculdades, de preferência de modo presencial, de forma a fomentar o convívio e a partilha; ✔ Continuar a acompanhar de perto os eventos da Faculdade e externos de muita relevância (ex. eventos do CNED), para que a Comunidade Académica esteja sempre atualizada e informada; ✔ Continuação da realização de Visitas de Núcleo, para fomentar o espírito de comunidade do Jur.nal; ✔ Continuação de projetos de podcast; ✔ Realização de atividades lúdicas, como workshops de escrita e celebração de datas notáveis, como o 25 (vinte e cinco) de abril, e o Mês do Orgulho; ✔ Realização de um Concurso de Escrita. Enquanto Direção candidata comprometemo-nos a zelar pelo cumprimento dos traços gerais acima definidos, não excluindo a possibilidade de delinear novos objetivos, tendo sempre em conta o disposto nos Estatutos do Jur.nal. d) Plano para as Edições Físicas: Como sabemos, nos termos do disposto no artigo 4.º dos Estatutos do Jur.nal, a Direção candidata está comprometida ao desenvolvimento de publicações físicas periódicas. No entanto, dado as circunstâncias extraordinárias destas eleições, que implica uma disrupção significativa do trabalho do núcleo, a presente lista não pode em boa fé comprometer-se piamente à publicação da Edição Física. Será discutida a capacidade do núcleo para desenvolver esse projeto, que só poderá ser publicado, em princípio, no primeiro semestre do ano letivo de 2024/25. Se viável, esta Edição Física será elaborada com base em vários temas a ser discutidos entre todos os membros do Jur.nal, e será composta por: ✔ Textos elaborados pelos redatores e/ou eventuais colaboradores, em qualquer formato; ✔ Imagens e/ou ilustrações; ✔ Ficha Técnica e Agradecimentos; ✔ Outros; A elaboração das Edições Físicas é da competência principal da Direção, com o auxílio da Coordenação da Edição Física, sendo aquela responsável por todas as questões orçamentais e de impressão, não excluindo o contributo dos redatores, coordenadores e colaboradores para o conteúdo material da mesma. e) Plano para a Componente Online: Nos termos do disposto no artigo 4.º dos Estatutos do Jur.nal, a Direção compromete-se a fomentar a presença online do Jur.nal, através de: ✔ Publicações nas redes sociais e no site oficial do Jur.nal; ✔ Continuação das Rubricas “Trocado por Miúdos”, “Dicionário”; “Melopeias”; “Mãos Flanantes”; “Mais uma da Nova Escola da Lei”; “Lembro-me que..”; “Sonhos de Menino” e criação de novas rubricas; ✔ Interação com os leitores online, de modo a obter feedback construtivo; ✔ Desenvolvimento de sondagens no Instagram do Jur.nal e nos grupos de turma/ano sobre temas relevantes; ✔ Transmissão de diretos nas redes sociais, de forma a difundir os eventos realizados; As presentes iniciativas não excluem a posterior definição de outros objetivos e/ou adoção de novas ideias. Declaração Final: Em primeiro lugar, gostaríamos de expressar o nosso profundo agradecimento à Sofia pelo seu trabalho enquanto Diretora, e antes disso, enquanto Diretora-Adjunta. Merece o respeito e admiração por parte de todo o núcleo e demais Comunidade Académica pelo ano e meio em que foi o coração deste Jur.nal que nos é a tantos tão querido. Estendemos este agradecimento às Coordenações por todo o trabalho e empenho com que ajudaram a expandir e a dinamizar este mandato, e à Redação por todas as suas formidáveis contribuições. Esperamos que depositem a nossa fé em nós e continuem a fazer do Jur.nal o refúgio do direito que nos é a todos. Sabemos que as circunstâncias extraordinárias destas eleições serão tomadas com surpresa por muitos, e talvez, agoiros. Faremos todos os possíveis para que esta transição seja o mais subtil possível, e retomemos o normal funcionamento deste núcleo assim que assumamos funções. António Subtil, Beatriz Rodrigues, Francisco de Jesus e Inês Brazão. Lisboa, 13 de março de 2024

  • Tabuleiro de xadrez

    A vida dela desenrola-se num tabuleiro de xadrez, em que nenhum dos lados joga a seu favor. É como se entre as peças pretas e brancas ela fosse um cinzento, uma mistura dos dois, tornando-se simultaneamente invisível e incontestável. Ela é só um peão, uma mísera peça no jogo da sua existência. Mas será mesmo sua? Sendo um peão, ela não passa de um objeto, algo necessário para que os jogadores cheguem realmente ao seu objetivo. Então até que ponto é que esta existência é realmente sua? Ou poder-se-á dizer que esta existência, este peão que não joga realmente a favor nem contra ninguém, não passa de algo, um meio, para que os outros atinjam o fim desejado? Mas o jogo continua com ela no meio. Entre manipulação e mentiras, sorrisos e subornos, ela continua a sua vida, como se não se encontrasse sempre no meio a fazer de diplomata, de psicóloga, de peça de xadrez, a duas pessoas que nunca ouvem e nunca irão ouvir. As suas palavras e os seus atos são distorcidos para favorecer qualquer um dos lados. Os seus esforços transformam-se repetidamente em armas de arremesso prontas a ser usadas contra o inimigo. E ela vai perdendo a esperança, já se perdeu tanto nesta luta tumultuosa. Ambos os lados parecem indiferentes às vítimas desta guerra que parece infindável. Não há sinais do final deste jogo e ela, a peça cinzenta, continua no centro do tabuleiro, a ser usada por quem mais beneficia. E o jogo, este jogo triste, angustiante, torna-se eterno, condenando o peão a uma vida lastimável de altos e baixos, e de infinitas guerras, todas passadas num tabuleiro de xadrez.

