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Riccardo Noronha

A virtude dos maiores serviu-nos de ensinamento

Fomos loucos ao ponto de escolher um destino maior que a nossa própria existência. Fomos ambiciosos ao ponto de querer ser mais do que todos os outros.


Egoísmo o nosso de querer que o nosso nome fique acima daquele dos demais, talvez por medo de sermos esquecidos procuramos construir um legado maior que nós próprios, uma herança fundada e porventura sólida o suficiente para conseguir passar pelas marés do tempo e dos pensamentos dos que virão depois de nós, não ilesos, porque isso seria manifestamente impossível, mas sim vivos, ainda que fustigados pelo peso do tempo, que se impõe tão taxativamente nas nossas vidas e não perdoa nossos erros.


Quisemos grandeza qual a sorte não dá, construímos os alicerces do legado que queríamos duradouro e estável, mesmo sabendo que não poderemos ser nós nem os nossos contemporâneos a adjetivar a nossa edificação. E mesmo assim fizemo-la, sem medos nem receios, remetendo para a posteridade o que a esta pertence, desprendendo-nos do futuro e presente juízo dos outros e escrevendo o que nos ia no coração, mesmo porque tínhamos consciência de que se escrevêssemos pensando que o nosso texto estaria sujeito ao aval de outrem, jamais conseguiríamos produzir enunciados que chegassem perto da fasquia que colocamos.


Recusamos ser ovelhas num rebanho e também recusamos ser quem as guarda, dissemos que não ao simplismo e abraçamos a simplicidade, porque entendemos que a mensagem tem de estar ao alcance de todos e que coisas complexas, que o são por mero capricho, não possuem alguma razão de ser. Sentimos a necessidade de criar novas alternativas para dar a conhecer ao mundo a nossa visão, determinação e a nossa vontade de melhorar a cada oportunidade que se nos apresenta. Abraçamos quem, como nós, depôs a máscara e retratou (ou procurou retratar) aquilo que via com a curiosidade e fascínio da criança que fomos há tantos anos, essa que escondida permanecerá na nossa alma até ao dia da nossa morte.


Quisemos que assim fosse para mudarmos o rumo das coisas, pois então continuemos a mudar o mundo à nossa volta, para evitar que o passado se torne, como tantas vezes sucedeu, o presente do futuro.


É por isso que estamos aqui.


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