o que procuras?

Pergunto-me se é por estarmos todos em Direito. Se é por este curso tipicamente reunir alunos que gostam mais de falar do que de ouvir e que se orgulham das suas convicções inabaláveis. Se é porque no futuro teremos que convencer um juiz de que encontrámos os melhores argumentos ou os portugueses de que é em nós que têm de votar. Se é por isso que ela passeia, intocável, pelo campus. Mas não, não pode ser por isso. Porque ela não está só aqui, na nossa faculdade. Falo da intolerância. Ela está por todo o lado e em muita gente. Vem de baixo, do interior da Terra, de onde vêm o resto dos demónios. Vai subindo e vai-se  espalhando em tudo quanto é sítio, passa pelas frinchas das portas e das janelas enquanto dormimos e entra nas nossas casas sem fazer barulho.  Depois entra em nós e toma conta de nós, vai ocupando o espaço entre os órgãos, até já não sobrar espaço, só intolerância. E levamo-la para todo o lado. É companhia, está confortável dentro de nós e nós confortáveis com a sua presença, como um parasita bem-vindo. Levamo-la para a rua, para os nossos grupos sociais, para a faculdade. E encontramos outros como nós, doentes com intolerância mas sem o saberem. Alguns têm a mesma variante de intolerância que nós; desses gostamos. Com esses partilhamos a intolerância, alimentamo-la em conjunto. Outros, têm outros tipos de intolerância; com esses não falamos. Ou se falamos não ouvimos, não vale a pena porque sabemos que a nossa intolerância é a certa, não há espaço para duas. Nem há espaço para dúvidas. Pôr em questão aquilo que sabemos é para quem ainda não tem uma intolerância dentro de si, é para quem ainda não tem o ombro amigo a que pode recorrer para confirmar aquilo em que acredita e dissipar qualquer dúvida matreira que comece a surgir. Durante uns tempos achou-se que a intolerância não conseguiria chegar às faculdades. As faculdades seriam como Harry Potter protegido pelo feitiço anti-Voldemort e anti-intolerância. Porque as faculdades, afinal, são um espaço de diálogo e de abertura a diferentes ideias, onde alunos se deveriam sentir confortáveis para exprimirem as suas opiniões e aprenderem em conjunto, dentro e fora da sala de aula. Mas enganámo-nos. A intolerância não falta às aulas, chegou às universidades e chegou à Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa. Acha que é invisível, mas eu, e outros, vemo-la e sentimos a sua omnipresença. Está nas discussões feias que há quatro anos seguidos a minha turma da licenciatura tem a proeza de conseguir espoletar no grupo de whatsapp do nosso ano, discussões essas que decorrem pelo facto dos intervenientes se recusarem a tentarem perceber o ponto de vista uns dos outros. Está nos juízos de valor que eu própria faço quando um colega faz perguntas pouco pertinentes na sala de aula. E está no recente super escândalo da nossa faculdade, onde alguns membros e apoiantes de ambas as listas candidatas à Associação de Estudantes não tentam compreender o lado oposto. Claro que é mais fácil ser-se intolerante. É mais fácil acharmos que somos senhores e donos da razão, vermos o mundo a preto e branco e encontrarmos paz no facto de, perante a incerteza do amanhã, pelo menos termos algumas certezas sobre o hoje. Não sabemos se começará uma nova guerra ou se teremos boa nota no próximo exame, mas pelo menos temos a certeza de que a lista D/I é que abriu o precedente dos votos em mobilidade, e quanto a isso ninguém nos pode convencer do contrário. Mas ser-se intolerante também é ser-se pobre de espírito e ignorante. Faz-nos mal, corrói-nos a nós e aos outros, como uma doença infecciosa. Leva-nos a julgar as pessoas baseado na lista ou no partido a que pertencem antes de as conhecermos, antes de lhes darmos oportunidade de explicarem as suas opiniões. Afasta-nos uns dos outros porque nos leva a presumir em vez de perguntar, a não querermos conversar ou a conversas que são bi-monólogos, em que nenhuma das partes se ouve mas ambas tentam convencer-se de que estão certas. Leva a um ambiente de faculdade hostil em que as pessoas não se aceitam, em que só nos sentimos bem junto aos que partilham da nossa opinião e, em último caso, leva a uma sociedade em que diferentes grupos religiosos, políticos e sociais não conseguem coexistir. Um dia tentei expulsar a minha intolerância. Disse-lhe que fosse para o raio que a parta que aqui já não era bem vinda. Às vezes ainda a sinto a tentar voltar, tentar entrar-me pelo nariz ou pelos ouvidos. Mas eu não deixo, e pouco a pouco, vou-me sentindo a ficar-lhe imune.

E eu até nem me queria chatear. Não queria mais ser aquela rapariga revoltada, que leva a fúria na alma e os insultos na ponta da língua, enquanto percorre um chão de injustiças. Eu não queria mais ser essa pessoa, a que ninguém quer ouvir e vos faz revirar os olhos - ou melhor, até ouvem, desde que o assunto não se torne muito sério… Eu não queria mais ser a pessoa que o mundo faz chorar de agonia e raiva - mas eu não consigo ser outra. Eu não consigo ser outra enquanto temos colegas que não comem para conseguir continuar a estudar. Eu não consigo ser outra enquanto temos colegas que não dormem a pensar em como vão pagar a renda. Eu não consigo ser outra enquanto temos colegas que já não conseguem continuar a estudar. Que são obrigados a desistir dos seus sonhos, a fazer as suas malas e a voltar para casa com os olhos em lágrimas, que são obrigados a escolher entre estudar o que querem e estudar o que está mais perto de casa, para não se sujeitarem aos preços das rendas, e que são obrigados a viver com mais sete desconhecidos e a não jantar recorrentemente para pagar as propinas, que tanto lhes custam. Eu não consigo ser outra. E talvez nem queira ser. As bolsas são indeferidas, os preços da renda aumentam, a inflação consome a comida no supermercado e os estudantes cá ficam - mais uma noite em casa, com os amigos à espera da saída que não pode voltar a acontecer (o horror a olhar para a conta da última vez…) e mais um fim-de-semana a ponderar a ida a casa - por um lado, não se gasta em comida nesses dois dias, por outro, tem de se pagar os bilhetes da viagem (afinal, há quantas semanas é que já não vejo os meus pais?) Não é fácil ser universitário - em nada se parece com os filmes do American Pie ou com as viagens luxuosas que vemos no instagram - é um constante roer de unhas e um puxar de cabelos, são contas a acumular e noites sem dormir, é ir para casa no meio de uma tempestade, porque não há dinheiro a sobrar para um uber , é escolher entre jantares de aniversário de amigos e comer massa com enlatados três dias por semana - não é fácil ser universitário. O mundo já não parece estar aos nossos pés, nós é que parecemos estar aos pés deste - vendem-nos a doce mentira de que o nosso futuro é o que fizermos dele e depois apresentam-nos os condicionantes… o teu futuro é o que quiseres que ele seja, se arranjares forma de te sustentares durante estes quatro anos, o teu futuro é o que quiseres que ele seja, se os teus pais venderem o carro para pagar a tua renda e as tuas propinas, o teu futuro é o que quiseres que ele seja, se nasceres na casa certa… pois, desculpem avisar, mas a grande maioria de nós já perdeu a lotaria social - o teu futuro é o que quiseres que ele seja, se lá conseguires chegar… Então e as bolsas? Gritam os que, felizmente, nunca tiveram de escolher entre comer e pagar a renda ou entre trabalhar e dormir - aqueles cujo coração não começa a acelerar e os suores frios a chegar quando são convidados para uma festa. As bolsas não chegam - nem o seu montante para quem dele precisa, nem a quantidade para todos os que dela necessitam. É triste, mas é o que temos: um Estado Social de Direito em que a função da “justiça” das Finanças Públicas foi passada por cima e em que o procedimento administrativo só vê números, facilmente manipuláveis, e não vê histórias - não vê o desespero dos indeferimentos, nem a indiferença de outros tantos deferimentos. E eu até nem me queria chatear… mas, se calhar, só não está chateado quem não está a ver.