  • My favorite electromagnetic spectrum

    My hand is insanely shaking,  While the darkest light in our World is being held by it.  Although I can feel the light´s hallucinating Beautiful energy, just like a flower, - that can break, angelically, with wind -  This light is fracturable, and it is, each second, Nearer to its abyss.  After feeling my hand extremely sore,  I fell into a lake of sudden numbness, And now I can´t feel my hand anymore. However, a wave of warmth cornered me,  So tightly, that I could fall asleep  In the sheets of unconsciousness. Despite its strength and darkness, This light makes me dream. It makes Me want to live in its perfect dark World, where the light is speechless,  And still, in a smooth harmony,  Leads me my destiny. Finally, my hand stopped shaking, And the light levitated me, effortlessly.  Now I see all so clearly.

  • A chama

    Por detrás de um olhar Cai uma gota à flor da minha pele, Toca-me de leve no braço que é chama, Iluminado por meus olhos, E ao deitar-me olho as estrelas com igual brilho e talvez valor. Mas porque será, Que quando algo me olha, Liberta a sua verdadeira essência, A verdadeira chama que há em si.  Liberta pensamentos inesperados, O que sente e não sente, Estarão à espera de algo mais de mim?  Resta sempre algo, alguma dúvida sobre sei lá o quê.   Continuei a olhar, A apreciar o brilho do céu, A admirar o quê? Talvez a minha verdadeira chama, a minha verdadeira essência.

