Entrevista à Comissão Académica 2025/2026
- Jurpontonal Nova Law Lisboa
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Nesta entrevista, a nossa diretora-adjunta Lara Cândido embarca numa conversa com o Dux, Riccardo Noronha, e a Presidente da Comissão Académica, Rita Castro, sobre o que os levou aqui, e sobre onde levarão a praxe neste próximo ano.
Lara: Esta nova comissão vai integrar novos elementos, mas também é composta por alguns membros da comissão anterior, como vocês [Rita Castro e Riccardo Noronha]. O que é que vos leva a querer continuar a estar na Comissão?
Rita: Eu quando era caloira tinha um interesse algo forte em estar na Comissão. Isso proporcionou-se no ano passado, fui vogal de 2º ano. Claro que são posições completamente diferentes, sendo eu agora presidente, mas eu sinto que a Comissão acaba por ser a maneira, para mim, que mais me agarra no servir para a praxe. A praxe na nossa faculdade, na minha opinião, é bastante boa e super positiva, e acho que não levanta grandes questões problemáticas. Eu gostei tanto de trabalhar [na Comissão] o ano passado que quis continuar e de facto só me via a continuar na Comissão e foi um bocadinho por aí.
Riccardo: Eu tecnicamente nem da Comissão faço parte, mas considerando o agradecimento pela reincidência [enquanto membro da Comissão], se é que podemos chamar assim a esta coisa. Eu comecei o ano passado mais pela vontade de articular uma coisa diferente. No ano passado a nossa candidatura surgiu numa tentativa de fazer diferente, de melhorar coisas que não estavam a correr assim tão bem e talvez também tentar introduzir algumas propostas no mérito. Se calhar, até fazendo um balanço, até nem acabou por não acontecer mesmo da maneira que nós queríamos, mas parece que foi um passo em frente e este ano parece que se vai melhorar mais ou se vai tentar melhorar mais do que se tentou melhorar o ano passado. Eu, pronto, admito que a princípio estava um bocado reticente, até por questões minhas pessoais, mas estenderam-me um convite para um projeto inovador e eu aceitei naturalmente. Eu e a Rita esquecemo-nos, mas claro, não somos os únicos repetentes, da Comissão do ano passado estará também na deste ano a Joana Silva.
Lara: Riccardo, tal como aferem os requisitos para se ser Dux, tu tens quatro matrículas, o que faz com que já tenhas testemunhado várias comissões e desempenhado várias funções na comunidade praxista. Das diferentes facetas que vivenciaste na praxe, houve alguma que te tenha marcado mais?
Riccardo: Eu sendo muito sincero, e como tu disseste eu já vi mais ou menos tudo, já desempenhei as funções todas: fui caloiro, fui doutor, fiz parte da Comissão e agora espera-me o cargo de Dux. Mas sabes, eu acho que cada coisa marca por motivos diferentes. Não sei se te consigo quantificar ou qualificar a marca de melhor para pior ou mesmo indicar uma coisa que me marcou mais, porque são realidades diferentes. Nós vamos vivendo sempre o presente, não é? E quando vivemos o presente, a única relação que nós temos é o passado. E para fazermos um juízo mais articulado, temos sempre de remeter para julgar depois aquilo que fizemos durante ou antes. Por isso, não sei se te conseguia indicar, mas sei que gostei muito de ser caloiro. É muito divertido, conheci muita gente, abri-me… Eu era um miúdo não tão desenvolto como passei a ser durante e depois do 1º ano da faculdade e também enquanto tive nas Atividades [Académicas] e fui caloiro e gostei muito. É uma coisa assim um bocado diferente e que nos força a explorarmos várias outras facetas que se calhar nós enquanto estávamos em casa não o fazíamos.
Lara: Ainda para ti, a tua carta de candidatura fala sobre praxe e sobre a tradição enquanto uma “escada de pedra centenária” e mesmo há bocado também falaste sobre o porquê de continuares na Comissão e sobre no ano passado teres a proposta de algo inovador, e a pergunta é: pensaste no degrau que queres construir encarregado enquanto Magnânimo Dux?