Hoje, sonhei que tentei fazer um golpe de estado com nazi na Colômbia. Infelizmente, a caminho de barco da capital, uma facção dos Nazis traiu a minha, deixando nos numa ilha deserta com um centro comercial. Assim, fui à Bertrand com o líder das SS. Hoje, sonhei que o Macron me estava a dar tiros na cama. Hoje sonhei que a Noruega tinha colapsado em vários estados separatistas e a República Popular da China organizou lá um concurso. Eu tentei ir lá de autoestrada mas impediram me na portagem porque tentei ir a pé. Disse que queria fazer um curso de autoestradas, mas não me deixaram na mesma. Cruzei-me com o ****** ******, cumprimentamo-nos, e fui embora. Fui de barco para noruega. O concurso chinês na Noruega era uma concurso de pornografia homossexual. A primeira fase era uma competição de twerking. Havia várias equipas representando as várias facetas da pornografia homossexual. Tinhas a equipa dos twinks, dos bears, dos crossdressers, de BDSM e do Andrew tate. Eu fiquei a ver. Vi o Andrew Tate a abanar a raba. Abanava bem. A segunda fase era para simular o ato sexual, a maior parte decidiu ser bué kinky. Lembro-me de ficar bué triste porque os twinks perderam. Depois, estava num escritório de advogados com a ***, mas essa parte é aborrecida, foi só deprimente. Hoje, sonhei que era o Estados Unidos e estava em guerra com o Japão na Malásia, mas perdi, então a Malásia ficou sob ocupação japonesa. Fiquei triste. Ah, e sonhei que tinha ganho um cinto novo pras calças. Hoje, sonhei que o Hitler era do futuro, e apercebeu se das ações que o Ele do passado fez, então ele voltou ao passado e está preso num ciclo eterno em que se tenta impedir a si mesmo de cometer o holocausto.

“O sangue da rosa”  Não é só porque não viste o sangue, Que eu não sangrei por dentro.  A rosa tem espinhos, E eles nem sempre fazem sangrar.  Mas picam. Magoam. Cortam.  A rosa tem espinhos. E por mais que os tentemos evitar, Eles vão acabar por nos tocar.  A rosa não pode não ter espinhos. Não mais do que o céu  Pode deixar de ser azul.  A rosa não pode não picar. Não mais do que o sol Pode deixar de brilhar.   A rosa tem espinhos.  E eles picam.  Principalmente quando os tentamos evitar. “(Não) somos estranhos”  Um dia fomos estranhos.  Não sei se voltámos a ser estranhos.  (Espero que não),  Mas é o que dizem as músicas E elas raramente se enganam… Talvez a letra esteja errada.  Pois como posso eu conceber Que sejamos estranhos?  Se tu me conheces  De trás para a frente.  Se recitas de cor Todos os meus poemas.  Se trilhaste cada canto, Cada linha, cada curva.  Se por vezes gostaste mais  De mim do que eu própria. Se amaste os meus silêncios  Como quem ama o dito amor. Não. Não somos estranhos.  Nunca fomos estranhos.  Nunca seremos estranhos.  Estaremos sempre entrelaçados  Nas redes de pesca que a vida lança  Em dias de céu cinzento e de chuva.  Não somos estranhos.  “Deixar ir”  Porque, no final, Amar é deixar ir. E deixar ir é saber, Que haverá harmonia Noutra casa.  Que a dor será acolhida Noutro abraço.  Que haverá felicidade  Sem nós.  Deixar ir é amar.  Mesmo quando não queremos,  Quando parece errado,  Quando a dor nos corta.  No final, não há prova de amor Maior do que deixar ir.

Jur.na l: Quem, ao todo, faz parte do CP? Maria Pires e Maria Inês Paredes: Atualmente, o CP é constituído pelos docentes, Rita Calçada Pires (Presidente), Filipe Brito de Bastos (Vice-presidente), Giulia Priora (vogal efetiva), Nausica Palazzo (vogal efetiva), Joana Farrajota (vogal efetiva), Felipe Pathé Duarte (vogal suplente), Jorge Morais Carvalho (vogal suplente), e pelos representantes dos estudantes dos diferentes ciclos de estudo, Maria Afonso Pires (efetivo), Leonor Nunes Marcos (efetiva), Maria Inês Berberan Paredes (suplente), Ana Leonor Faveiro Leite (suplente), Amanda Costa Novaes (efetivo) Aline Arenque (efetivo), Ana Sofia Estopa (efetiva) e José João de Avilez Ogando (suplente). A constituição do orgão encontra-se no site da faculdade, para consulta de todos. Jur.n a l: Como são eleitos os estudantes para o Conselho Pedagógico? Maria Pires e Maria Inês Paredes:   Após o término de cada mandato, que dura dois anos, os representantes são eleitos por sufrágio universal dos estudantes de cada ciclo de estudos. Os 1o e 2o ciclos, licenciatura e mestrado, elegem 4 representantes (dois efetivos e dois suplentes) e o 3o ciclo, doutoramento, elege um representante efetivo e um suplente. O método de contagem de votos utilizado é o método de D’Hondt. Jur.n a l: O que faz o Conselho Pedagógico e de que forma é que se diferencia de outros órgãos, como o Conselho da Faculdade, Conselho dos Estudantes, etc? Maria Pires e Maria Inês Paredes: As competências do Conselho Pedagógico encontram-se no artigo 16o dos estatutos da Nova School of Law. Resumidamente, O CP pronuncia-se sobre a componente letiva e pedagógica da faculdade, exercendo tarefas como pronunciar-se à cerca dos métodos de ensino e de avaliação, dos horários e da criação de diferentes ciclos de estudo e respetivos planos. É, também, este orgão que elabora o calendário de exames e que promove a elaboração de inquéritos regulares que avaliem o desempenho letivo da Faculdade. Jur.na l: De quando a quando se reúne e o que se discute? Maria Pires e Maria Inês Paredes: Reúne-se mensalmente, mas podem ser marcadas reuniões extraordinárias, se surgirem situações que assim o exigem. Nas reuniões discutem-se todas as questões de âmbito pedagógico, sejam elas calendários de exames, horários, inquéritos de satisfação dos estudantes ou questões específicas trazidas pelos docentes ou representantes. Jur. na l: Como posso expressar uma preocupação minha perante o CP? Maria Pires e Maria Inês Paredes:   Uma das razões para termos apresentado a nossa candidatura foi por considerarmos que o orgão era de muito difícil acesso, por parte dos estudantes, o que tornava a representação pouco fidedigna. Atualmente, a solução mais prática para serem exprimidas questões ou preocupações, que os estudantes queiram ver abordadas no CP, é o contacto com um dos representantes do seu ciclo de estudos ou utilizar o intermédio dos representantes de turma. Estamos a trabalhar para que estas meios sejam facilitados através de outros formatos de contacto eletrónico, mais abrangentes. Até lá, falamos pessoalmente, quando dizemos que estamos totalmente disponíveis para ouvir qualquer questão dos estudantes de licenciatura. Jur. na l: Quem e como pode ter acesso às deliberações? Maria Pires e Maria Inês Paredes: Para ter acesso às deliberações é necessário apresentar um requerimento, dirigido ao gabinete de apoio à direção, via email, para se aceder às atas de reunião, visto que estas não estão publicadas no site. Acreditem que este, para nós, foi um ponto que muito motivou a nossa candidatura e que temos toda a intenção de dar o nosso melhor para que seja mais facilitado, ou, pelo menos, mais divulgada a possibilidade de o fazer. Jur. na l: Há alguma mensagem que queira dirigir à Comunidade Académica, de forma a promover um clima de aproximação do Conselho Pedagógico junto dos estudantes? Maria Pires e Maria Inês Paredes: Gostávamos de dizer que criar um CP mais acessível e útil, para todos nós, começa com a relevância que os estudantes dão ao orgão e que nunca hesitem em contactar-nos com qualquer preocupação ou questão pedagógica que tenham. Queremos dar o nosso melhor enquanto representantes dos interesses de todos.