  • Lembro-me que... Animus III

    Saramago Lembro-me de sentir, talvez demasiado. Há vários dias que me sentia assim, apesar de o Animus ter começado a ser preparado muitos meses antes, aquela semana pré-festival pediu tudo de nós – sangue, suor e lágrimas, diriam alguns – as noites curtas, o tempo contado, muita coisa que fazer e ainda atuações para ensaiar. Quando sexta-feira chegou só conseguia pensar em tudo o que tinha de fazer, os horários que tinha de cumprir e como tinha de atuar. O dia passou e depressa chegou a noite, já estava exausta e sentia que nem sequer ia conseguir abrir a boca para cantar. À medida que o tempo avançava sentia-me cada vez menos real, tinha-me tornado um produto dos meus pensamentos e emoções, estava desconectada da realidade e dos outros. Nem sequer me lembro de entrar em palco, tudo parecia surreal, a ansiedade e o cansaço tomavam conta de mim. No entanto, lembro-me do momento exato em que olhei para as pessoas à minha volta, mais do que colegas, os meus companheiros e amigos que me acompanham em todos os momentos. Lembro-me de cada sorriso trocado, a felicidade e nervosismo enchiam a nossa tuna, o véu de cansaço e responsabilidade era levantado durante um breve momento, o trabalho e horas que investimos eram convertidos em orgulho, satisfação, alívio, amor e diversão. Finalmente saí de dentro da minha cabeça, de repente tudo desaparecia: éramos só nós, a nossa música e o agora. Olhava para eles, cantava, sentia a melodia, o meu corpo vibrava e os meus pés dançavam ao som da música. Observava o público, cada um dos presentes que tinha dispensado tempo do seu dia para ouvir a música, cada cara conhecida era como uma parte da família que aqui tinha encontrado. Mais do que um festival, o Animus foi como um reencontro pessoal e simultaneamente de uma grande família. Lembrámo-nos que ser desta tuna é mais do que aparenta, é investirmos o nosso tempo e trabalho nesta família tão especial, duvidar de tudo por vezes, mas atuar sempre, mostrar o fruto do nosso trabalho e divertimo-nos a fazê-lo. Lembramo-nos qual a força motriz que impulsiona este grupo: os laços únicos que criamos e música que criamos juntos. No Animus lembrei-me que não somos da Juristuna, somos Juristuna . Matilde Ribeiro Lembro-me que antes de começarmos, a minha cabeça estava na plateia. Não nos pais e mães, e rostos familiares, não nas palmas ou nos olhares críticos, nem sequer na pressão de não falhar - mas em mim.  Na plateia vi o "eu" que, há dois ANIMUS atrás viu esta tuna e que sentiu uma dor tão grande de não fazer parte, uma nostalgia tão grande do que não tinha vivido que a levou a... ali.  E lembro-me de a música começar, e de aproveitar. Cada palavra, cada piadinha, cada sorriso da Maria Leonor na outra ponta da formação a tocar o Filho de Lisboa, cada nota partilhada com a Salomé pelo canto do olho e... e lembro-me que me diverti, mesmo sabendo que tanta coisa pudesse ter corrido melhor, mesmo sentindo o peso da responsabilidade de apresentar algo bonito, mesmo sabendo que este é (foi) o meu último ANIMUS.  Lembro-me que fiz por me lembrar, porque há momentos que merecem toda a nossa atenção e dedicação. Bebi todas as palavras, decorei todos os movimentos, vi os olhos de cada um - em vão, claro, que metade dessa memória já se foi. Mas o resto que fica permitir-me-á sempre dizer, com grande carinho, "Lembro-me que, no III ANIMUS"... Maria Leonor Baptista Lembro-me de ver uma das minhas melhores amigas a solar o Filho de Lisboa, a cantar baixinho “A capa está aos ombros” e lembro-me de naquele momento tomar consciência da passagem do tempo, que vou a mais de meio do meu segundo ano, que experienciei dois festivais da minha tuna, tomei consciência da minha própria capa aos ombros e da beleza daqueles palavras cantadas. Lembro-me de ter receio de um dia a tuna ser apenas um ponto pequeno de passagem na minha vida, mas depois lembro-me também de pensar que a memória não ia permitir que isso acontecesse. Que fui feliz ali, com aquelas pessoas e com aqueles acordes de guitarra. Beatriz Franca lembro me de... estar sentada no meio do palco, muito antes das atuações começarem, a falar de tudo e de nada com pessoas que tornam lisboa casa lembro me de... estar deitada no chão da reitoria com um sentimento de missão cumprida quando vi a decoração que deu tanto trabalho a pintar as suas paredes brancas Carolina Correia Lembro-me de abraçar a Ana e chorar com ela, mas acima de tudo lembro-me de nos abraçarmos aos saltinhos por ela finalmente ser minha madrinha.  Lembro-me de sorrir para a Mel a meio da atuação e ela me sorrir de volta (como sempre).   Lembro-me de ter saudades da Luana, do outro lado da formação.  Lembro-me de dar um abraço à Bibi e lhe dizer que estava a fazer um bom trabalho.  Lembro-me de cantar ajoelhada ao lado da minha afilhada.  Lembro-me de colar tapetes no chão com mais umas quantas pessoas (vocês sim, soldados), e lembro-me da simpatia inacreditável dos senhores do som.   Lembro-me de ver as nuvens e o cartaz a caírem da parede cerca de 1627472 vezes antes de finalmente atinarmos com eles.  Lembro-me de correr para abraçar o meu pai no final e lhe dar os parabéns.  Lembro-me de me rir muitas vezes com os ataques de fúria do Kiko, e lembro-me de sentir que a minha família ficaria em excelentes mãos com a Ana Sofia (mestre a sentar pessoas, ela).  Lembro-me de olhar para a Isabel e dizer “ainda bem que estás aqui, sem ti não conseguia”.  Lembro-me de pensar “para o ano estou do outro lado a assistir” e de sorrir (depois de deitar uma lagrimazinha ou outra)… Maria Leonor Simão Lembro-me de estar numa sala pequenina com uma das minhas melhores amigas e de chorar abraçada a ela. Eram lágrimas de tristeza e de felicidade e de tudo o que se pode sentir, misturadas  com poucas palavras que íamos deixando as paredes e o tempo roubar. Nunca algo tinha sido tão claro para mim: os momentos mais tristes iriam ter sempre uma centelha de felicidade; e os momentos mais felizes iriam ser sempre, inevitavelmente, um bocadinho tristes também. Beatriz Geraldi Lembro-me de estar na plateia a ver as tunas. Fiquei impressionada com algumas das atuações, as vozes ribombantes, os instrumentos melodiosos, os estandartes magníficos e as pandeiretas coordenadas. Mas do que me lembro com mais brilho e esplendor é de ver o meu Orey focado e grandioso na percussão, do solo acolhedor da Bibi e da Guida a entrar em palco envolta nas suas bandeiras. O estandarte mais belo e gracioso que eu alguma vez vi. Depois perante o anúncio que o São paio tinha patrocinado o festival o meu Antônio Costa gritou "Patrocinou com o quê? Veio cá soltar as moscas?" E eu parti o coco a rir. Estas são as minhas memórias do festival. Francisco Jesus bem… há partes do III Animus que não me lembro… mas vou fazer um esforço. estes dois dias assinalaram as minhas pazes com a tuna. não direi mais que a odeio, porque apesar de terem havido momentos mais tensos, este fim de semana e esta tuna proporcionou-me tanta diversão, tanto riso, tanto bonding. tive a oportunidade de conhecer tanta gente querida e talentosa. tive a oportunidade de ver atuar as minhas amigas e amigos incríveis.  tive a oportunidade de fazer amigos e de conhecer betos artistas da parede. tive a oportunidade de fazer a sesta da minha vida. obrigado juristuna. fizeste-me encontrar a beleza no mundo das tunas. <3 António Subtil Lembro-me de uma moça de tutu esbarrar comigo no meio da festa e gritar “OLÁ, SOU A JÉSSICA, FOMOS COLEGAS NO 5º ANO!”, e de eu dizer “fomos?” Ela tinha o brilho nos olhos que vem ao de cima quando uma boa pessoa bebe bem, e as dentuças dançavam num sorriso contagiante. “ESTOU EM PINTURA NO 2º ANO”, “estou em direito!” “WOW FICO FELIZ POR TI”, “eu… eu fico feliz por existires. precisamos de mais pintores.”  “LEMBRO-ME DE SERES UM MIÚDO MUITO TÍMIDO E PENSAR QUE QUERIA SER TUA AMIGA MAS TINHA MEDO PORQUE PARECIAS MUITO FECHADO!” Bem, levou 10 anos, mas eu e a Jéssica tornamo-nos amigos.

