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Por quanto tempo?

Forçados a servir como meros espectadores pelos nossos governos - quer a nível nacional, quer a internacional -, todos os dias acordamos para ver horrores indescritíveis nas telas dos nossos dispositivos. Nós vemos, eles vivem. Por quanto tempo é que a etiqueta do “anti-terrorismo” servirá para destruir a vida de populações? Por quanto tempo é que o capital servirá de justificação para o extermínio? Por quanto tempo? Por quanto tempo?


Não necessito de dizer ao que me refiro para a plenitude dos que me leem compreender do que falo.


Por mais “inútil”, “irrealista” ou “utópica” que a Flotilha Sumud (Resistência, Perseverança) fosse, serviu de alba, numa esperança de raiar, durante a madrugada escura. A inutilidade tem sempre uma função e tudo vale a pena se a alma não é pequena. De facto, quando o “ativismo de sofá” sai de casa, também as ideias se movem. Se é verdade que dizer slogans e colocar bandeiras no perfil do Twitter é fazer a política de forma passiva, também é verdade que, caso isso produza a mínima manifestação material - quer seja individual, organizacional ou política -, vale a pena. Mas não é tudo. O mesmo se aplica à tentativa de limpeza de consciência que se deu com o reconhecimento da existência do Estado Palestiniano - basta dizer “Sim, vejo que existes e não és resultado da minha imaginação”, ou será que não é tudo?


Não há debate dócil o suficiente para abafar os gritos que ecoam em todo o mundo. Desde a solidariedade dos trabalhadores italianos, a cada poema ou artigo inútil, como este. Ouça-nos um, ouçam-nos todos. Do rio até ao mar.


Talvez um dia sejam vingados. Tenho a certeza, contudo, que esse dia será demasiado tarde. Um parágrafo num livro de História nunca trouxe almas de volta.


 
 
 

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