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Maria Leonor Baptista

A mulher do filme


A mulher do filme romântico é alta, é magra, tem um bom emprego, trabalha 6 horas por dia e tem tempo para ela, 2 filhos, 1 cão e 1 marido perfeito que até cozinha, vejam bem.


E a mulher real? A mulher com estrias e celulite, a mulher que tem de usar uma cadeira para chegar ao armário mais alto da cozinha, a mulher que trabalha 9 horas, num emprego precário, a mulher que tem 2 empregos para sustentar os filhos, a mulher que não consegue ter filhos, a mulher que não quer ter filhos, a mulher violentada pelo marido, a mulher que come demais para preencher um vazio, a mulher que não come. A mulher lésbica, a mulher trans, a mulher negra, a minha avó, a vossa mãe, as sufragistas.


Ai, como eu amo a mulher. Todas as mulheres, as perfeitas e as nem sempre perfeitas, as da maquilhagem meio borrada, ou com o cabelo em desalinho.


A mulher é a criatura mais bela, mais sensível, mas desenganem-se porque ela também é a mais forte.


Ela é tempestade, ela é furacão, é a calma e é compaixão.


Se eu pudesse mudar o mundo, colocava-o nas mãos de uma mulher, de uma e de todas e aí sim seria um filme romântico.


Seria um mundo melhor.


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