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Daniela Jesus

Entre ondas e horizontes

Por vezes corremos e ansiamos,

E da felicidade nem nos lembramos.

Perdidos em sonhos que não alcançamos,

Cegos pelo amanhã, o presente ignoramos.


Inocentemente acredito que a felicidade é um lugar,

Uma meta a alcançar.

Que como um barco sem rumo procura onde aportar,

À custa de inocentes almas incapazes de respirar,

Afogadas na ânsia de simplesmente singrar,

Sem um farol para as guiar.


São inúmeras as ondas que me tentam derrubar,

Inveja, medo ou dúvida, o que lhes quiserem chamar.

Aparentes correntes irrelevantes no meu caminho,

Mas que me ensinam a remar.


Porém, confesso que os momentos de silêncio são os que me trazem mais dor.

Vejo telas desbotadas, sem cor.

Perdida, ouço apenas os meus pensamentos, 

Sussurros de insultos e medos ocultos,

Onde a solidão se revela o meu mais profundo pesadelo.


Na vastidão do oceano reflito que talvez a felicidade não seja um porto seguro,

Mas o mar aberto da existência, a jornada em si.

É a viagem que levo nas algibeiras da vida,Onde a minha alma encontra serenidade, refúgio e liberdade.


É quando cada onda desfaz o meu caminho,

Quando cada corrente me tenta arrastar para longe,

Ou quando os mapas se tornam indecifráveis,

Que percebo que não é fácil evitar o naufrágio, resistir às tentações.


E, enquanto olho para estrelas a partir do convés,

Questiono-me se haverá mais além do que os meus míopes olhos veem.

Será o horizonte o fim, ou uma quimera de desilusões?


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