  • From another timeline

    Time after time we met and locked eyes. Locking eyes quickly turned into locking hands, a thumb softly grazing turned into a hug which I could not escape from. Hugs turned into a habit (if I didn’t get one from you, I would disintegrate). A habit turned into a kiss on the cheek and little casual conversation. You opened up a whole new world, and oh, how fantastic it was! It was alluring and hypnotizing to the point of unnatural submission, or blindness. If only I’d known. Everyone described you like the biggest taboo. Talking about you as “he who must not be named”. Like the child I was, I didn’t understand why they kept you locked out of their lives, so I threw myself in the dungeons with you. You said you talked to wolves and mystical creatures. Like spirits imprisoned. Metaphorically of course, because it’s naturally impossible to hear voices…right? You said those animalistic howls were misunderstood. They caused you trouble which you could not control, and in the end, you took the blame. I believed everything you said. Those voices in your head would not stop me from feeling your touch whenever we met. The spirits said you and I were meant to be. Will you love me forever? Time after time we met and little casual conversation turned into dependency. I truly believed you cared about teaching me the ins and outs of this world. Because of you, I realized it’s vastness, and because of you, I realized it’s perversion. I couldn’t be without you anymore. Your promises were real, you were real. My guide and once my guardian angel. Will you love me forever? This dependency led to your dark room, and me in your lap. The soft light of the TV reflecting on your glasses and glistening lips covered in spit. Like all of the previous meetings, we laughed, talked as if we’d known each other for ages. The pills on your nightstand were all too familiar, you said they calmed you down. But this time, the kiss on the cheek did not lead to more careless conversation. Instead, I was greeted with your mouth on my neck. I found it odd, what was I supposed to do? I knew all too well what this would lead to. Mom said I should be studying or talking to the kids my age. I’m too young, I thought. It’s an act of love. Your hands were cold, not an ounce of love could be felt, but how could I know what a loving touch felt like? This had to be it. So, I let you sink your teeth and mark my body with blazing hands, like metal in the fire. Between the dancing lines of uneasiness, I delivered my trust to you. For a moment I believed us to be equals, with you falling on your knees in prayer and sinking your fingers straight into my bleeding heart. Will you love me forever? Tell me the pretty lies only you can tell. How could I be so stupid? From then on, I couldn’t imagine a life you weren’t a part of. How could I do this to myself? You promised a future, you said you would show me what true love and devotion is. Isn’t true love what you showed me? Incessant calls and texts of worry. Where I was, who I talked to, who I’m with. It means you care! Making plans you knew never had a chance of coming true...Yet you deceived me and like an omnipresent godlike figure haunting the thread of my routine. Everything I did was thinking of you, what you would like me to do, to wear, to eat, what I would tell you the next time we were together, what I would do to you and ask you to show me more of. I longed and prayed for you. My innocence raped and life put on hold. It was only the next time we met which truly revealed how far your feelings for me really went. In the mind of a child, it was pure, with genuine care and chances of becoming something more. But when someone is given a bite, you have to be careful so they don’t consume the whole. You did in fact look at me and talked to me like someday you’d eat me alive, and if the blur in my mind had kept going, I would have let you do so. You deserved it, you made me feel like I was whole again, in a twisted and cutting way. Will you love me forever? I got a phone call. It was about you. The police were at your door. You had forgotten the medicine in your nightstand. Your mother’s face was bruised and your dad had already been taken away to the hospital. Apparently, they found out about us and didn’t like what you did. They asked about your words, and the way you touched me. I said it couldn’t be, you loved me, we were in love, we had a future together! All those times you got mad at me for talking to someone else or placing disbelief in the plans we made. Those pictures you sent of me seen from afar which made me feel so safe knowing you were there watching during every hour, the times you threatened anyone who placed themselves as an obstacle to your possession of me, including those times you threatened my parents. It was all for love. All you did was for love; they just didn’t understand. This dystopia was ours; it was our small nuclear waste site to live on and screw the rest of the world. You would love me forever. For months after you were taken away, I could still feel you in the shadows, except this time you weren’t looking after me; you wanted me dead for what they did to you. You didn’t wish me anymore, there was no desire in your eyes like there had been previously, only anger and emptiness. Had it really ever been this way? What everyone said seemed impossible, I refused to believe you could ever hurt someone; but it happened. So go ahead, tell me all you want about emotion and how the wolves in your head told you to do it and how age is just a number, I will not fall. I never saw your face again. The true reach of your manipulation only became clear to me years after the events. Remembering you felt so painful I decided to erase every part of you from my phone, my mind. I couldn’t bear to think of what you had done. Today I can barely recall the color of your eyes, the way your smile looked, or your scars and how you got them. The only thing left are the remnants of confusion and unresolved questions which pose themselves as more and more needy of answers as the years go by. It will only go away when I remember the color of your eyes again, or when I see you laid to rest in the old foggy cemetery. You loved me forever.

  • Comparação

    Pensava ser melhor. Não necessariamente num jogo de invejas e ilusões, mas numa comparação obtusa das partes. Em que é ela contra si própria, numa espécie de neblina, em que sente estar a lutar contra algo, que na verdade não é nada mais do que o seu próprio ego. Ego ferido e cansado, por uma série de infortúnios a que a si própria se sujeita. Tenta dizer que vai ser diferente, que vai ser menos dura consigo própria, que não vai bater naquela mesma porta que sabe que não se abrirá jamais, mas o que diz é em vão. São bons demais para quererem estar à sua volta, bonitas o suficiente para que ela se sinta menosprezada, sociáveis demais para que ela sinta ser acessório ou um mero engano que a abordem, que queiram conversar consigo. É particular esta dúvida sobre o interesse em si. Sobre se será genuíno ou bem intencionado. Porque se a vissem como ela se vê, quando está sozinha consigo própria, não iriam querer vê-la, de todo, não poderiam querer. A dúvida paira como uma nuvem e cega-a. Desorienta os seus movimentos. Vai ser a amiga engraçada, que fala menos, que veste um tom mais escuro e que apanha o cabelo discretamente. Não era a primeira a ser abordada, nem a mais alta, nem a mais loira. Não podia ser a protagonista, pelas medidas da sua cintura. É mais uma batalha, não vencida. Porque a protagonista não é de todas as personagens. E o controlo da sua vida há muito que não lhe pertence. Não sem uns quantos comprimidos para dormir, e uns dias em que a dormência não lhe permite levantar-se para comer, ou para se vestir. Acha que se perdeu, mas as pessoas à sua volta não notam, parece confortável naquele barulho interrupto, cujo tema não lhe diz respeito… afinal quem é que está realmente a prestar-lhe atenção? O som do seu nome saído de uma boca não familiar soa vazio. Ele não poderia saber da sua existência. Pior, será que saberá da sua infelicidade? Será que ouve os passos dela no corredor e percebe as pequenas respirações aceleradas quando sai à pressa para que não tenham tempo de a abordar? Será que já notou quando ela tentou falar e desistiu da frase? Da frase que desistiu por não ser importante ou por ter medo, simplesmente, de que fosse importante e que os outros olhassem para ela, nem que fosse por um breve momento. De qualquer modo, não a poderiam ver. Pelos olhos dela, nunca o quereriam fazer.