“O sexismo não existe.” “As mulheres já são tratadas com igualdade.” “Já não se podem queixar, já têm a igualdade que queriam.” Tudo frases que ouvi ultimamente e que vêm acrescentar à conclusão que eu já tinha chegado há bastante tempo: ainda temos um caminho bastante grande para percorrer. O maior exemplo disto, ultimamente, foram os 81.o Globos de Ouro que se passaram na segunda-feira. Gostava de dizer que fiquei surpreendida com os infelizes comentários feitos sobre não só o maior filme de 2023 como sobre uma das mulheres mais bem sucedidas do mundo, mas não fiquei. Se esta situação me despertou uma onda de emoções, que quase não conseguem ser descritas? Sim, porque ingenuamente pensei que estas mulheres, estas mulheres brilhantes, com tanto sucesso, que deram tanto a tanta gente, estivessem de certa maneira “isentas” deste tipo de reflexões, mas, claro que não estão. A Margot Robbie que, não só foi magnífica no papel de Barbie, como também produziu o filme, teve o seu trabalho equiparado a uma história sobre uma “boneca de plástico com mamas grandes”, descurando completamente toda a mensagem de um filme que tocou milhões de pessoas por todo o mundo. Este filme, quer gostem dele ou não, retrata, com mestria, a luta e os obstáculos que afetam inúmeras mulheres diariamente. Este filme levou milhões de pessoas às salas de cinema, vestidas de rosa, para celebrar a feminidade e tudo o que é bom em ser mulher, sem qualquer vergonha ou timidez. Tudo para ser reduzido de uma maneira nojenta e sexista a uma piada e, ainda, comparado ao “Oppenheimer” de Christopher Nolan, porque esse é que é um filme a sério “baseado num livro de 721 páginas, vencedor do Prémio Pulitzer”. Não me interpretem mal, não quero de todo rebaixar “Oppenheimer” ou comparar os dois filmes, porque honestamente não vejo qualquer relevância em fazê-lo, mas enfurece-se como um filme que passa uma mensagem tão grande sobre o feminismo, que tem um elenco cheio que mulheres bem sucedidas, que foi dirigido por uma mulher (amo-te Greta Gerwig), tenha sido vítima (sim, vítima) de uma comparação tão maldosa e de uma piada tão mal concebida. E sim, sei que muitos de vocês provavelmente estão a pensar “foi só uma piada, que exagero” ou “não tens que levar tudo tão a sério, é só humor”, mas a verdade é que é sempre “só uma piada” e é sempre “só humor” e honestamente estou farta. Eu e diversas outras pessoas que já demonstraram o seu desagrado com esta situação. É triste que num dos espetáculos de prémios mais prestigiados de sempre algo como isto ainda seja aceite. A única coisa que consigo pensar é por quantas pessoas é que uma piada daquelas passou sem nenhuma levantar qualquer tipo de questão, e isso só me entristece mais. Passemos agora à piada feita sobre a Taylor Swift (sim a Taylor Swift), outra anedota inofensiva que conseguiu, mais uma vez, falhar no seu objetivo de fazer alguém rir. A verdade é que o que mais me irritou não foi a piada em si, mas sim a maneira como as pessoas estão a responder à reação da Taylor a algo dito sobre ela, da qual ela tem todo o direito a demonstrar o seu desgosto. Para quem não sabe, há um clipe dos Globos de Ouro na qual se vê a mesma a beber do seu copo logo após a piada ter sido feita, não demonstrando qualquer tipo de riso. Para mim, isto foi uma reação genuína de alguém que não gostou de uma piada feita à sua custa, mas o que tenho ouvido é que ela “não tinha necessidade de ter reagido assim” e foi “extremamente rude”. Honestamente, eu não sei se rir se chorar com uma situação destas porque, nos “Academy Awards” do ano passado o Will Smith levantou-se e deu um estalo no apresentador por não gostar de uma piada, mas sim, a Taylor “exagerou” na sua reação. Outra coisa que eu tenho que apontar, que novamente só demonstra o quão hilária e infeliz é esta situação, é a maneira como o Ryan Gosling está a ser aplaudido por ter tido uma reação semelhante à da Taylor, enquanto esta está a ser extremamente criticada. Nas palavras eternas da Taylor Swift “a man can react, a woman can only overreact”. Pessoalmente, podia estar a escrever sobre isto durante horas mas só queria que o meu descontentamento ficasse refletido algures. Entristece-me que tenhamos começado 2024 desta forma, que todo o trabalho de diversas mulheres tão bem sucedidas tenha sido insultado e reduzido a “meras piadas”, porque só me deixa com uma reflexão: como é que ainda há pessoas a dizer que o “sexismo não existe” e a ficar indiferentes a algo que não podia ser mais representativo daquilo que ainda é sofrido por mulheres de todo o mundo. É um pensamento assustador, que se torna aterrorizante quando chegamos à conclusão que é a realidade em que vivemos. Por isso sim, ainda temos um caminho longuíssimo pela frente mas só espero que se continuem a fazer mais filmes como “Barbie” e que as mulheres bem sucedidas deste mundo não sejam intimidadas a “reagir como devem”, porque quando isso acontecer é quando eu perco completamente a esperança.

