Veio a lenda de Abril
Do movimento estudantil
Ser atrapalhado, encurralado
Pelo ralo do funil
Do conformismo
Individualismo ou Xuxalismo
Do sistema, o mecanismo
Voz que faz da água do pensamento
O autoclismo
Que desvanece
O sentido, invertido, desaparece
O partido, pela luta de Abril,
Não se reconhece
Pelo povo, que pelo laboro
Da frente se aquece
Na luz que tomba a cruz
E dedica à verdade sua prece
Liberdade, Igualdade
Não existe
Só a farsa positivista que junta direitos à lista
Só consiste
De palavras ocas, realidade positiva não persiste
Liberdade negativa, idade triste
Faculdade sem faculdades
Direito sem direitos
Reivindicações, sonhos, gritos
De Abril, morrem desfeitos
Preconceitos pelos meios
De comunicação são propagados
Enterrados, os sensos críticos
Dos povos, pobres povoados
Magoados, adormecidos
Envergonhados, mas não vencidos
Serão unidos
Estudantes, empregados, renascidos
Pomares com olhares entenebrecidos
Onde está a maçã da insurgência?
Onde morre o coitadinho
Nasce nu de inocência
Que nos falte a paciência!
Ó educados, doutores,
Senhores, homens letrados
Para que servem vossos livros se racionalizam os pecados
Fazer lógico o apológico desumanismo pelos mercados
Terão vós orgulho desses legados?
Coitados, coitadinhos
Sejamos Homens, não meninos
Em sarilhos
Perdidos, extraviados sem os trilhos
Da mão invísivel
Ou o punho de ferro
Recomecemos estaca zero
Reviremos este inferno
Do avesso
Livres, desacorrentados no recomeço
O punho em vez do terço
Que o Terreiro do Paço não tenha sido só um acaso
Um fracasso
Que sejamos mais que cem mil
Que em diante, nos acalente, o quente sol d’Abril.

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