  • feridas que não podem ser beijadas

    Sendo da Margem Sul, para ir para a universidade tenho de apanhar um comboio e um autocarro todos os dias. Hoje em dia, já estou habituada. É algo banal. Mas a Lara uma semana antes do começo do primeiro semestre pensava que se ia perder no meio do caminho, e que seria capturada, desmembrada e contrabandeada no mercado negro.  Disseram-me que a universidade ia ser o auge. Que eu ia fazer tudo o que não pude fazer antes, e outras coisas que nem nem teriam sido meu objeto de pensamento. E eu acreditei, plenamente, que seria verdade. Sonhava que a partir do primeiro momento que lá metesse os pés estaria interioziada naquela vida universitária dos filmes americanos. A Lara, uma semana antes do primeiro semestre, pensava, realmente, que se conhecia - pelo menos, a níveis mínimos - a si mesma, e que se iria reecontrar e descobrir ainda mais. Mas a verdade é que não foi isso aconteceu.  À medida que o tempo passou, tal como disse, o caminho para a universidade começou a ser rotineiro. E nunca me perdi - a Lara uma semana antes do primeiro semestre não acreditaria. Mas esta também não acreditaria que, ao longo dos dias, se ia sentir presa nos pensamentos imperdoáveis da sua mente, que lhe seriam, por via da ironia, incompreensíveis, porque sentiria, no ser, que apenas lhe trariam dores inconsoláveis. Mas é verdade. Passado este primeiro semestre, deixei-me assentir numa conformidade apática com a minha melancolia - que não sei, exatamente, de outro provém. E o pior é que não existem palavras que possam adocicar esta minha amargura - eu bem tentei procurar no dicionário. E, portanto, só me sinto, constantemente, marcada por uma desilusão cortante.  E, ainda que saiba muito pouco sobre o mundo, sei - e sinto - que não deveria ser como sou; que devia ser mais, saber mais, fazer mais, conhecer mais, mais tudo e menos nada. Menos inércia, menos apatia, menos self doubting - menos medo. E sei que devia tentar mais, ir mais além. Adormeço a pensar no que poderia ter feito - e que eu tanto queria - e no que poderia ter acontecido se eu tivesse sido capaz. Nas coisas que eu poderia ter dito - mas que deixei ficarem entaladas na minha garganta. Mas sinto um obstáculo incomensurável entre o querer e o arquitetar; entre o almejar e o ser e entre o que podia ser, e o que é. E, na realidade, o que é é nada. Não sou nada . Nunca fui nada, mas cada vez mais sinto esse nada a construir uma muralha de pedra na minha garganta que não me deixa falar, e que me afunda o coração na desilusão de não a conseguir deitar abaixo.  Porque, para isso, eu teria de saber quem sou. E eu não sei. Apenas sei que não queria ser assim. Qualquer coisa seria preferível a ser assim.  Mas a força para mudar escasseia; a força para acreditar em mim e no que eu posso ser perde-se a cada dia que passa, como aquele monte de areia que desaparece, aos pouquinhos, da nossa mão - e sabemos que é assim que deveria ser; nunca o conseguiríamos manter, é a natureza. Cheguei desamparada à universidade, e agora ainda estou mais perdida.

  • Pouca terra, pouca terra - Um caso prático do dilema do comboio

    O dilema do comboio é provavelmente o dilema da filosofia mais conhecido de sempre, portanto perdoem-me o cliché, mas quero chegar a uma estação. Neste cenário, um comboio a alta velocidade está prestes a atropelar cinco pessoas presas aos carris, mas, tendo à nossa frente uma alavanca que os controla, podemos redirecionar o comboio para uma linha alternativa na qual só se encontra presa uma pessoa. Só podendo escolher entre deixar cinco pessoas morrer ou matar uma pessoa, o que fazer? A resposta mais popular é a matar em vez de deixar morrer, porque intuitivamente, a maior parte das pessoas coloca mais valor na vida de vários do que um. Esta suposição não deve mudar de acordo com a escala: matar dez para salvar cinquenta, cem para quinhentos, etc.: o princípio é o mesmo. A segunda variante do dilema descarta a alavanca e dá-nos um gordo. Podemos impedir que o comboio atropele cinco pessoas se empurrarmos para a linha um homem tão mitologicamente obeso que a sua massa consegue por si só parar um comboio em movimento. Continuamos a ter a decisão de sacrificar uma pessoa para salvar cinco, mas esta torna-se geralmente uma decisão mais controversa, pelo ato de empurrar o homem ser mais violento e direto que a decisão relativamente indireta de puxar uma alavanca. As consequências são as mesmas: num cenário onde estas são as duas decisões possíveis, escolher não matar um é matar cinco. A diferença entre o homem e a alavanca é estética e não releva à moralidade. Releva à lei, claro. Fazer do homem um meio é das violações legais mais basilares, mas falamos aqui de moralidade, não direito.  Suponhamos agora que estes acidentes são regulares, e centenas morrem por ano. Sabemos que isto acontece porque o gestor dos caminhos de ferro os gere mal, e sabemos que qualquer gestão que se siga irá impedir estes acidentes. O mesmo princípio aplica-se, se estas forem as únicas escolhas. No mundo real, claro, existem mais escolhas: podemos levar o gestor à justiça, ou pelo menos aos tribunais. Mas mesmo, assumindo uma justiça eficiente, ainda demora tempo, e a cada dia, alguém é atropelado. Isto assumindo que o caso é mais que claro, que as ações do gestor são evidentemente ilegais. Mas e se a forma de gerir não for ilegal? Voltamos ao dilema, assumindo só entre matar e deixar morrer. Mas talvez o gestor possa apenas ser coagido a deixar o cargo, e aí salva-se sem matar sequer. Coação, fui informado, continua a ser crime, mas se diretamente levar ao salvamento de vidas, então esta mutação do dilema coloca-nos a escolha entre um ato ilegal mas moral, e permitir um ato legal mas imoral.  O dilema do comboio é nos cada vez mais útil quantas mais carruagens acrescentarmos, andando cada vez mais como anda na nossa terra. Há um sem-fim de carruagens, rodas e vapores a carvão, linhas múltiplas que se entrecruzam entortadas, e demasiados que morrem. Há também avalanches de alavancas. Eis o que sabemos sobre a grande máquina, e isto é claro e científico: sabemos que milhões vão morrer, e milhões vão ficar sem nada, numa escala ultrapassada por todos os genocídios. Sabemos o que se pode fazer para o evitar: as alavancas têm de ser travadas, e isso é possível de alcançar por meio da política pública, da lei. Sabemos que o comboio continua a avançar e não está a abrandar o suficiente: a cada segundo que passa, alguém é atropelado e escolhemos que se seja atropelado. Só podemos questionar quantos vão morrer antes de finalmente parar. Sabemos que não está a parar.  Não sabemos como alcançar as alavancas. Fazer os agentes que podem, agir.  E talvez não haja uma resposta concreta, talvez a resposta seja disparar em todas as situações e ver onde se acerta. Que se atire tinta, que se vote, que se proteste, e boicote e se promova, escreva-se e discuta-se, que se sabote, subsidie e sancione. Se sacrifique. A solução climática tem necessariamente de ser global e eclética, entre o moral e o imoral, o legal e ilegal, mas sempre vivaz, porque é sempre desesperada.  É uma guerra que se está a perder, mas é preciso tentar fazer-se justiça, dentro dos tribunais e fora deles.  Ou caem os céus, canibalizados por comboios.