Riccardo: Se por ano fizermos um degrau, quero que eles sejam postos sobretudo na onda de as pessoas olharem para o próprio semelhante, com dignidade, com respeito. E especialmente quando fazermos parte de uma comunidade, que no nosso caso é particularmente pequena – o que traz consigo muitas vantagens: conhecemo-nos todos, somos todos relaxados uns com os outros, porque acabamos por ter uma convivência diária com quase todos – mas, parece-me que acaba por também por haver algumas desvantagens que nós devemos tentar mitigar. Porque num sítio onde conhecemos todos, acabamos por poder ficar um bocado maçados: a verdade é que vemos sempre as mesmas pessoas, muitas vezes vemos as mesmas pessoas da mesma maneira, nas mesmas circunstâncias, e às vezes isso parece que não estamos prontos, como é característico dos dias de hoje, a reconhecer os nossos colegas sempre de uma maneira digna. Sem querer parecer drástico, porque dizer “digno” pode parecer algo excessivo. Mas eu gostava que se mantivesse um certo grau de cordialidade, a trocar ideias, a reconhecermos os nossos pontos de vista. Uma coisa mais pacífica e mais de reconhecimento da diferença, que eu acho que é uma coisa muito importante. E a praxe mostra que é possível fazermos isso todos juntos.
Lara: Agora, Rita, enquanto Excelentíssima Presidente de terceiro ano, como te sentes por chegares aqui e o que pretendes transmitir?
Rita: Sendo perfeitamente honesta, ser Presidente da Comissão, especialmente estando no 3º ano como disseste, não era de todo um plano que eu tivesse quando assumi o cargo de vogal 2.º ano o ano passado, mas é um cargo que eu levo muito a sério, porque a Comissão, quer querendo ou não, durante a primeira semana de praxe está encarregue de oferecer aos caloiros o melhor que nós temos. De impressionar o máximo que eles fiquem o resto do ano. Mas, para mim a nível pessoal é um cargo que me traz bastante gratificação, porque eu sempre amei a praxe, sempre amei esta praxe especialmente, e o que eu quero transmitir aos caloiros é este sentido de comunidade. Ainda por cima, nós temos na nossa faculdade, e na nossa praxe, uma coisa muito característica que são os grupos [de praxe] que são todos unidos e são muito característicos entre eles, muito diferentes entre eles e é isso, basicamente, oferecer e mostrar aos caloiros o nosso melhor e espero que seja isso que eu e a nossa Comissão consigamos transmitir.
Lara: Passando a perguntas mais gerais, quais são as vossas visões desta nova Comissão, e se haverá alguma continuidade com a Comissão anterior, e, caso haja [continuidade], haverá algo que nesta nova Comissão pensem em mudar ou inovar?
Rita: Eu acho que o tema da continuidade acaba por ser, pronto, como tinhas dito, nós temos pessoas que estiveram na Comissão anterior - eu, o Riccardo e a Joana - e basicamente, o nosso objetivo é mesmo trazer o melhor de todas as comissões que nós já experienciámos todos enquanto caloiros e doutores. Claro que temos a Comissão do ano passado que acaba por ser um exemplo maior, visto que nós a integrámos. No entanto, também sabemos reconhecer as partes boas, as partes menos boas e também as partes boas e menos boas das outras comissões anteriores. E o nosso objetivo é mesmo ir buscar aquilo que gostámos mais, ou aquilo que fez sentido na organização de todas, e trazer para a nossa para conseguirmos fazer todos o melhor trabalho possível.
Sobre coisas inovadoras, o que nós já implementámos, por exemplo, foi meter os vice-líderes no grupo de líderes da praxe, por acharmos, em primeiro lugar, que em eventualidades em que o líder não está presente, acaba por haver uma melhor comunicação, porque para nós usamos o mesmo canal e não há essa questão de faltas de comunicação, como se calhar houve no ano passado - coisas que acontecem, é natural -, e em segundo lugar também porque, lá está, o vice-líder também é eleito pelos seus pares e por isso acho que também merece “aquele degrau” de proximidade com a Comissão. Esta medida já está implementada.
