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textos (391)

  • Rendez-vous

    Por vezes sou mais calada e não falo muito. Não digo muito. Mas tenho muito para te dizer, Amor. Hei de escrever sobre tudo, Amor. Ouvir o que tens sentido e transformá-lo em texto, Que a minha ternura nunca teve pretexto. O coração não dorme nem come, não vai às análises, o coração não gosta que lhe espetem agulhas e lhe tirem o sangue. O coração não gosta de ser dissecado, porque tem medo de laivos de vulnerabilidade. O coração esconde-se de eletrocardiogramas, porque sabe que a medicina moderna não o compreenderia. O meu coração apanha o comboio em hora de ponta, senta-se na paragem do autocarro e espera que o venham buscar. O coração encosta-se ao mar e dá-te beijos enquanto olha para ele, Amor. O coração faz malabarismos, faz o pino e o mortal para te ter, Amor. O coração poderia ganhar o salto em altura mas cair desastradamente depois de te ver. O coração vive embebido numa ressaca emocional em função constante, vive em café, paracetamol e cigarros, de vez em quando sofre uma descarga elétrica que o põe a trabalhar.  O coração encosta-se agora às entrelinhas do que escrevo e respira, com medo de que o abandones, Amor. Hoje em dia tudo é sobre ti, Amor. E quando não é, é sobre a tua ausência. Todos escrevem sobre todos os sentimentos do mundo, para que todos se possam identificar com as palavras.  Deixemos o coração descansar, Amor. Deixemo-lo ser apático e vagaroso sem se tornar errático. Deixemo-lo num interstício, que eu hei de voltar para o ir buscar.  O coração vira rendez-vous da saudade. Divide e multiplica a sua substância, expande, contrai, parou, acabou. Não sei se depois de morrer ainda cá volto, por isso deixa-me amar enquanto posso.  Deixa-me amar(-te), Amor, enquanto posso.

  • A poesia é toda igual

    A poesia é toda igual Até quem diz não pensar Pensa em tal A poesia é toda igual Até se for peça fulcral E fizer o poeta voar Se for obra de jogral Ou tiver rima brutal Sobre as árvores do quintal Ou sobre o amor que quero cantar Mesmo tendo lição de moral A poesia é toda igual Sendo ela toda igual Que adianta rimar? É quase um ritual: Desenvolver o lobo frontal Talvez aumentar o capital  Escrever algo para impressionar Brincar com a flexão verbal Ou venerar o que é sacral Seja uma obra humoral Uma epopeia narrar Pelo artista no hospital Ou pelo rico ilegal Temos que, afinal Não importa como acabar Na morte, toda ela é sepulcral A poesia é toda igual