  • It’s called Falasteen/إنها تسمى فلسطين

    عندما يرتفع القمر فوق أرض الأقصى المقدسة ‎مطر من الدموع ‎سوف يروي العطش ‎من الجائعين ‎خديجة تبكي ‎فوق الأرض التي يرقد فيها الشهداء صوت الأصوات ‎قراءة سورة الفاتحة ‎من غزة إلى المدينة المنورة ‎أغرق تلك الأصوات المروعة ‎وسيلعب الأطفال ‎الحمم البركانية الملعونة التي تغمر شارع غزة ستتحول يومًا ما إلى حجر ‎ولن يحركوها أبدًا ‎أبداً When the moon rises Over the holy land of Al-Aqsa A rain of tears Will quench the thirst Of the hungry Khadija weeps Over the land where the martyrs lie The sound of voices Reciting Surat al-Fatiha From Gaza to Medina Drown out those dreadful voices And the children will play The cursed lava that floods Gaza Street will one day turn to stone And they will never move it Never

  • momentos

    Numa noite como esta, a vida para. Numa noite como esta, a excitação contagiante e extática dos bares e discotecas e dos grupos de amigos alcoolicamente alegres que se passeiam mutuamente pelas calçadas de Lisboa, não é suficiente para me carregar para lá do limite do meu aconchego. Hoje apenas me deito e penso. Penso no que fui, no que sou, no que poderei ser e poderia ter sido. Enfim, maluquices de um desejo por algo que nunca vem. Quem será o tolo que deseja alcançar o impossível apenas por se deixar marinar no conforto de uns lençóis de algodão?  Não se deixem enganar. É possível. Nesta noite não tenho responsabilidades. Não sou eu quem aqui está deitada alheia às horas e ao meu corpo que implora por uma reposição do descanso perdido para os estudos e para a farra. Ou só pela arte do não fazer nada.  Ouço a minha colega de quarto. Mulher calada que é. Acho que nunca me dirigiu sequer uma palavra que não fosse temperada com o azedume do sarcasmo, e talvez um leve desgosto. Tudo o que sei sobre ela me leva apenas a fazer suposições que se ramificam até ao mais fantástico e improvável. Tudo para encontrar sentido para a existência de um ser humano desinteressante e, francamente, insosso. Sabemos que o nosso estado é talvez um de delírio quando a mente se ocupa até com a mais insignificante das pessoas em vez de cumprir os seus deveres de central de controlo do ser humano. É inútil? Talvez. Mas é pensamento.  Leva-me a questionar realmente o quanto vale um pensamento. Como tudo, o tempo que eu gasto a pensar nas futilidades dos pequenos detalhes, é tempo que me escorrega das mãos e nunca mais volta. Poderia estudar, fazer malas e deixar a minha mãe feliz com a minha responsabilidade, mas não. Em vez disso penso. Escolho passar a noite mergulhada nos sombreados e nos contornos da vida. Mas afinal, são eles que lhe dão forma; que a fazem real. Numa noite como esta, sinto-me viva. Viajo no tempo que escasseia, passam as horas mas para mim já passaram anos! Para a frente, para trás e assim sucessivamente…Olho a vida como um pêndulo. E os carros passam. A porta da minha colega de casa bate em simultâneo com o soar do heavy metal que me enche os ouvidos e me limpa a névoa da rotina atarefada do dia a dia. É verdadeiramente sinfónico, o engrenar do homem e do meio envolvente. Se no decurso da história o ser humano sempre se guiou pela natureza, então agora fá-lo mais que nunca. Uma natureza por vezes adulterada, sim. Mas é a nossa natureza. Numa noite como esta…estou há horas a vaguear na minha essência à procura de quê? Não sei. Mas sei que numa noite como esta, o fardo do pensamento só chegará quando o chiar incessante do despertador interromper bruscamente a paz de um curto sono.

