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Maria Botelho

Retrato

Através de ténues tonalidades,

E de pinceladas sublimes

Pinto o cúmulo das minhas saudades

Para que não desanime

Da tua ausência permanente.


Procuro retratar a tua audácia

Através das ondas perigosas

E a tua ternura

No céu pintado a azul-claro


Quando  Olho para o céu,

Vejo um barco a rasgar o mar,

Sem estações intermediárias para parar,

Apenas deixando um traço contínuo branqueado como lembrança


Tu és o barco,

Passaste por muitos e muito,

Mas a viagem não para,

Não há tempo.


Uns ficam pelo caminho,

Outros encontrarás mais à frente,

E os poucos sortudos, confidentes,

Têm o prazer de ser a tua tripulação


Mas a verdade, árdua mas imutável

é: só tu podes ser o capitão da tua embarcação

As tuas vivências definem o teu rumo

Ou Viras para a esquerda ou para a direita 

Porém, estás impedido de fazer a tão procurada  marcha a trás 


O impulso estático de relembrar,

A visão turva de eventos marcantes 

A ânsia de viver no presente

Esmagada pelos sonhos idílicos do amanhã 


Tu és como os outros,

Com um rumo diferente talvez,

Amigos presentes,

Mas sempre com o mesmo destino.


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