Outra medida que metemos no nosso plano, que não foi feito no ano passado, e que queríamos fazer este ano é fazer um documento ou uma pasta digital com as memórias da primeira semana e ao longo do ano para que possa ficar guardado não só entre nós [comunidade académica] mas também com os próximos anos que vierem, porque acho que é sempre giro ter essa cápsula temporal para olhar para trás e ver. Portanto, em termos de medidas inovadoras temos isto.
À medida que o ano vai acontecendo, nós se calhar iremos depararmo-nos com problemas que possam ter acontecido ou não nos anos anteriores, ou novos problemas, e vamos ter outras medidas para lidar com eles.
Riccardo: A Rita falou do que vai mudar, e eu quero dizer o que é que ficou mesmo: é a postura de compromisso e a postura de coadjuvação e de amizade que nós sentimos. E também quero dizer que todos os membros, embora só haja três em doze que estejam a afigurar pela segunda ou mais vez ou vezes na Comissão, todos estão aptos para desempenhar as suas funções e tenho a certeza de que o vão fazer da melhor maneira, porque são pessoas respeitosas, idóneas e que têm o mesmo espírito que nós sempre tivemos - de entreajuda, compromisso e liderança ativa.
Rita: Exatamente, e só para acrescentar também nesse seguimento, nós também temos, por exemplo, alguns líderes dos grupos do ano passado integrados na Comissão, portanto também não vamos perder a perspetiva de representar sempre o melhor pelos grupos e pelos doutores no geral.
Lara: Isso é bastante positivo… Agora, e por falar em inovação, vocês já tiveram alguma ideia nova para as atividades académicas e eventos?
Rita: Sendo perfeitamente honesta, estamos muito preocupados com a primeira semana de praxe, e lá está, em fazer o nosso melhor e impressionar todos os caloiros para que eles possam continuar. Não consigo dizer algo que nós tenhamos pensado para além disso, mas é basicamente manter bom trabalho e, entretanto, se nos surgirem novas ideias, ou se calhar novas maneiras de fazer certas praxes que já estão implementadas… é esperar e ver. Mas estou bastante positiva e bastante contente e esperançosa com as nossas cabeças para trabalhar [risos].
Riccardo: Mas uma coisa que foi feita o ano passado e que deu resultado e que acho que a malta gostou, embora não tenha sido implementada da forma que nós pretendemos, foi a atividade com a NOVA SBE. Isso foi uma coisa um pouco diferente, porque eu também honestamente não me lembro de alguma atividade assim - se fizeram alguma atividade do género, foi antes de eu entrar -, e acho que deu resultado. Os caloiros aproveitaram, e nós doutores também aproveitámos para conhecer pessoas novas; para ver como é que se faz a praxe nos outros sítios, e parece-me uma coisa bastante positiva e que nós também devemos tentar replicar. Se não com a NOVA SBE, com outra faculdade. Acho que foi mesmo uma coisa positiva, porque é uma troca um bocado diferente, e fez bem a todos, eu acho.
Lara: Vou-vos fazer uma pergunta meramente hipotética: se vocês tivessem orçamento ilimitado para organizar uma atividade académica, o que é que fariam?
Rita: [risos] Essa é uma excelente questão. Orçamento ilimitado… o que é nós fazíamos?... Não sei, é assim, claro que não estamos aqui todos para ter uma reunião e decidir uma atividade, mas, se tivéssemos orçamento ilimitado, eu honestamente fazia um fim de semana do caloiro espetacular, num sítio qualquer, fora do país - ou até uma semana, não sei -, pela Europa talvez... [risos]. Foi o primeiro pensamento que me veio à cabeça.
Riccardo: A Rita diz que não gostou do fim de semana do caloiro em Pombal com o Óscar… [risos]
Rita: Levávamos o Óscar, pagávamos a viagem ao Óscar para nos fazer a comida [risos].
