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rascunho

Francisco Jesus

estuda. tira boas notas. orgulha-nos.

não sais da cama, levanta-te.

atinge o máximo do teu potencial,

procura melhorar-te todos os dias.


queres? faz por isso.

correu-te mal, estudaste o suficiente?

estás focado em tudo menos no importante,

nada de isso te traz um emprego.


quando é que começas a levar as coisas mais a sério?

parece que já não queres saber da faculdade

fazes muitas coisas porque queres

sentes-te exausto, mas com que legitimidade?


precisas de dinheiro? vai trabalhar.

estás cansado, ai eu com a tua idade...

vá são só 4 horinhas, nada de mais,

e não te esqueças das leituras,

essas sim vão te ser úteis para o futuro


no papel achas-te incrível mas na realidade

não és mais que medíocre. 

porque é que te pensaste especial

se não passas de uma pessoa normal?


quando chega o dia em que enfrentas a realidade,

quando paras de carregar o mundo às costas

e ages como as pessoas da tua idade?


não interessa o que faças, 

só não podes ser só mais um

já te disse, só sendo o melhor,

ou isso ou não és nenhum.


já viste como estás, tens de fazer desporto.

o treino é a quantos quilómetros?

desculpa, que sítio fora de mão.

não é normal tomares essa decisão.


quando rebenta a bolha da expectativa?

para de esperar, começa a viver.

tens em ti toda a criatividade do mundo

mas nem uma letra consegues escrever.


pensas-te incapaz mas só não te permites.

vives num mundo de impressões alheias

e deixas que te imponham limites.


permite-te viver.

solta a corda que te prende,

deixa-te levar,

para de pensar no “que seria” e vê “o que será”.


começa a aproveitar o dia e o que ele te traz.

para de correr e aproveita a corrida à tua frente.

vai a passo lento, de vez em quando,

só aproveitando o ar fresco vais acalmar a tua mente.


para de sobreviver e constrói a tua vida.

não paras de pensar no que vão dizer,

mas até lá já eles falaram e tu nada de escrever,

até lá já te arderam e ainda não aprendeste a viver.


deixa aquela cadeira para trás.

trabalha menos horas.

senta-te, finalmente, numa esplanada,

de cigarro numa mão e livro na outra.


quando a ordem perde a sua beleza

e se torna rotineira, pesada,

prometo que é okay ficar na cama.


estamos tão focados na chuva forte

e na trovoada feia e barulhenta,

que nos esquecemos de agradecer

à manta que nos envolve no conforto da tempestade.



 
 

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