  • Jornada de Esperança: Três Anos de Missão Encerram

    A Missão País é um projeto católico de universitários que tem como objetivo espalhar a fé cristã e o amor de Jesus por Portugal. Nasceu em 2003 e desde aí tem evidenciado um crescimento tremendo. Em 2024, a Missão Pais previu atingir o marco dos 4080 jovens, distribuídos por 68 missões, em todos os cantos do país, durante as férias entre semestres (de janeiro a março). O dia-a-dia da missão passa por visitar lares de idosos, centros de deficientes, escolas, creches, animar os intervalos das escolas e partilhar o momento da Eucaristia diariamente com a respetiva comunidade. Durante três anos, Alvaiázere foi mais do que uma simples localidade para os missionários da Missão Pais da Universidade Nova de Lisboa IMS e de Direito que ali se entregaram de corpo e alma. Foi um refúgio de alegria, fé e solidariedade, onde cada gesto era um testemunho de amor e cada encontro uma oportunidade de crescimento espiritual. Desde o primeiro contacto em 2022, quando os corações se encheram de entusiasmo e incerteza diante do desconhecido, até às três missões subsequentes, o vínculo entre os missionários e a comunidade floresceu em experiências inesquecíveis. Dizem que Alvaiázere os acolheu de braços abertos, envolvendo-os numa teia de calor humano que transcendia as diferenças. Desde a organização da loja social até às visitas porta a porta, cada interação foi permeada por sorrisos, histórias e aprendizagens. A presença tão generosa do Padre André foi um pilar imprescindível que guiou os missionários através dos desafios e das alegrias da jornada ao longo dos 4 anos, tendo um deles sido através do contacto virtual durante a pandemia em 2021. O Padre António Ribeiro de Matos também acompanhou os missionários e a comunidade de Alvaiázere durante os últimos dois anos, referindo que "A Missão País é uma manifestação concreta da atualidade do Evangelho e da vitalidade da Igreja. Todos aqueles que nos cruzamos com este projeto somos marcados por eles: missionários, comunidade acolhedora, padres e tantos outros. Alegra-me ver tantos jovens que decidem dar um sentido tão belo ao seu tempo de férias. Na Missão País podemos saborear um bocadinho do Céu." Em 2023, o retorno da Missão País trouxe consigo um grupo de aproximadamente 60 jovens determinados a deixar uma marca de esperança e caridade. Nas instituições locais, nos encontros com os mais velhos, nas atividades escolares e nos momentos de teatro, a energia contagiante dos missionários iluminou os corações dos alvaiazerenses. “Agradecemos à comunidade de Alvaiázere pelos sorrisos, pelas partilhas, pela generosidade com que nos receberam nas suas casas, e também por todos os mimos que nos deram ao longo da semana. Esperamos ter marcado Alvaiázere assim como esta vila marcou cada missionário. Regressamos a Lisboa de coração cheio e ansiosos por voltar no ano que vem!" E concluíram, "Alegra-te, Ele está contigo!".  Esta foi a última partilha de agradecimento por parte dos missionários antes do regresso deste ano, (2024), o último ano em Alvaiázere. Relativamente aos dias passados a animar os lares durante os últimos anos temos o registo de alguns missionários “Foram vários dias consecutivos em que senti que, a chegada ao lar, trazia uma felicidade que se fazia sentir em cada rosto. Sentir que levarmos o coração aberto, a mãe peregrina, e o espírito de Deus em cada olhar e em cada toque, foi o suficiente para tornarmos esta semana um verdadeiro testemunho de esperança em cada um de nós. Foi uma semana em que me esqueci que havia mundo exterior, que havia mais vida para além dos telemóveis e que foi muito importante para conhecer outras realidades de pessoas que se sentem sozinhas e pouco acompanhadas. Fez me perceber que basta uma conversa, um sorriso, ou uma simples pergunta para o dia ter mais sentido. Incrível perceber como é que foi a vida de cada um, e mesmo aqueles que não podiam falar, reagirem ao toque e ao sorriso foi simplesmente avassalador. Senti-me próxima deles, senti-me próxima de Deus, que me assegurava de que aquilo era a minha missão e de que não estava sozinha e que os velhinhos precisavam da nossa companhia.” Para além do tempo passado com a comunidade mais velha de Alvaiázere, houve também um grande espírito de criança e de felicidade que se revelou nos rostos de cada missionário quando regressavam diariamente de um longo, alegre dia passado na Escola Básica e Secundária Dr. Manuel Ribeiro Ferreira. “Participar na missão pais em Alvaiázere, especialmente na escola local, foi uma experiência profundamente marcante e transformadora para mim. A interação com a comunidade escolar foi particularmente enriquecedora, permitindo-me criar laços inesquecíveis com pessoas extraordinárias que partilharam comigo não só conhecimentos, mas também momentos de verdadeira conexão humana e espiritual. Nas várias conversas que tive ao longo da semana com alunos, professores, e funcionários da escola tive a oportunidade de ouvir histórias de vida, sonhos para o futuro, e pensamentos que inquietam. Para mim, a Missão significou brincar, ouvir, conversar e, acima de tudo, transmitir que ninguém está sozinho, que todos os pensamentos são valiosos e que todas preocupações devem ser ouvidas. Vi Deus nos momentos em que as crianças corriam em direção a nós a sorrir, vi Deus no que os alunos mais velhos tinham para dizer sobre a sua fé, vi Deus na dedicação e empenho dos professores e funcionários que todos os dias dão o seu melhor” Estas são palavras marcantes que alguns missionários partilharam sobre a sua experiência que viveram ao longo destes anos rodeados por uma parte da comunidade juvenil de Alvaiázere. Ao longo dos anos, uma tradição valiosa permaneceu inalterada: o toque à porta, com o objetivo de mostrar um símbolo de companheirismo e de trazer a presença reconfortante de Jesus às casas mais solitárias. As palavras que se seguem são de uma missionária que vive esta experiência de forma notável. “Por cada casa por onde passávamos eu pensava: "Incrível, esta pessoa que não nos conhece de lado nenhum, abriu as portas da sua casa e recebeu-nos mesmo de coração aberto”. É muito bonito pensar que Deus me chamou a estar ali, com aquelas pessoas, naquela comunidade, Deus chamou-me a servir em Alvaiázere!!  