Riccardo: Olhem, eu não faço a mínima ideia. Até porque orçamento ilimitado é uma coisa que nunca vai haver, e nos dias de hoje ainda menos, mas se houvesse orçamento ilimitado pá, eu faria - tradições à parte - um dia do traçar da capa com orçamento ilimitado: fora da faculdade, ou dentro da faculdade, tudo junto, que se lixe - agora, homens, perdoem-me -, mas fazia uma coisa assim mais composta, sem depender da boa vontade das pessoas que se envolvem todos os anos - e que é muito valorizada, atenção. Tradições e dinheiro à parte, vamos fazer um parênteses na tua pergunta [risos].
Lara: Ok [risos]. Ainda que hajam preceitos e regras fundidos na praxe, de modo a enfatizar uma melhor experiência académica, sabemos que em todos os anos existem incumprimentos de regras, como faltas de respeito - quer seja perante à comissão, aos outros doutores, aos caloiros, ao código do traje… De que forma é que vocês se vão posicionar, caso este tipo de atitudes exista?
Rita: Primeiro que tudo, acho que é positivo e mostra logo outra ideia de “autoridade”, no seu sentido menos restritivo; mostra uma autoridade mais assente se nós todos estivermos no mesmo pé relativamente ao nosso posicionamento sobre essas faltas de respeito - sobre essas infrações ao código da praxe, código do traje, etcetera. Portanto, uma boa comunicação entre toda a comissão é logo o primeiro passo, na minha opinião. Por isso, nós já tivemos reuniões em que falámos sobre como é que vamos lidar com isso e o que é que vamos fazer - se acontecer alguma situação, a comissão há de reunir e falar sobre isso, para depois termos um course of action específico para lidar com a situação.
Mas eu digo mesmo que o passo número um é mesmo uma boa comunicação e estarmos todos no mesmo pé, porque eu compreendo que depois possa ser, hum… não é bem injusto, mas por exemplo, imagine-se que eu tenho um método de atuação diferente do que o Riccardo - isso mostra logo uma falta de posição que nós temos de acordo com esse problema que depois poderia levar a algumas injustiças que estariam a nosso cargo.
Portanto, eu acho que é isto, boa comunicação e usar os canais certos, ou seja, pela comissão, pelos líderes e pelos doutores.
Riccardo: Olha, eu vou começar por dizer que esses fenómenos que tu descreves existem, certo, mas são uma coisa mais ou menos marginal, o que é bom; são uma coisa que se verifica, e que embora se tenham verificado algumas vezes, são uma minoria bastante pequena dos acontecimentos. E eu acho que quando nós estamos numa comunidade com regras e que são regras antigas, não são de hoje nem de ontem - nós precisamos de ter um chão comum e esse chão comum está vertido no código. Agora, para nós conseguirmos ser um membro ativo e reconhecido da comunidade, temos de respeitar as regras que estão no código e, o que é que acontece, às vezes, pá, é preciso uma zanga e uma pessoa se irritar.
As medidas, eu acho que por si só, devia valer a vontade de pertencer à comunidade das pessoas, e acho que por si só devia valer o reconhecimento que as pessoas fazem e têm das regras que existem há bem mais de vinte, trinta, quarenta anos, que existem há não sei quanto tempo. Às vezes isso não chega, infelizmente, e aí nós também - Comissão, Dux e todos os Líderes dos grupos - têm de assumir uma postura que terá de necessariamente de variar consoante as características de cada pessoa, então parece-me que não há assim um único caminho.
A Rita estabeleceu, e disse bem, que nós temos um course of action mais ou menos delineado, mas isto é uma coisa que é maleável e que se vai alterando. Então parece-me que, caso esta coisa toda do respeito e da inclusão e do, vá, “soft power” não resulte, teremos uma série de medidas que, até por coerência, elas próprias estão vertidas no código. Mas as nossas ações individuais, como nós somos a voz da comunidade, somos as pessoas que estão à frente, terão de necessariamente respeitar duas coisas - primeiro, a nossa linha geral que é respeito e cooperação e, segundo, as regras do código.