Por múltiplas vezes este semestre, pus-me a pensar na importância que damos ao mundo da faculdade, como se este fosse um ecossistema em si e não um mero habitat para onde nos transportamos diariamente. Como se a nossa vida fossem apenas aqueles corredores e aquelas salas, aquelas pessoas e aqueles olhares, como se não fossemos para casa e tudo o resto parecesse tão distante.  A realidade é que tudo parece ser tão mais profundo e intenso quando se opera neste meio - todas as tarefas parecem imperativas, todas as discussões parecem guardar a nossa vida e todos os desamores parecem incuráveis.  Somos sugados para este espaço, porque o escolhemos ser, 100% confiantes e conscientes, com um sorriso inquebrável - escolhemos aparecer e querer saber de tudo, escolhemos envolver-nos e escolhemos amar cada canto do nosso habitat, como se cada árvore fosse a mais bela coisa posta nesta Terra.  Não me tomem por hipócrita, também eu o fui, plenamente.  Creio que a culpa seja da nossa visão do mundo e da sua efemeridade; afinal de contas, nós prezamos o nosso tempo vivos, porque o entendemos limitado e aplicamos a mesma lógica a estes quatro anos - o nosso tempo a vaguear aqueles corredores e a rir naquele espaço é ainda mais limitado, bem o sabemos, então tem de ser ainda mais prezado. Tem de ser levado à última gota e à última consequência e não podem restar dúvidas de que foi aproveitado, de que aqueles quatro anos valeram, definitivamente, a pena - de que não fechámos os olhos, não adormecemos e não perdemos uma coisa.  Cada vez mais fico também convencida de que fazemos as coisas já com uma certa nostalgia em mente, como se já fosse um momento a ser relembrado, uma foto antiga para a qual vamos olhar, um momento que nos fará rir quando passar brevemente nas nossas mentes daqui a vinte anos.  Que fazemos as coisas não só pela felicidade que nos trazem, mas a pensar nas memórias que um dia serão.  Novamente, fazemo-lo porque sabemos que nunca mais estaremos aqui, a viver este momento, com estas pessoas. E, por isso, também fazemos amizades tão profundas e tão rápidas, porque precisamos de alguém de quem nos lembrar, alguém com quem partilhar estes momentos que se tornarão memórias e, acima de tudo, alguém que queira o mesmo.  E eu sei que perdi esta jogada contra o universo, caí enganada como se nada fosse, despistei-me ainda antes de entrar na estrada, deixei as cartas serem-me dadas e nem as tentei trocar.  E agora o que tenho eu? Agora tenho a maldição de querer saber demasiado e de me importar com coisas que aparentam não valer o tempo do dia, mas tenho também o privilégio de ter mais de uma mão cheia de pessoas que têm o poder de partir o meu coração em pedacinhos pequenos e outras tantas para o consertar.  No fim disto tudo e sabendo o que hoje sei, será que voltava atrás? Será que pedia para não jogar? Será que usava um capacete? Será que tentava trocar as cartas que não escolhi?  Nunca.

Track 1 – Fear Not Of Man Melopeia : O Hip-Hop somos todos nós. Porque o Hip-Hop é o que quer que aquilo que um dos seus autores (potencialmente, somos todos autores) decida ser. O Rock nunca poderemos ser nós; a música clássica nunca poderá ser nossa; a música eletrónica, o pop, o indie, nada depende tanto e tão inteiramente de nós quanto o Hip-Hop. Profundamente democrático, profundamente livre – cada um poderá pegar no instrumental mais popular on-line e ainda assim destacar-se pela sua unicidade; ou poderá talhar um instrumental à sua medida, e ainda assim revelar a sua total inaptidão à cultura, à música, às rimas; à vida. Criada, cultivada e colhida pelas populações historicamente mais violentadas e marginalizadas, mais do que uma forma de emancipação económica, é uma questão de emancipação pessoal. Encontrar o Hip-Hop é uma questão de se encontrar a si mesmo. “Bismillah ir Rahman ir Raheem Good evening, ladies and gentlemen And I'm very happy that you came here Ooh-oooh, whee! That was for Brooklyn Ha ha, we get it every time You got me on? Oh Shout out to all of my crew, East-West, North-South All the continent, Europe, all abroad international Bring it in, bring it in, bring it in, bring it in It's a lot of things goin' on y'all 21st century is comin' 20th century almost done A lot of things have changed A lot of things have not, mainly us We gon' get it together right? I believe that Listen—people be askin' me all the time "Yo Mos, what's gettin' ready to happen with hip-hop?" (Where do you think hip-hop is goin'?) I tell em, "You know what's gonna happen with hip-hop? Whatever's happening with us" If we smoked out, hip-hop is gonna be smoked out If we doin' alright, hip-hop is gonna be doin' alright People talk about hip-hop like it's some giant livin' in the hillside Comin' down to visit the townspeople We are hip-hop Me, you, everybody, we are hip-hop So hip-hop is going where we going So the next time you ask yourself where hip-hop is going Ask yourself: where am I going? How am I doing? Till you get a clear idea So if hip-hop is about the people And the hip-hop won't get better until the people get better Then how do people get better? (Hmm) Well, from my understanding people get better When they start to understand that they are valuable And they not valuable because they got a whole lot of money Or 'cause somebody, think they sexy But they valuable 'cause they been created by God And God makes you valuable And whether or not you recognize that value is one thing You got a lot of societies and governments Tryin' to be God, wishing that they were God They wanna create satellites and cameras everywhere And make you think they got the all-seeing eye Eh, I guess The Last Poets wasn't too far off When they said that certain people got a god complex I believe it's true I don't get phased out by none of that, none of that Helicopters, the TV screens, the newscasters, the satellite dishes They just wishing They can't really never do that When they tell me to fear they law When they tell me to try to have some fret in my heart behind the things that they do This is what I think in my mind And this is what I say to them And this is what I'm saying to you check it All over the world hearts pound with the rhythm Fear not of men because men must die Mind over matter and soul before flesh Angels hold a pen, keep a record in time Which is passing and running like a caravan trader The world is overrun with the wealthy and the wicked But God is sufficient in disposing of affairs Gunmen and stockholders try to merit my fear But God is sufficient over plans they prepared Mos Def in the flesh, where you at, right here On this place called Earth, holding down my square 'Bout to do it for y'all, and y'all at the fair So just bounce, come on bounce B-b-bounce b-bounce b-bounce-bounce And just- Just step, two, three Just step, two, three, and Step two Two, three and One two three and four One two three and four Once again All over the world hearts pound with the rhythm Fear not of men because men must die Mind over matter and soul before flesh Angels hold a pen, keep a record in time Which is passing and running like a caravan trader The world is overrun with the wealthy and the wicked But God is sufficient in disposing of affairs Gunmen and stockholders try to merit your fear But God is sufficient over plans they prepared Mos Def in the flesh, where you at, right here On this place called Earth, holding down my square Bout to represent in your whole atmosphere Bout to represent in your whole atmosphere To your atmosphere, to your atmosphere Oh-ooh! That was for you—and Brooklyn, too!” Track 2 – Hip Hop Melopeia : Porque o Hip-Hop só será bom quando se é verdadeiro consigo mesmo. E é essa verdade que o estilo exige (um estilo exige sempre algo de nós, não musicalmente falando) que é imensuravelmente bonita. E é essa verdade que é politicamente perigosa. Que sempre incomodou o poder. Os 16 versos que tenho poderei usá-los para falar sobre mulheres, dinheiro e carros. Mas também poderei usá-los para pintar o quadro do racismo institucional e da vida marginalizada a que estou sujeito. Mais do que por poder ser uma arma política, o Hip-Hop incomoda porque pode ser o que quer que o artista queira – porque quer uma quer outra maneira de usar os meus 16 versos, se as fizer de forma suficientemente boa, terei um espaço igualmente reconhecido na comunidade. Que semelhança poderá haver entre Kendrick Lamar, J. Cole, Playboy Carti, Mac Miller, Yasiin Bey, Eminem, Wu-Tang Clan, Public Enemy, A Tribe Called Quest, e outros? Absolutamente nenhuma. A não ser o facto de que todos foram (são) verdadeiros consigo mesmos.  