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A melhor alternativa política

O mapa autárquico mudou este domingo. A vitória do PSD nos cinco maiores concelhos do país, Lisboa, Porto, Sintra, Gaia e Cascais, destacando a capital, foi para a esquerda, sobretudo para Leitão, inesperada.  


Escrever sobre política e poder local é, por mais estranho que pareça, menos linear do que sobre política nacional ou internacional. Neste caso, o meu objetivo não é analisar detalhadamente os resultados autárquicos de todo o país, mas interpretar o resultado especialmente baixo do Partido Socialista em Lisboa. 


Culpo parte deste fracasso ao destaque que a ala bolchevique do PS ganhou nos últimos anos. Com Pedro Nuno Santos, o país ficou a conhecer, ou conhecer melhor, uma nova classe do partido, neste caso a dos políticos profissionais extremistas. O "neto de sapateiro", título que depois se veio a provar como falso e exagerado, entrou na juventude do partido com apenas 14 anos. Porém, não ficou necessariamente mais competente, como veio a provar pelos conhecidos escândalos do "whatsapp" enquanto ministro das infraestruturas. Quando o descrevo como extremista, não o faço com base em campanhas ou em ações, mas sim em convicções, até porque a sua campanha foi sempre baseada num discurso brando para pensionistas, o que lhe garantiu o falhanço histórico de pôr o seu partido em 3º lugar, atrás do Chega. Pedro Nuno é, e sempre foi, um radical. 


 O caso de Alexandra Leitão não é muito diferente. Ao participar numa coligação com o Bloco de Esquerda e o Livre, a antiga líder parlamentar põe-se num lugar estrategicamente errado numas eleições autárquicas, assumindo um papel muito mais à esquerda do que ao centro. Não sei se Leitão também queria ter estado na Flotilha, mas esta coligação assegurou-lhe o resultado miserável que todos vimos. Escolher coligar-se com um partido como o BE, que ao longo dos anos tem diminuído exponencialmente a sua expressão, chegando a ter apenas um assento parlamentar  atualmente, é, no mínimo, ingénuo. Curiosamente, a agora vereadora Alexandra Leitão não se demitiu, mesmo depois de se ter responsabilizado por esta derrota humilhante para o PS. Ficou apenas pela promessa de uma "oposição firme". 


 As palavras de José Luís Carneiro não foram, na minha opinião, especialmente inspiradoras. O atual secretário-geral socialista afirmou no passado domingo que o seu partido é, agora, a melhor alternativa política. Por este andar, não vai passar disso. Um partido com 50 anos de história não passa hoje de uma oposição fraca e ténue ao PSD e ao Chega, como mostraram as últimas legislativas. Pior ainda é a responsabilidade, ou falta dela, dos seus líderes. É, para mim, inconcebível que Leitão não se tenha demitido depois deste resultado. Não sei que oposição pretende fazer como vereadora, mas não vai facilitar as funções do atual Presidente da Câmara, nem que seja por uma questão de orgulho. 


 Agora, os socialistas só podem esperar por um resultado melhor nas eleições presidenciais de janeiro. Talvez com um candidato mais moderado, como António José Seguro, se possam voltar a sentir representados. Até lá, apenas podem relembrar glórias passadas ou esperar pela ressurreição milagrosa de Mário Soares ou Jorge Sampaio. 


 
 
 

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