Lara: Ainda sobre este tópico, algumas pessoas têm vindo a comentar que as comissões anteriores foram um pouco levianas nesta questão das faltas de respeito no ambiente da praxe. Qual é a vossa opinião sobre isso? Sei que vocês já falaram um pouco sobre isto, porque, na verdade, nunca é um caso geral, são sempre casos concretos, e por isso leva a uma maleabilidade na vossa posição. Mas, mesmo assim, têm alguma coisa a comentar em relação a isto?
Rita: Ok, então, primeiramente, é dizer que com cada comissão vêm pessoas diferentes e mentes diferentes, sempre com o mesmo objetivo; ou seja, fazer com que o código seja respeitado, com que os doutores, a praxe, que os nossos valores sejam respeitados, mas há sempre um espaço de discricionariedade, o que é normal porque somos todos pessoas diferentes e acabamos por pensar todos de maneiras diferentes. Portanto, eu acho mesmo que isso é o meu único comentário a fazer. Claro que nós agora sendo Presidente e Dux, nesta Comissão o nosso objetivo é mesmo que estas faltas de respeito não sejam passadas a limpo, ou seja, não sejam varridas para baixo do tapete, vamos tentar lidar com tudo da melhor maneira que nós conseguirmos, tendo sempre também em mente o bem-estar na praxe.
No entanto, na minha opinião, para manter o bem-estar na praxe nunca podemos chegar ao nível em que fechamos os olhos a faltas de respeito, porque, no fundo, na minha opinião, o respeito pelo código, pela praxe e, mais uma vez, por todos nós são os alicerces que mantêm a praxe. Porque, tal como o Riccardo estava a dizer, nós todos estamos aqui por queremos e porque queremos respeitar o código, e isso deve ser o motivo número um.
Claro que existem sempre situações em que as pessoas cometem uma certa infração que nem sequer têm noção que estão a cometer, ficando a nosso encargo avisar a pessoa; depois essa pessoa é que “escolhe” como lidar com a situação e nós, por nossa vez, estamos no direito de responder a essa posição da maneira que entendermos, sempre com bom senso e respeito em mente.
Riccardo: Eu vou só acrescentar uma coisa. Esta é a minha opinião pessoal - qualquer atuação desrespeitosa que impeça os caloiros de ter a experiência que merecem, não vai ser tolerada de modo algum. O objetivo todo é nós incluirmos os caloiros e juntá-los a esta comunidade que já temos construída há dez, onze, doze anos, por aí. E uma coisa assim de intransigência é só essa, é esse tipo de atitudes que prejudicam a fruição dos caloiros dos momentos que nós queremos, com eles e com a comunidade, construir. De resto, como a Rita disse, impera o bom senso e embora para mim, a vontade de fazer parte da comunidade e de nos respeitarmos uns aos outros devesse bastar, a avaliação será necessariamente mais casuística, mais de juízo concreto do que “linhas vermelhas” em abstrato.
Lara: Agora noutra linha, é notável que o papel da comissão ao organizar e materializar os planos para a praxe é complexo - seja pelas logísticas envolvidas, pelos imprevistos que acontecem, pelas avaliações que se intercalam… Nesse sentido, quais são os maiores desafios que sentem na gestão de uma comissão com tanta responsabilidade simbólica e prática?
Rita: Logisticamente, organização do tempo, não é… [risos] Deus sabe que já aconteceu aquelas praxes que às vezes se atrasam - é normal e está tudo bem. Mas pronto, logisticamente, respondendo de uma maneira mais pragmática, é mesmo a parte de organização do tempo. Agora, de um ponto de vista assim mais simbólico, é claro que uma grande responsabilidade e é sempre um ponto a tocar na mente da Comissão é a parte de a Comissão fazer com que as praxes tenham uma boa vibe, que estejamos todos bem e confortáveis, nada que meta os caloiros obviamente constrangidos a um certo nível, não é… no fundo não nos podemos esquecer que é a praxe, mas basicamente são esses os desafios com que me deparo pessoalmente na minha cabeça, é mesmo a gestão de tempo e balancear o stress todo que podemos sentir com a ideia de que isto é para os caloiros.
