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- OS TRÊS I'S
Iludem-se constantemente É um mecanismo de defesa Presente incessantemente… Protege dos demónios Físicos e mentais Serão os seus neurónios? Ilusão benigna Ilusão bem-vinda Mantém-nos felizes, Mantém-nos ignorantes A ignorância é o remédio Para uma vida despreocupada, Para uma vida relaxada Muito acessível a uns, pouco a outros Estes sofrem, tanto que se coçam pela informação: A chave para a casa da angústia e da inquietação Antes fosse ignorante Antes fosse despreocupado Antes não quisesse informar-me Sempre sofria menos…
- Mais Olhos Que Bazuca
O nome significa a entrada de muito dinheiro, a maior parte a fundo perdido, da União Europeia. Não gosto da ideia de constituir um grande poder financeiro para vencer a crise, sendo a única solução para colmatar as lacunas do nosso Portugal assoberbado de complicações. O governo português desenhou a bazuca europeia mais virada para o setor estatal, virada para a economia pública. Sinto que o dinheiro da bazuca europeia está centralizado, muito ligado à área de saúde e à administração pública e não tão ligado, infelizmente, à recapitalização das empresas e digitalização que são áreas cada vez mais prioritárias e sobre as quais deverão incidir as reformas estruturais alinhadas às prioridades da União Europeia. O que tende a ser o cenário inverso dos países lá fora. O sucesso dos grandes investimentos infraestruturais pressupõe sempre o conhecimento prévio do nível de maturidade dos projetos, bem como precisar se é ou não viável em termos técnicos, económicos e financeiros, do seu impacto territorial e ambiental, e ainda do seu enquadramento orçamental e respetivo modelo de contratação. É também verdade que estes fundos europeus não são dinheiro que entra garantidamente, é preciso estabilizar objetivos e cumprir um conjunto de requisitos para então conseguir a ajuda pretendida. Por exemplo, creio que é fundamental tornar as infraestruturas robustas e adaptá-las a novas exigências energéticas e climáticas, assim como adaptar as empresas para a transição para uma realidade mais digital (inclusive apostar na automação dos processos), criar benefícios fiscais, reduzir a carga fiscal e arriscar na sustentabilidade e na conexão em infraestruturas públicas e políticas de incentivo, sobretudo, no interior do país. Deve haver este incentivo de forma a captar a poupança externa, atendendo à nossa economia altamente endividada. Portanto, é de extrema importância garantir uma produtividade mais competitiva de Portugal, assim como reduzir os custos de contextos relativos à burocracia e à minha área de formação, a justiça.
- Raízes
Já cantava a Dulce Pontes “Fado, só quando a saudade vem/Arrancar do meu passado/Um grande amor” na sua emblemática música para o Festival Eurovisão da Canção em 1991. E recordo, passados 30 anos, os mesmos com que a minha mãe me trouxe ao mundo, estas palavras que interpreto do seguinte modo: só nos lembramos das nossas origens quanto bate a saudade, quando nos confrontamos com essa falta. E é precisamente em dedicação às terras e terrinhas que a maioria dos lisboetas têm pelo país, sejam elas as suas origens, as dos pais ou avós. Sim, e termina aqui porque a partir da terceira geração, de acordo com o meu pai, já se é considerado “alfacinha de gema”, que, assim sendo, é o que me pode definir a cerca de 50%. “Mas porquê a metade?” – perguntarão, talvez, vocês. E respondo-o da forma mais breve que conseguir e, como todas as boas histórias, começá-la-ei pelo início. Ora, começando pelos mais velhos (que na verdade são quem já cá não está), o meu avô paterno, como bom tripeiro de apelido Leite (que herdou da sua mãe, que por algum motivo quebrou a tradição e deu nome à sua família e ao marido), era do Porto, mas cedo ficou órfão, acabando num orfanato do piorio, pelo que aos 18 se alistou na Sagres, como forma de se lhe escapar e à fome, bem como para conquistar a sua independência, como qualquer jovem de 18 anos desejaria. Através das viagens feitas a tal propósito, acabou por conhecer a minha Avó, alfacinha nascida e criada, se bem que não pelos pais, mas sim por uma criada a quem apelidava carinhosamente de Mãezinha. Desta união nascem o meu pai e o meu tio, em Benfica, mas levados para morar na antiga freguesia do Alto do Pina, agora Areeiro (sim, a estação de metro que nunca mais é arranjada), mas que viveram sempre entre Lisboa e a casa de férias na Lagoa de Albufeira, onde se viriam a refugiar quando souberam com antecedência que no dia 25 de Abril de 1974 iria haver uma revolução e que iriam tentar ocupar, forçosamente, as casas que sem dono se encontrassem. Virando-me para o meu lado materno, posso dizer antes de mais que a história é curta. Sou Faveiro, apelido conhecido em Ansião, Leiria, de onde é a minha mãe (se bem que nascida em Coimbra e que mais tarde lá faria os estudos) e porventura todos os seus antecedentes – porque nas aldeias assim é: fácil de sabermos as nossas origens. Finalmente eu, uma “alfacinha de gema” nascida na exata freguesia onde atualmente estudo, São Sebastião da Pedreira, na Maternidade Alfredo da Costa, assim como quase todos os restantes lisboetas. Mas falta ainda outro elemento à minha autodefinição, pois me mudei para Odivelas, com 2 anos, sendo aqui que cresci e onde tenho os meus amigos, pelo que terei de reescrever o dito acima: uma “alfacinha de gema odivelense”. O que quer que isto quer dizer é precisamente o que estou a tentar descobrir. Sempre vivi entre Odivelas e Lisboa, ora vivendo em Odivelas, ora indo a consultas em Lisboa, ora estudando em Odivelas, ora passeando por Lisboa. Ainda tenho a minha terrinha, Ansião, mas, para ser sincera, não me se lhe conecto. Não conheço as pessoas, as histórias por detrás delas, nem as casas que passaram de uma família para outra, mas que no fundo estão ali todas interligadas. Considero-me, por isso, uma alfacinha odivelense sem terra. Com origens, mas, na verdade, com demasiadas para poder dizer que sou, de facto, de uma. Gosto de descobrir mais factos históricos sobre Odivelas, é verdade, mas daqui não tenho “sangue”, e adicionado à minha preferência pelas ruas de Lisboa resulta no caos que é a minha mente. Aliás, todo este pensamento é produto do que se aqui se iniciou quando fui com as madrinhas de praxe comprar o traje académico e me perguntaram de onde eu era. E eu encravei, não tive resposta pronta, como costumo sempre ter, e calculo, igualmente, que, se tudo correr bem, tal encravadela aconteça mais vezes, despoletando toda esta e outras linhas de pensamento que se cruzam e entrecruzam no meu cerebelo.