O Hip-Hop somos todos nós. E eles têm medo disso. “You say, "one for the treble, two for the time" Come on, y'all, let's rock this! You say, "one for the treble, two for the time" Come on! Speech is my hammer, bang the world into shape Now let it fall, huh! My restlessness is my nemesis It's hard to really chill and sit still, committed to page I write a rhyme, sometimes won't finish for days Scrutinize my literature from the large to the miniature I mathematically add-minister, subtract the wack Selector, wheel it back, I'm feeling that Ahaha, from the core to the perimeter black You know the motto, stay fluid even in staccato (Mos Def) Full-blooded, full throttle Breathe deep inside the drum hollow... There's the hum Young man, where you from? Brooklyn number one! Native son, speaking in the native tongue I got my eyes on tomorrow (There it is) While you still tryin to find where it is I'm on the Ave where it lives and dies, violently but silently Shine so vibrantly that eyes squint to catch a glimpse Embrace the bass with my dark ink fingertips Used to speak the King's En-ga-lish But caught a rash on my lips, so now my chat just like dis Long range from the base-line (swish) Move like an apparition, low to the ground with ammunition (Chi-chi-pow) Move from the gate, voice cued On your tape, putting food on your plate Many crews can relate, who choosing your fate (yo) We went from picking cotton To chain gang line chopping, to Be-Bopping, to Hip-Hopping Blues people got the blue chip stock option Invisible man, got the whole world watching (Where ya at?) I'm high, low, east, west, all over your map I'm getting big props, with this thing called hip hop Where you can either get paid or get shot When your product in stock, the fair-weather friends flock When your chart position drop, then the phone calls.... Chill for a minute, let's see who else hot, snatch your shelf spot Don't gas yourself, akh' The industry just a better built cell block A long way from the shell tops And the bells that L rocked (rock, rock, rock, rock...) The more emotion I put into it, the harder I rock Hip Hop is prosecution evidence An out of court settlement, ad space for liquor Sick without benefits (hungh!) Luxury tenements Choking the skyline, it's low life getting tree-top high It is a back water remedy Bitter and tender memory, a class E felony Facing the death penalty (hungh!) Stimulant and sedative, original repetitive Violently competitive, a school unaccredited The break beats you get broken with on time and inappropriate Hip Hop went from selling crack to smoking it Medicine for loneliness remind me of Thelonius and Dizzy Propers to B-Boys getting busy The war-time snap shot, the working man's jack-pot A two dollar snack box sold beneath the crack spot Olympic sponsor of the black Glock Gold medalist in the back shot From the sovereign state of the have-nots Where farmers have trouble with cash crops (woooo) It's all-city like Phase 2 Hip Hop will simply amaze you, praise you, pay you Do whatever you say do, but, black, it can't save you” Track 3 – Love Melopeia : E por isso associam o Hip-Hop à violência organizada, aos gangues, à delinquência, ao crime, a eles , aos negros . Mas não há outra coisa na base do Hip-Hop que não amor. Em todas as suas formas. Discrimi-nação – qualquer Estado sabe o que precisou para se erguer, as palavras não são inofensivas. Não, as palavras não são inofensivas. Mas eles não gostam quando são os de baixo a fazer das palavras o que eles querem – e por isso vamos para a televisão dizer de boca cheia que é o Hip-Hop a causa da criminalidade juvenil; vamos fazer sala para os Observatórios das Seguranças, das Criminalidades e dos Terrorismos dizer que isto da violência que é tão antiga quanto as nossas instituições (pergunto-me se esse curioso facto não será mais que coincidência) é culpa da arte. Mas não todo o tipo de arte – só um em específico; só aquele que não se conforma com os moldes antigos e tradicionais; só aquele que se pretende desprender dos impensados mumificados. Ninguém sabe se no meio dos devaneios do experimentalismo alguma das suas criações será o rebento de um novo amanhã – e para isso há o pesticida da biopolítica. “They say that goodness in life belongs to those who believe: So, I believe. Yes I start to think and then I sink Into the paper, like I was ink When I'm writing, I'm trapped in between the lines I escape, when I finish the rhyme I start to think and then I sink Into the paper, like I was ink When I'm writing, I'm trapped in between the lines I escape, when I finish My pop said he was in love when he made me Thought about it for a second wasn't hard to see I could hear he was sincere, wasn't game or promotion The entire affair's probably charged with emotion When love call your heart I guess you got to pursue 12-11-73, my life is testament Praise the beneficent, element that breath Devoid in the form that make love manifest I spent my early years in Roosevelt Projects It was a bright valley with some dark prospects In '83, Vendy C was the host with the most I listened to the Rap Attack and held the radio close I listened to the Rap Attack and held the radio close This is far before the days of high glamour and pose Aiyo, power from the streetlight made the place dark I know a few understand what I'm talking about It was love for the thing that made me wanna stay out It was love for the thing that made me stay in the house Spending time, writing rhymes Trying to find words that describe the vibe That's inside the space When you close your eyes and screw your face Is this the pain of too much tenderness? To make me nod my head in reverence? Should I visit this place in remembrance? Or build landmarks here as evidence? Nighttime, spirit shook my temperament To write rhymes that portray this sentiment We live the now for the promise of the infinite We live the now for the promise of the infinite And we believe in the promise (Love, love, love, love, love Love, love, love, love, love) Yes, yes, y'all, and we don't stop because I start to think, and then I sink Into the paper, like I was ink When I'm writing, I'm trapped in between the lines I escape, when I finish the rhyme I got love, l-o-v-e and I be Love, l-o-v-e to emcee Get love, l-o-v-e and I be Love, l-o-v-e, I emcee Get love, l-o-v-e and I be Love, l-o-v-e to emcee Get love, l-o-v-e and I be (Love, Love) The M-O-S D-E-Finitely Check it out, y'all (Uh), feel me out, y'all (Say what) Feel me out, y'all (yeah), hear me out, y'all (Get down) Check me, out, y'all (Uh, get down, get down) Feel me out, y'all (Down, down), check it out, y'all Now hear out (Bounce), y'all Check me out, y'all (Uh), feel me out, y'all (All around the world) Check me out, y'all, feel me out, y'all Feel me out, y'all (Hear me bounce, y'all, get down) Check me out, y'all, check it out, y'all My folks said they was in love when they made me I take the love they made me with to make rhymes and beats (Can you feel?) The raw deal is all-wheel driven (right) Contemplate the essence of beats, rhymes and livin' Speech align with the rhythm (right), designed with the rhythm Ears and eyes keep in good time with the rhythm I shine with the rhythm, the Black Star Galactica You're big number fatin', we ancient like the abacus After us, I see most proceed to be trees Sprouting leaves, givin' breeze to the we who believe I M.C., which means I Must Cultivate the Earth Straight back, straight facts, heartbeats and hard work I be the "Funky Drummer" to soften the hard Earth (Amin) Pray Allah keep my soul and heart clean (Amin) Pray the same thing again for all my team From Restoration to Fort Greene, and on out to Queens Uptown To Boogie-down, yo, just look around Shook up the world like Ali in 6-3 (right) I'm reaching a height that you said cannot be I'm bringing a light which you said we can't see Saw the new day comin', it look just like me Sun bursts through the clouds, my photo ID I bring light to your day and raise