  • Sobre as Presidenciais

    A melhor maneira de descrever o entusiasmo e o apoio que suscitam o Doutor Seguro, é comparando-os a um vampiro: anda, fala, até grita, pula e corre. Mas se lhe apertamos o pulso, não há batimento; se lhe abrimos a veia, não escorre pinga de sangue. Em janeiro, lá temos mais umas eleiçõezinhas. Que maçada. Ainda por cima, para o mais estranho de todos os cargos: a Presidência da República. Digo já: por mim, nem existia. A Chefia do Estado é da pertença exclusiva da Sereníssima Casa de Bragança, por herança histórica e direito divino. Infelizmente, há 115 anos, uma minoria jacobina achou que não era assim, que Portugal devia ser República, e impôs a dita cuja à força. O Estado Novo persistiu no erro. E quando chegou o regime dito “democrático”, o erro ganhou um manto de legalidade sacrossanta, incrustando-se entre os limites materiais de revisão do absurdo 288.º do folhetim constitucional. E assim vivemos neste paradoxo: o povo pode dizer quem quer para Presidente; só não pode é querer o Rei! Desgraçada lógica a dos constituintes… E por falar em desgraças, já viram os candidatos? Já vão em nove (!), todos diferentes, mas todos caducos. Façamos um sumário das peças, para realçar o horror.  Comecemos pelos candidatos da extrema-esquerda, a Dra. Catarina Martins, o Doutor António Filipe e o Doutor Jorge Pinto. Sendo pessoas diferentes, desempenham o mesmo papel: representar um setor (temporariamente) moribundo da política portuguesa. É duro. Não lhes nego coragem. Mas deles não vai rezar a história: vão defender as barbaridades do costume; os da caravana vão ouvir e seguir caminho. Sem espigas.  A seguir temos o Dr. Cotrim Figueiredo. Só vai a jogo porque sabe que vai perder. É um segredo mal-escondido que se houvesse uma sombra de hipótese de vencer, de ter de deixar a confortável vida de eurodeputado, com conta bem recheada e estadia em Bruxelas, nunca se meteria nesta alhada, nem mesmo por amor à camisola. Ou melhor, muito menos por amor à camisola!  Por falar em candidatos que não querem ganhar, ei-lo: o Doutor André Ventura, man of the hour ! Aliás, não é que o Doutor Ventura não quer ganhar: ele reza todos os dias, ajoelhado no genuflexório do quarto, para levar uma abada na segunda volta! É que nem é pelo que podia acontecer ao país, que isso é-lhe indiferente – afinal de contas, ele é o político que em matéria de economia e finanças públicas defende, pela direita, todos os sonhos inconfessáveis da esquerda mais desvairada! -; é mesmo pelo que ia acontecer ao Chega. É que se o Doutor Ventura sai da liderança, o partido tem um grande sarilho. E se o Chega tem um grande sarilho, tremo de imaginar em que sitio os revoltados com os rotativos iriam depositar o seu furibundo voto “de protesto”.  Depois temos o Doutor António José Seguro. A melhor maneira de descrever o entusiasmo e o apoio que suscitam o Doutor Seguro, é comparando-os a um vampiro: anda, fala, até grita, pula e corre. Mas se lhe apertamos o pulso, não há batimento; se lhe abrimos a veia, não escorre pinga de sangue. Há uns dias um comentador disse que os políticos decentes das democracias avançadas são mesmo assim, mortiços. A tese é boa, até porque, como é sabido, a Sra. Thatcher e o Sr. Churchill estiveram ao leme de uma nação do terceiro-mundo, em regime de transição…  Por falar em leme, também temos na corrida o Sr. Almirante Gouveia e Melo. O seu capital político teve origem num facto absolutamente singular na política portuguesa dos últimos trinta anos: foi competente. Fez bem o seu trabalho. Por tão pouco, viu-se logo nele alguém desejável para a chefia do Estado. Se isto não diz tudo sobre a moderna política portuguesa, não sei o que mais dirá. O que sei é que com um capital político tão exíguo, não é de surpreender que as cada vez mais frequentes aparições façam deslizar o Sr. Almirante nas sondagens: de um ideal de ordem passou a ser apenas “mais um”.  Por fim, temos o Dr. Marques Mendes. É o candidato que se ajusta ao Sr. Primeiro-Ministro. Como ele, farta-se de dizer platitudes. Também como ele, está sempre na posição de mudar de posição, conforme as conveniências. É o candidato da vacuidade política absoluta, muito ao gosto do PSD. Assim, não vale a pena alongar-me; deixo apenas uma pergunta: depois da ascensão de Ventura e da presidência de Marcelo, os portugueses vão mesmo dar poder a mais uma criatura da televisão e do comentariado? Como se vê, a safra de 2026 é francamente má. Mas condiz - com os tempos, com a elite, com o regime, e com o povo. Sim, com o povo. Nunca se esqueça que vivemos em democracia, e em democracia, o povo tem aquilo que merece.

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redatores (9)