- Perdi-me
Poesia Busquei novos caminhos, Novos trilhos, E, ironicamente, Deparei-me com sarilhos. Corri por entre serras, Montanhas e praias. Encontrei a minha alma, Viva e desbotada, Perdi o meu corpo, Já gasto; quase morto. Perdi-me no tempo, Nos lugares. Perdi-me no nefasto silêncio Do mundo sofredor; Perdi-me sem saber; Perdi-me no esplendor. Lutei para compreender O amargor das palavras; Para perceber o grito das crianças; Para enfim entender a fereza humana. Enlouqueci com o mundo, Perdi-me em espírito. E como a Terra na sua essência Ardi nas chamas da demência.
- Quando
Poesia Os anos se contavam pelos dedinhos de uma mão... Quando, no jardim da nossa infância Coloridas borboletas pousavam Rindo em nossas cabeças... Quando, nos banquinhos sentadas Eramos deusas algemadas Libertadas pelo sonho... Quando, aprendemos a soletrar E na tabuada cantar... Cantámos floridas primaveras Que corriam como quimeras Sem saberem regressar Cantámos luares e verões, Sol, frutos, recordações... Com o Outono a chegar... Sinfonia da vida Deu-nos Deus Esta beleza A amizade cimentar.
- Shark Finning em Portugal
Desde pequena escutei que “filha de peixinho, peixinho é”, mas não foi até morar perto das praias mais lindas do mundo que percebi que sou mesmo um peixinho. Com 14 anos, comecei a mergulhar de cilindro e rapidamente consegui moderar minha respiração e ficar minutos e minutos debaixo d’água, nadando entre os corais e os peixes sem pensar em nada, só no incrível que seria que as próximas gerações tivessem a mesma experiência. Durante os anos que fiz mergulho vi de tudo um pouco, mas sem dúvida o mergulho que o instrutor me colocou do lado de um tubarão-gata foi um dos mais incríveis de todos. E é por isso que assim que escutei do Stop Shark Finning decidi me inscrever sem pensar duas vezes. O SSF é uma rede universitária que trabalha para a consciencialização da venda de barbatanas de tubarões através da arrecadação de assinaturas. Trabalhamos para que nossas vozes sejam ouvidas e para que animais inocentes não precisem sofrer nas mãos do ser humano, até porque esta prática cruel não traz nenhum benefício ao meio ambiente. O finning trata-se de remover as barbatanas dos tubarões e lançarem a carcaça de volta ao mar. E existem provas recolhidas pela GNR no dia seis de janeiro deste ano de uma embarcação que escondia no seu porão “um total de 83 barbatanas de tubarão e 21 quilos de tubarão esfolado e esviscerado”, ou seja, não é um problema distante nem um problema que nos afetará somente no futuro, mas é algo recente e que já está acontecendo. Segundo o mesmo documento da GNR, o finning contribui para a mortalidade excessiva dos tubarões e mesmo assim a União Europeia é um dos maiores exportadores de barbatanas e uma importante plataforma de transito para o comércio das mesmas, “apesar da proibição de remoção das barbatanas a bordo dos navios da UE e nas águas da UE, e da obrigação de desembarque dos tubarões com as barbatanas unidas ao corpo”. Mesmo sabendo que não poderemos mudar o mundo o que a SSF é admirável: com uma equipe diversificada e dedicada nos concentramos em fazer saber a todos sobre a verdade, sobre o que realmente fazem a estas criaturas e sobre como podemos fazer com que isto acabe de uma vez por todas.
- Canção do Mar
Poesia É triste a canção do mar Que à noite, instante, me chama; Narra momentos ao luar Afundados já na lama. Escuto-a num banco d'areia, Não longe da escura costa; Assim me encanta e desgosta, Solidão feita sereia. Está no marulhar das ondas, Que vão e vêm tranquilas Em indiferentes sibilas Ante verdades hediondas. Está na brisa leve e lassa, Que segreda ao mar parado Os infortúnios e o fado De uma anunciada carcaça. É calmaria traiçoeira Que me quer pôr fim à viagem. Traz-me ao limiar da voragem, A uma funesta soleira. Malévola melodia, Rumorejando mentiras Por um manto de safiras A um ser em agonia. Pede-me para mergulhar, Sob a impávida lua, Na água cálida e nua Que não quis ainda esfriar; Para que nela desvaneça Tudo o que de mim existe, Sem saber o que subsiste, O que em mim arde e não cessa. Não será ainda afogado, Caído nas profundezas, Depois de tantas empresas, O meu ser no mar salgado; Sinto os ventos de mudança, Por fim frescos e risonhos, E retomo os cem mil sonhos Daqueles tempos de criança.
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