your degree The universal magnetic, you must respect it From end to beginning; bright, true and living Ever-changing but sustaining magnificent Building the now for the promise of the infinite Building the now for the promise of the infinite Because... I start to think, and then I sink Into the paper, like I was ink When I'm writing, I'm trapped in between the lines I escape, when I finish the rhyme I got love, l-o-v-e and I be Love, l-o-v-e to emcee Get love, l-o-v-e and I be Love, l-o-v-e, to emcee Get love, l-o-v-e and I be Love, l-o-v-e to emcee Get love, l-o-v-e and I be (Love, Love) The M-O-S D-E-Finitely Check it out, y'all” Track 4 – Ms. Fat Booty Melopeia : Entre o espaçamento da dor, quem impedir que o Outro traceje o seu caminho com linhas franzinas de felicidade será sempre cúmplice da desumanidade que o primeiro criou. E não é preciso muito — da mesma forma que não é preciso muito para almofadar a espinhosidade da tristeza. A roupa, o cabelo, o sotaque, a música, a diferença. Migalhas que muitos de nós recusamos em tolerar. Ainda não saímos da sombra do primeiro que carregou a traço grosso a dor do Outro. “I know I can't afford to stop For one moment, that it's too soon to forget I know I can't afford to stop For one moment, that it's too soon to forget Man, duke, I was in love with this girl, duke I was tore up, dog, I'm tellin' you, man Shit is wild, man, for real It's, she's from, let me tell you about her Yo, in she came with the same type game The type of girl givin' out the fake cellphone and name Big fame, she like cats with big things Jewels chipped, money clip, phone flip, the six range I seen her on the Ave., spotted her more than once Ass so fat that you could see it from the front She spot me like paparazzi, shot me a glance In that Catwoman stance with the fat booty pants, hot damn! What's your name, love? Where you came from? Neck and wrist laced up, very little make-up The Schwinns at the Reebok gym tone your frame up Is sugar and spice the only thing that you made of? I tried to play it low key, but couldn't keep it down Asked her to dance and she was like, "Yo, I'm leavin' now" An hour later, sounds from Jamaica She's sippin' Cris' straight up, skankin', windin' her waist up Scene 2 — my fam's throwin' a jam Fareed is on the stand, big things is in the plans The brother Big Mu makes space for me to move "A-yo, this my man Mos, baby, let me introduce" I turned around (Say word!) You was the same pretty bird who I had priorly observed Tryin' to play me for the herb (Yeah, that's her) Shocked as hell she couldn't get it together I just played along and pretended I never met her How you feelin'? "Oh, I'm fine", my name is Mos "I'm Sharice" I heard so much good about you, it's nice to finally meet We moved to the booth reserved for crew especially And honey love ended up sittin' directly next to me I'm type polite, but now I'm lookin' at her skeptically 'Cause baby girl got all the right weaponry Designer fabric, shoes and accessories Chinky eyes, sweet voice is fuckin' with me mentally We conversated, made her laugh — yeah, you know me, bro Even though I know the steelo, she wild sweet, yo I'm 'bout to murk, I say peace to the family She hop up like, "How you gon' leave before you dance with me?" I know I can't afford to stop For one moment, that it's too soon to forget I know I can't afford to stop For one moment, that it's too soon to forget She blew my whole head with that, duke, I was like, word? I played it low though I was like, yeah, aight, come on then, let's go Niggas was mad, niggas was so sick, I tell (ya) Yo, honey was so blazin', she was just.. Yo, she looked like Jayne Kennedy, word bond, to my mother, man She was that ill, man She take me to the dance floor and she start whisperin' to me.. "Yo, let me apologize for the other night, I know it wasn't right But baby, you know what it's like, some brothers don't be comin' right" I understand, I'm feelin' you Besides, "Can I have a dance?" ain't really that original We laughed about it, traced her arms across my shoulder blades They playin' Lovers Rock, I got the folded fingers on her waist Heatin' my blood up like the Arizona summer Song finished then she whispered, "Honey, let's exchange numbers" Scene 3 — weeks of datin', late night conversation In the crib, heart racin', tryin' to be cool and patient She touched on my eyelids, the room fell silent She walked away smilin', singin' Gregory Isaacs Like, "If I don't, if I don't have you" Showin' me her tan line and her tattoo Playin' Sade, Sweetest Taboo Burnin' candles, all my other plans got cancelled Man, I smashed it like a Idaho potato She call me at my J.O., "Come now", I can't say no Ginseng tree trunks, rockin' the P-funk Cockin' her knees up, champion lover, not ease up Three months — she call, I feel I'm runnin' a fever Six months — I'm tellin' her I desperately need her Nine months — flu-like symptoms when shorty not around I need more than to knock it down, I'm really tryin' to lock it down Midnight, we hook up and go at it Burn a stoge and let her know, sweetheart, I got to have it She tellin' me commitment is somethin' she can't manage Wake up the next mornin', she gone like it was magic Aww, damn it! My shit is on Harrison Ford Frantic My 911's unanswered by my fly Taurus enchantress Next week, Mu hit me up, I saw Sharice at the Kittie club With some bangin' ass Asian playin' lay it down and lick me up What!?” Track 5 – Speed Law Melopeia : Intencionalmente deixado em branco. “(Watch it) Relax, pump the brakes You're speeding, money You'll smash your whole shit up (slow down) Lights be changing fast on these streets, money, slow down (Slow down) Sleeping on the wrong cats Clear like a megaphone Pretty nigga heart skipped the metronome Rocked the Trump Tower to the terrordome Poor house to pleasure domes Soprano, alto, tenor to baritone Mos Def; one of the illest that you ever known Rock steady baby, you a stepping stone Smash your foundation into pebbles My words leave your nerves unsettled You take it to the next level down Looking like a circus clown Cats like you can't even get a pound Worldwide from the river to lakeside My stage show stay live, make the sound man stage dive I cut fat cats to eight lives with my eight ball lines I'm home 'fore I'm done with all nine Got you shook like a fault line Come all shine and get tarnished Brooklyn got your pay roll garnished They form a huddle Whisper like they want trouble I melt the ice grills into rainwater puddles Make the proud-hearted leave on the humble Black steel in the hour Assemble my skill form my power My poems crush bones into powder You mumble like a coward I'm Mos Def, you need to speak louder Superheroes Get your power, your masks and capes snatched Brooklyn take what you can't take back I know a lot of cats hate that All I can say black There's a city full of walls you can post complaints at All the doubters and believers adjust your receivers "I feel it," you can taste it through the speakers The three six oh-riginal sketch lyrics so visual They rent my rhyme books at your nearest home video Tell them cats they need to sit back and observe where they at Brook-nahm Vietnam The heat is on Put your joint on cruise Try to rush you scuff your brake shoes, just cool and relax Take a breath, take ten paces back Stay on time like Omegas Brooklyn patrol like interstaters Take their license and their registration papers My joint's so passionate Make you peel out and mash your shit Get wild cold crash your whip Front chassis wrecked, but akh' you can't be too upset Tow truck got my tape in the deck I'm permanent like tattoos and birth marks Third degree burn marks Driving on tracks like Dale Earnhardt Stay on the low like the herb spot Put a big loss on your earn chart Nice since the nurse signed my birth chart Seldom seen but often heard, while your jams is barely heard Just my name is a daily word From avenues to streets, terraces and park places Stair wells, jail cells, penthouse to basements Arrangement basic, but still fans chase it Y2K can't delete the true ancient Apache war drum on the ranges Skill level dangerous Arrow head that killed all the cavemen They cry John-Blazing, but step on the pavement And get violated like a plaintiff I ain't shit to play with I