  • Rubricas | Jur.nal

    Escrita Livre Aqui não há mapas nem regras fixas. As palavras aparecem como querem, seguem o ritmo do pensamento, do impulso ou do dia. É um território onde és convidade a experimentar, e onde a liberdade é a única exigência. Já dizia Fernando Pessoa, Eu não escrevo em português. Escrevo eu mesmo. Read More Poesia Há composições que não caminham linearmente, ganhando asas e flutuando no universo sem fim. A poesia nasce entre poeiras nesse cosmos, onde as palavras respiram, tropeçam e se abraçam. É onde o silêncio também escreve, onde uma frase miúda contém todo um mundo, e onde cada verso é um convite para olhar mais devagar. Read More Apreciação Crítica Muita atenção! Nesta rubrica observa-se tudo com a devida cautela, escuta-se o que está nas entrelinhas e tenta-se compreender o que está por dizer. Sejam bem-vindos ao encontro entre quem cria e quem interpreta. Read More Texto de Opinião Eis um espaço onde as ideias ganham voz própria; onde se pensa em voz alta e se questiona o que parece certo e dar forma ao que se sente. Cada texto é um ponto de vista lançado ao mundo, aberto ao diálogo, à discordância e à reflexão que continua mesmo depois da última linha. Efetivamente, a doutrina diverge… Read More Carta Aberta Algures entre o desabafo e o manifesto estas cartas aparecem. Não pedem licença, não batem à porta. No "Carta Aberta" encontrarás cartas largadas à comunidade estudantil, como quem cola um aviso na parede, para quem quiser ler ou para quem precisar de ouvir. Read More Lembro-me que... Era uma vez um lugar chamado "Lembro-me que..." , onde as memórias não precisavam de ser iguais para serem verdade. Um mesmo momento podia ser lembrado de mil formas diferentes, guardado em detalhes pequenos, em sensações, em coisas que só quem lá esteve consegue explicar. Aqui, cada versão acrescenta um novo capítulo à história, como um conto que se vai desenrolando aos poucos, e que só se descobre lendo até ao fim. Read More Melopeias A ideia é escolher um álbum e reinventá-lo – produzir uma “melopeia” por cada track - escrevemos uma frase/um parágrafo inspirado na música, no seu significado em geral ou num verso que nos levou a uma sequência de pensamentos.Incentivamos ao enlace de mãos entre vários tipos de arte, ao fim ao cabo, somos apaixonados por muita coisa, com diferentes formas e feitios. Sabemos, também, que a música, por ser quase (ou ser mesmo) poesia cantada, adora grudar-se à escrita. Read More Entrevistas Não se procuram meramente perguntas e respostas; procura-se perceber, sentir e descobrir. Aqui as vozes revelam-se e as histórias pequenas ou grandes encontram lugar para respirar, cada entrevista sendo um mapa de curiosidades e um convite para olhar o mundo pelos olhos de quem o vive. Read More Sem Direito Com a intenção de criar uma ponte transparente entre os estudantes, docentes e não docentes da NOVA SOL, a antiga coordenação de entrevistas composta pela Maria Leonor Baptista e pela Maria Castro Ribeiro deram luz a esta rubrica (inspirada no estilo do Guilherme Geirinhas), que te transporta, entre ironias, até aos mais ínfimos segredos e contos dos entrevistados - sem inibições, tabus, ou direito. Read More Trocado por Miúdos O Trocado por Miúdos é uma ode à brevidade. O reconhecimento de que, por vezes, dizer pouco é dizer o suficiente, e que algumas escassas palavras podem percorrer em nós um longo caminho. Criada pela Maria Leonor Simão, esta é a rubrica para todas as linhas rascunhadas nas notas do telemóvel ou num caderno, deixadas ao esquecimento. O espaço para todas as frases que se ouvem de raspão na rua e que ficam connosco. A casa para toda a expressão literária que, não exigindo um romance, ainda assim merece ser lida. Tudo é bem-vindo! Read More Dicionário Antes de serem som, as palavras foram desenho; traços gravados para fixar o mundo; símbolos inventados para dar forma ao invisível. Neste nosso dicionário idiossincrático, regressamos a essa origem: cada palavra é um sinal aberto, reinterpretado por quem o lê e por quem o escreve. Aqui, desenhar é definir; definir é redesenhar; definir é imaginar. Read More

