Falhanço humanitário Global Sumud
- Margarida Fernandes
- Oct 8
- 2 min read
À partida, uma frota, ou como ouvimos incessantemente nos media no último mês, flotilha com fins humanitários teria a missão nobre, meritória e politicamente neutra de levar recursos materiais à população civil da faixa de Gaza, que pouco ou nada tem a ver com a posição do Hamas ( e muito menos de Israel ) sobre a legitimidade de anexação do sítio onde vivem. Contudo, não foi o que se observou. A flotilha Global Sumud, onde se encontravam personalidades da esquerda portuguesa, alegadamente financiada através de angariações individuais e campanhas de organização de fundos, foi mera campanha política no panorama português.
Da esquerda à direita, é unânime afirmar que, atualmente, a política em Portugal se faz, muitas vezes, através de popularidade, frequentemente recorrendo a redes sociais, a programas de televisão populares ou a entrevistas sensacionalistas. Não é coincidência que os partidos com uma aposta mais forte em plataformas tão simples como o TikTok apresentem uma clara vantagem no eleitorado jovem, como se verificou com a ascensão do Chega nas legislativas de 2024.
A flotilha e a sua interpretação por parte de ativistas e atores não escapou à regra, o que levou a que se tornasse num instrumento para aumentar o número de likes e de seguidores que tinham nas redes sociais. É evidente que Sofia Aparício não decidiu em setembro que se devia candidatar a Secretária Geral da ONU, e que Miguel Duarte, embora ativista, não se queira juntar aos médicos sem fronteiras.
Quanto à flotilha, as dezenas de barcos que, entre si, incluíam os navios militares espanhóis sob comando de Sanchez, esta foi claramente tomada por Israel como uma afronta, um desafio. Os membros de Global Summud não chegaram, propriamente, num bote a remos. Vinham rodeados de navios militares de um membro da União Europeia, o que não é, de todo, irrelevante no contexto internacional. Pelo contrário, é determinante a um ponto de levar à sua vigia por parte de drones israelitas, e posteriormente ao aprisionamento temporário de vários membros.
Hoje, afirmo convictamente que a missão da flotilha se perdeu, se é que alguma vez existiu. Será que levaram realmente ajuda humanitária e que a qualidade de vida dos habitantes de Gaza melhorou, ao ponto ínfimo de não passarem fome e sede durante meras horas? Ou terá caído no erro de ser um “ trampolim “ para a projeção do Bloco de Esquerda em posteriores eleições?
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