Riccardo: Concordo, tenho a dizer que concordo com a Rita na primeira e na última parte. O desafio logístico, especialmente quando se tem pessoas novas que não estão habituadas a esta face da moeda, fica um bocado difícil, mesmo na própria organização. Naturalmente quem já esteve, sabe quais é que são alguns elementos, mesmo no planeamento ou de execução das atividades a que tem de ser dada prioridade, e outros [elementos] que não, e às vezes corre-se muito o risco, mesmo nas próprias reuniões ou antes de a atividade começar, ou até durante, de haver situações em que devíamos gastar 2 segundos e gastamos 20 minutos… mas isso é uma coisa que nós, claro, temos membros novos e estamos a tentar mitigar isso - nós, os repetentes [risos]. E a questão da centralidade do interesse dos caloiros também provoca algumas tensões entre nós, às vezes.
E outro aspeto que eu queria referir é que é muito difícil estar à frente e serem 12, porque se estás à frente e és um, só há uma voz, mas a voz é o líder, certo? Quando são 12, é muito difícil a coordenação, até porque somos pessoas - graças a deus - que pensam diferente e têm opiniões diferentes e pensam pela própria cabeça, o que é muito bom porque temos muita diversidade de opinião, tivemos muita discussão e muito debate interno nas primeiras reuniões que fizemos… e tem outra face também, porque parece (ou pode deixar a parecer) que é um grupo pouco coeso, até pela diversidade de pensamento e de opinião. E isso é uma coisa que também tem de ser tida em conta. Mas nós claramente estamos a fazer o melhor que podemos para darmos a nossa voz (dos 12) e de todos os restantes doutores.
Lara: Passemos a uma questão hipotética (mas não tanto): se houvesse um caloiro com receio de comparecer na praxe, o que é que vocês lhe diriam?
Rita: Ok, isto é uma boa questão, e no ano passado até lidei com ela. Mas basicamente o que eu diria é que temos pessoas excelentes, de todas as frentes, a trabalhar para ti, caloiro. Ou seja, temos a comissão, temos uns excelentes doutores de grupo, temos uns excelentes líderes, e estão todos aqui pura e simplesmente por ti; para te dar esta oportunidade. E também se calhar diria assim de uma maneira mais off the record, que a nossa praxe é uma praxe relativamente - em comparação com outras praxes - muito tranquila e que é feita mesmo para conhecer pessoas, para ser aberto a outros horizontes… nós obviamente recebemos caloiros de todas as condições, de todos os cantos do país, de tudo… Portanto eu acho que, especialmente a nossa praxe, é uma excelente oportunidade para ficarmo-nos a conhecer a todos, e se calhar sairmos um bocado da casca e avacalhar um bocadinho. E basicamente frisar que os doutores estão cá para ti, caloiro, e que te vais divertir muito.
Riccardo: Eu tenho a dizer que o Riccardo do 1º ano não conseguia ir à esplanada do bar pedir um café. Mas o Riccardo do 1º ano conheceu 90 pessoas no primeiro dia de praxe, e fez os melhores amigos que tem na praxe. E tem os amigos de hoje, da faculdade, todos na praxe, por isso parece-me que é uma boa maneira (especialmente para quem não é de Lisboa), de fazer amigos, de criar um ambiente de convívio tranquilo, pacífico e acolhedor, em que se pode ser ele/ela próprio/a, e desfrutar.
Lara: Há algum comentário final que gostassem de transmitir à nossa comunidade académica?
Rita: Acho que a única coisa que tenho a dizer é para virem e para se divertirem. Estamos todos aqui para um objetivo e um objetivo apenas.
Riccardo: Olha, o meu recado final é uma palavra: venham, apareçam. Ou duas, no caso: apareçam e venham.
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