  • Jur.nal | Uma voz pela cultura

    O Jur.nal é um núcleo de estudantes autónomo da NOVA School of Law, investido na missão de valorizar e dignificar tudo aquilo que nos valoriza e nos dignifica a nós enquanto humanos: a cultura, a arte, a literatura e a poesia. A R T. 7 3 .º / 1 Constituição da República Portuguesa Todos têm direito à educação e à cultura. Dizem os passarinhos... Aqui estão as novidades que voam por aí Chegou-nos aos ouvidos que as palavras andam a concurso. Textos circulam pelos corredores, à espera de olhos atentos. Aqui, a última palavra pertence aos leitores. Lê e escolhe. Estes acabaram de sair do forno... Rendez-vous Anónimo Dec 4 2 min read A poesia é toda igual Geraldo sem Pavor Dec 3 1 min read Sobre as Presidenciais Rafael Santos Dec 2 3 min read Guia turístico de Olivença: 10 coisas para ver em Olivença Sísifo Martins Nov 27 1 min read ... Sobre nós Ora, vejamos, reza a lenda que no Jur.nal nunca foi avistado um único jurista e dos que entravam pelas portas jur.nalescas a dentro (até gritando em alto e bom som “abre-te sésamo”) nunca mais se ouviu falar deles. Aqui não há juristas. Banimos os juristas do Jur.nal. Ler mais... Rubricas Lembro-me que... Era uma vez um lugar chamado "Lembro-me que..." , onde as memórias não precisavam de ser iguais para serem verdade. Um mesmo momento podia ser lembrado de mil formas diferentes, guardado em detalhes pequenos, em sensações, em coisas que só quem lá esteve consegue explicar. Aqui, cada versão acrescenta um novo capítulo à história, como um conto que se vai desenrolando aos poucos, e que só se descobre lendo até ao fim. Espreita aqui... Carta Aberta Algures entre o desabafo e o manifesto estas cartas aparecem. Não pedem licença não batem à porta. No "Carta Aberta" encontrarás cartas largadas à comunidade estudantil, como quem cola um aviso na parede, para quem quiser ler ou para quem precisar de ouvir. Espreita aqui... Melopeia A ideia é escolher um álbum e reinventá-lo – produzir uma “melopeia” por cada track - escrevemos uma frase/um parágrafo inspirado na música, no seu significado em geral ou num verso que nos levou a uma sequência de pensamentos. Incentivamos ao enlace de mãos entre vários tipos de arte, ao fim ao cabo, somos apaixonados por muita coisa, com diferentes formas e feitios. Sabemos, também, que a música, por ser quase (ou ser mesmo) poesia cantada, adora grudar-se à escrita. Espreita aqui...

  • Ficha Técnica | Jur.nal

    Ficha Técnica Redat ores Do 1º Ano: Beatriz Caeiro; Camila Torre; Gonçalo Jesuíno; Inês Silva; Laura Cristóvão; Mariana Carrilho; Maria Lúcia Guterres; Matilde Valério; Rodrigo Neto; Tiago Silva; Tomás Peralta; Vicente Inácio; Yasmin Andrade. Do 2 º Ano: Caetana Santos; Leonor Duarte; Maria Bárbara Timóteo; Mariana Inácio; Mariana Loução; Matilde Almeida; Nuno Gonçalves; Sónia Paulo. Do 3º Ano: Carolina Cardoso; Carolina Maia; Catarina Rodrigues; Constança Ferreira; Daniela Jesus; Eva Gonçalves; Isadora Elias; Ísis Martins; João Coelho; Lara Cândido; Mafalda Aguiar; Mafalda Carrôlo: Margarida Saramago; Maria Botelho; Mariana Cruz; Matilde Proença; Raquel Nunes; Sara Schurmann; Simão Lucas; Tiago Carretas; Tiago Mancha. Do 4º Ano: Beatriz Diogo; Beatriz Franca; Beatriz Rodrigues; Francisco D'Orey; Francisco Jesus; Inês Cataluna; Joana Moreira; Maria Leonor Baptista; Letícia Mendonça; Maria Ribeiro; Nuno Ferreira; Pilar Passos; Raquel Barros; Riccardo Noronha; Simão Costa; Sofia Silvério; Taavi Medeiros. Coordenadores Maria Lazutina, Co-coordenadora das Artes Plásticas; Maria Leonor Lopes, Coordenadora da Edição Física; Maria Castro Ribeiro, Co-coordenadora das Entrevistas; Maria Leonor Baptista, Co-coordenadora das Entre vistas; Tiago Sousa, Co-coordenador de Jornalismo; Sofia Neves, Co-coordenadora de Jornalismo; Maria Bárbara Timóteo, Coordenadora de Comunicação Direção Beatriz Rodrigues, Diretora; Lara Cândido, Diretora-Adjunta; Margarida Saramago, Diretora-Adjunta; Matilde Proença, Diretora-Adjunta.

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