give a Goddamn what your name is Delete it and make it so it never get repeated Believe it Tell the feds, tell your girl, tell your mother Conference call you wack crew and tell each other That they just ain't holding me I'm Mos Def, you hopefully Mush on before you get bust on like a ovary Tell them cats they need to ease back and observe where they at Brook-nahm Vietnam The heat is on Put your joint on cruise Try to rush you scuff your brake shoes, just cool and relax Take a breath, take ten paces back Brook-nahm Vietnam The heat is on, no off-ramp or detour Make these gassed up jokers observe the speed law Make these gassed up clowns observe the speed law Make these gassed up clowns observe the speed law 'Cause they speedin', speedin', speedin', speedin', speedin' Speedin', speedin', speedin', speedin', speedin' Speedin', speedin', speedin', speedin', speedin' Relax Slow down, you better chill, money Lights be changing fast on these streets dude Gonna smash your whole shit up You better cool out, money It ain't like that out here Look at these cats man, it's funny man You prob'ly just got that car About to fuck your whole shit up Speed laws out here, money Knight Rider cats In control like interstaters, state-ahs, state-ahs State-ahs, state-ahs, state-ahs, state-ahs, state-ahs State-ahs, state-ahs, state-ahs, state-ahs, state-ahs Stay the fuck off the road, money” Track 6 – Do It Now Melopeia : Por vezes, o mais importante não é sobre o que se diz numa determinada frase, mas antes a forma como ela é dita. A raiva, o nojo, a dor. Quando se tira o poder de articular as palavras a alguém, a única coisa que lhe resta são as suas emoções. A língua pode ser arrancada, o dialeto destruído, o crioulo ridicularizado. Mas a emoção persiste. A raiva, o nojo, a dor. Luz de trovoada muda — é uma questão de se ser visto pela primeira vez. Um dia aproximar-se-á o suficiente para ser ouvida. “Back up, back up, back up, back up Back up back up back up back up EASE off This goes out to all area crew (yes yes) To my BK crew (ooh-OOOOOOOH-WHEEE) to my QB crew My LI crew, my Shaolin crew My Dirty South crew (What cha'll niggas know about the Dirty South?) Atlanta, North Cakalak' For all my fam, all area crew (AOWWWWWWWWW) Yeah mon!! Yes, the first cut should be the deepest To penetrate beyond the muscle wall's inner regions First you was icing me, connect with the staring at the speakers Heard the rhyme, head high, what ya starin at ya sneakers You shy now, got a lot of things on your mind now You don't feel fly now, you hunting the exit sign down Fuck what you heard, 'cause I snatch the grapevine down (yea yeah) Don't understand how I ran the line down? Rewind now Yo, we be the most magnetic, so athletic Leave your peeps on the side So they can watch you and your mans get it Take the arch rivalry stance up on the podium And give the flavor to niggas but keep it low on sodium Possess shit that got you wondering how we holdin 'em Things that'll lay you out like a piece of linoleum Bring who-ever you want, we bout to bug, son, and bounce Down to Henry Hudson, after I bust one! Ay Mos Def! Alright okay How you feel? Feeling great What you want? I wanna do it to death What's up with you? You know my steez, true indeed Say it loud, black and proud Ain't no time to hesitate at the gate, do it now! Bus-a-Bus, What-a-gwan? How you feel? Feeling great What you want? I wanna do it to death, what up wit you? You know my steez, true indeed Say it loud, Black and proud Ain't no time to hesitate at the gate, do it now! Ay dios mio, me and Bustarimo muy peligro The two hottest negroes en Los Estados Unidos Hotter than Reno when discovered by Bugsy Siegel I'm black like Don Cheadle shoutin' power to the people My rhymes dipping like the lifeline on the e-boat The raw sugar cane, NutraSweet, never Equal If you in a Benzito or your mother's Buick Regal I get up like Chino shoutin power to the people Yo, me and the Mighty Mos shine like a light post Live nigga shit be straight fucking up the white folks That's why they with it now, because niggas like me and you We did it now, brought it to that level so they get it now We graduated saturated the game now Infatuated with the fame now, let me explain how We doing this, at any time or any place ready willing and able Let's get the dough secure the food on the table Ay Mos Def! Oh my god How you feel? Feeling great What you want? I wanna do it to death What's up with you? You know my steez, true indeed Say it loud, black and proud Ain't no time to hesitate at the gate, do it now! Bus-a-Bus, rhymes galore What's the deal? Feeling great What you want? I wanna do it to death, what up with you? You know my steez, true indeed Say it loud, black and proud Ain't no time to hesitate at the gate, do it now! From east, west, north, and south, I got joints for all of those Heavy aquatic water flows keepin' them on they toes Tell them thugs that wanna be CEOs to be derobed 'Fore I wear your little dumb ass out like Easter clothes! Yo, yo yo yo yo It's like a freak show, soon as my heat blow Sometime I speak slow so people understand my street flow And while we keep it hot, we got the most shine up in This whole shit, me and Mos spit and blow the show quick Watch out, your pussy sound get bucked south Mos and Busta Rhymes too bad man-a-shutout Watch out, give a damn what fancy car ya hop out Shut down your game like the NBA lockout You better watch out, I'm 'bout to black on niggas Like I'm blowin on a sax, blowin my gats on niggas Blowin my raps on niggas, now let me mash out We fatter than the biggest ass chicks pokin' they ass out Ay Mos Def! Magnetism How you feel? Feeling great What you want? I wanna do it to death, what's up with you? You know my steez, true indeed Say it loud, black and proud Ain't no time to hesitate at the gate, do it now! Bus-a-Bus, woo ha! How you feel? Feeling great What you want? I wanna do it to death, what up with you? You know my steez, true indeed Say it loud, black and proud Ain't no time to hesitate at the gate, do it now! What what, we got to do it, do it We got to do it, do it, make me do it, do it What.. wha-what-what, we got to do it, do it Make me do it, do it Do it do it do it now! What what, we got to do it, do it Do we do it, do it, do it, ah do it now! What what, we got to do it, do it Got to do it, do it Do it now!” Track 7 – Got Melopeia : Intencionalmente deixado em branco. “Some cats really like to, you know... Profile and front And then the jooks go down, all at once they like... Don't get me, don't get me Don't g-g-g-g-g-get me Don't get me, don't get me Don't g-g-g-g-g-get me Don't get me, don't get me Don't g-g-g-g-g-get me Don't get me, don't get me Don't g-g-g-g-g-get me You're out on the block hustling at the spot GOT, this is how you get Got At the gamblin' spot and your hand is mad hot GOT, this is how you get Got Out in Brooklyn late night flashing all of your rocks GOT, this is how you get Got Some girl from pink house said "I like you a lot" GOT, this is how you get Got This one goes to all them Big Will cats With ice on they limbs and big rims on they Ac You goin' around town with your system bump And your windows cracked low to profile and front Now I like to have nice things just like you But I'm from Brooklyn, certain shit you just don't do Like, high postin' when you far from home Or like, high postin' when you all alone Now, this would seem to be clear common sense But cats be livin' off sheer confidence Like "Fuck that, picture them tellin' me run that" But acting invincible, just ain't sensible It's nineteen ninety-now, and there's certain individuals Swear they rollin' hard and get robbed on principle 5 star general, flashin' on your revenue You takin' a ride on the Downstate medical, Like (whooooooo) Colorful sparks, yellow and blue A full on attack and it's happening to you Wit' nothing you can do but bust back and cop a plea But five of them and one of you, that equals Got to me Don't get me, don't get me Don't g-g-g-g-g-get me Don't get me, don't get me Don't g-g-g-g-g-get me Don't get me, don't get me Don't g-g-g-g-g-get me Don't get me, don't get me Don't g-g-g-g-g-get me Come on ya'll now, let's be real Some jokers got a rough time keepin' it concealed I wonder what it mean, it's probably self-esteem