E acho que quando vemos as coisas desta forma tudo muda e parece que há algo que se apodera de nós e damos tudo, a cada pessoa com quem nos cruzamos, é uma alegria que acho que só acontece em missão e em Jesus. Levar Jesus às pessoas através da alegria, da escuta, às vezes só era preciso isso: ouvir. E encontrámos pessoas com histórias incríveis de vida e com uma postura e forma de estar na vida que inspiram.” Falando agora sobre uma atividade com menos presença diária, mas que, no entanto, conseguiu chegar aos corações de toda a comunidade de Alvaiázere e dos missionários através de uma belíssima representação no último dia de cada semana passada em Alvaiázere entre 2022 e 2024. “O teatro é uma comunidade especial. Não andamos tanto à vista, mas é por um motivo maravilhoso. Todos os dias, passamos muitas horas a preparar com a maior das emoções um miminho para os habitantes de Alvaiázere. Nessas horas, em que somos movidos pela vontade de conseguir melhorar o dia daqueles que nos assistem, somos também movidos pela enorme cumplicidade que entre nós emerge. É um caminho de superação, “desinstalação”, entreajuda e muita, muita alegria aquele que percorremos ao longo da semana de Missão, movidos pelo amor de Jesus, que transborda a todas as horas. Não podíamos terminar o projeto mais satisfeitos nem com um maior sentimento de missão cumprida!”. Este foi o testemunho de uma das jovens missionárias que esteve na primeira linha da realização do teatro deste ano final.  Os relatos dos missionários ecoam com emoção e gratidão. Cada palavra ressoa com o eco de vidas transformadas, de corações tocados e de almas fortalecidas. Nas palavras de um deles, "Fui profundamente feliz em Alvaiázere". E, de facto, a felicidade que encontraram ali transcendeu as fronteiras do tempo e do espaço, deixando uma marca indelével nas suas vidas e na da comunidade. Alvaiázere não foi apenas um destino, foi um lar espiritual onde cada missionário encontrou sentido e propósito. O seu legado perdurará para além das três missões, como um testemunho vivo do poder transformador do amor e da fé. Que estas experiências sirvam de inspiração para futuras gerações, recordando-nos da importância de nos entregarmos ao serviço do próximo com generosidade e compaixão. Os missionários do ano de 2022 relatam realmente terem podido presenciar a presença de Deus através dos detalhes de Alvaiázere no seu primeiro ano. “No sol bom de fevereiro que apanhámos, na alegria acompanhada da tranquilidade e silêncio das ruas, nas amizades que foram nascendo entre missionários e entre nós e a comunidade, na boa disposição e curiosidade de toda a gente, que nos ia sempre perguntando que cruzes trazíamos e que T-shirt era aquela que vestíamos, e, principalmente, na atenção carinhosa e acolhimento que recebemos, que verdadeiramente nos deixou a todos com o coração quentinho. Fosse um “bom dia” sorridente, uma porta de casa que nos era aberta, uma refeição oferecida, ou uma conversa que se prolongava, a hospitalidade estava sempre presente, fomos mesmo recebidos de braços abertos. Em apenas uma semana, a viver uma rotina completamente oposta à que todos levávamos em Lisboa, com aulas e exames, Alvaiázere soube-nos a casa. E foi esse sentimento tão bom que nos fez regressar mais duas vezes.” Por último, aqui se seguem umas palavras finais dos jovens universitários que se despedem de Alvaiázere ao fim de 3 anos consecutivos com especial agradecimento à Câmara Municipal que tão bem os acolheu. “Toda esta hospitalidade e alegria sentida nesta comunidade, só foi possível também graças à máxima e incansável disponibilidade vinda da Câmara Municipal, mencionando em especial o Rodrigo Joaquim através da ponte feita entre os missionários e a Câmara. Nunca nos disseram que não em nada, procurando sempre disponibilizar e oferecer tudo o quanto possível, seja em relação a transportes, estadia, material, refeições! Sem a Câmara, a Missão País da Nova IMS não teria acontecido e não teria tido o notório impacto que teve. Por tudo isto, um obrigado nunca vai chegar para agradecer em relação a todo o carinho sentido pela Missão País. Portanto a Missão País só deseja prosperidade à Câmara Municipal de Alvaiázere e a maior das felicidades a todos os funcionários desta instituição.” Agora uma mensagem mais direcionada a toda a comunidade de Alvaiázere: “É com imensa gratidão e emoção que nos dirigimos a vocês neste momento. Ao longo de três anos, tivemos a sorte de ser acolhidos pelas vossas ruas, casas e, acima de tudo, pelos vossos corações generosos. É difícil expressar em palavras o quão gratos nos sentimos pela receção que nos proporcionaram. Desde o primeiro dia em que chegamos, fomos envolvidos por uma onda de amor e bondade que ultrapassa qualquer barreira. Vocês receberam-nos não apenas como visitantes, mas como membros de uma família. Em cada instituição, em cada escola, em cada lar, encontrámos não só abrigo, mas também um sentimento de pertença. As vossas histórias, e a vossa fé enriqueceram-nos de maneiras que jamais poderíamos ter imaginado. À medida que partimos de Alvaiázere, levamos connosco não só memórias que permaneceram para sempre, mas também lições de amor, serviço e solidariedade. Um grande obrigado por estes 3 anos marcantes na vida de cada um de nós  que por Alvaiázere passou. Continuaremos a rezar por toda a comunidade e a ansiar o nosso regresso. Até sempre!”

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