They fiendin to be seen, get hemmed like Gabardines Cats think it can't happen until the gats start clappin They comin' down the wire spittin fire like a dragon Cause while the goods glisten, certain eyes take position To observe your trickin', then catch that ass slippin' Like, come on now ock, what you expect? Got a month's paycheck danglin' off your neck And while you Cristal sippin', they rubbin' up they mittens With heat in mint condition to start the getti-gettin' They clique starts creepin' like Sandinista guerrillas You screamin' playa haters, these niggas is playa killers Mr. Fash-ion, that style never last long The harder you flash, the harder you get flashed on There's hunger in the street that is hard to defeat Many steal for sport, but more steal to eat Cat's heavy at the weigh-in, and he's playin' for keeps Don't sleep, they'll roll up in your passengers seat There is universal law, whether rich or poor Some say life's a game, to more, life is war So put them egos to the side and get off them head trips 'Fore some cats pull out them heaters and make you headless Don't get me, don't get me Don't g-g-g-g-g-get me Don't get me, don't get me Don't g-g-g-g-g-get me Don't get me, don't get me Don't g-g-g-g-g-get me Don't get me, don't get me Don't g-g-g-g-g-get me” Track 8 – UMI says Melopeia : Mãe – definida comumente como mulher que tem ou teve filho(s).  A mãe é a origem de tudo. E nós fadámos o nosso destino quando fizemos da indígena mãe.  Mãe cujos filhos forçamo-la a ter depois de a violarmos. Filhos que negámos. Filhos que matámos — mas mãe que não conseguimos apagar. Mãe indelével. De vagina negra e sangrenta, mutilada mas indemne. Grávida do sangue de amanhã. “I don't wanna write this down I wanna tell you how I feel right now I don't wanna take no time to write this down I wanna tell you how I feel right now, heyyyy! (World premiere) Tomorrow may never come For you or me, life is not promised Tomorrow may never show up For you and me, this life is not promised I ain't no perfect man I'm tryin' to do the best that I can with what it is I have I ain't no perfect man I'm tryin' to do the best that I can with what it is I have Put my heart and soul into this song I hope you feel me From where I am, to wherever you are I mean that sincerely Tomorrow may never come For you and me, life is not promised Tomorrow may never appear You better hold this very moment very close to you (Right now) Very close to you (Right now) So close to you! (Right.. NOW!) Soooo close to you! Don't be afraid, just let it shine My Umi said shine your light on the world Shine your light for the world to see My Abi said shine your light on the world Shine your light for the world to see My Umi said shine your light on the world Shine your light for the world to see My Abi said shine your light on the world Shine your light for the world to see I want black people to be free, to be free, to be free All black people to be free, to be free, to be free All black people to be free, to be free, to be free All black people to be free, to be free, to be free All black people to be free... Sometimes, I get discouraged I look around and, things are so weak, people are so weak Sometimes, sometimes, I feel like cryin' Sometimes, my heart beat's heavy Sometimes, I just wanna leave and.. fly away! (Fly, like a dove) Sometimes, I don't know what to do with myself (Ow!!!) Passion takes over me Feel like a man, goin' insane, losin' my brain, tryna maintain, doin' my thang Hey-hey-hey-hey-hey Put my heart and soul into this, y'all! I hope you feel me, where I am to wherever you are (Ha-ha!) Sometimes, I don't wanna be bothered Sometimes, I just want a quiet life — me and my baby, me and my lady Sometimes, I don't wanna get into no war Sometimes, I don't wanna be a soldier Sometimes, I just wanna be a man, but.. Umi said shine your light on the world Shine your light for the world to see My Abi said shine your light on the world Shine your light for the world to see My Jiddo said shine your light on the world Shine your light for the world to see My elders said shine your light on the world Shine your light for the world to see I want black people to be free, to be free, to be free All my people to be free, to be free, to be free All black people to be free, to be free, to be free All black people to be free That's all that matters to me That's all that matters to me That's all that matters to me That's all that matters to me That's all that matters to me That's all that matters to me Black people unite and let's all get down Gotta have what? Gotta have that love Peace and understanding One God, one light One man, one voice, one mic Black people unite, come on, and do it right Black people unite, come on, and do it right Black people unite, come on, and get down Gotta have what? Love, peace and understanding One God, one voice, one life One man, gon' shine my light Black people unite, now hop up and do it right Black people unite, now come on and do it right Yeah, baby, that's what I like Yeah, baby, that's what I like Black people My people Black people My people My people My people” Track 9 – New World Water Melopeia : O sangue que nos cobre os pés foi hoje enevoado. Tudo se dissipou na falsa penitência formal – os racistas dos nossos dias trocaram o linchamento do chicote pelo princípio da igualdade e da não discriminação! Qualquer argumento encerrará dentro de si a mentira e a má-fé se se couraçar com a tautologia vazia do Direito. “There's nothing more refreshing (That cool refreshing drink) Than having a clear, crisp, clean glass of water On a warm summer's day (That cool refreshing drink) Try it with your friends New World Water make the tide rise high Come inland and make your house go "Bye" (My house!) Fools done upset the Old Man River Made him carry slave ships and fed him dead niggas Now his belly full and he about to flood somethin' So I'm throwin' rope that ain't tied to nothin' Tell your crew use the H2 in wise amounts since The New World Water; and every drop counts You can laugh and take it as a joke if you wanna But it don't rain a full week some summers And it's about to get real wild in the half You be buying Evian just to take a fuckin bath Heads is acting wild, sippin' poor, puffin' dank Competin' with the next man for higher playin' rank See I ain't got time tryin' to be Big Hank Fuck a bank; I need a twenty-year water tank Cause while these knuckleheads is out here sweatin' they goods The sun is sitting in the treetops, burnin' the woods And as the flames from the blaze get higher and higher They say, "Don't drink the water! We need it for the fire!" New York is drinkin' it (New World Water) Now all of California is drinkin' it (New World Water) Way up North and Down South is drinkin' it (New World Water) Used to have minerals and zinc in it (New World Water) Now they say it got lead and stink in it (New World Water) Fluorocarbons and monoxide Push the water table lopside Used to be free, now it cost you a fee 'Cause oil tankers spill they load as they roam across the sea Man, you gotta cook with it, bathe and clean with it (That's right) When it's hot, summertime you fiend for it (Let 'em know) You gotta put it in the iron you steamin' with (That's right) It's what they dress wounds and treat diseases with (Shout it out) The rich and poor, black and white got need for it (That's right) And everybody in the world can agree with this (Let 'em know) Consumption promotes health and easiness (That's right) Go too long without it on this earth and you leavin' it (Shout it out) Americans wastin' it on some leisure shit (Say word?) Another nation be desperately seekin' it (Let 'em know) Bacteria washing up on they beaches (Say word?) Don't drink the water, son they can't wash they feet with it (Let 'em know) Young babies in perpetual neediness (Say word?) Epidemics hoppin' up off the petri dish (Let 'em know) Control centers try to play it all secretive (Say word?) To avoid public panic and freakiness (Let 'em know) There are places where TB is common as TV Cause foreign-based companies go and get greedy The type of cats who pollute the whole shore line Have it purified, sell it for a dollar twenty-five Now the world is drinkin' it (New World Water) Your moms, wife, and baby girl is drinkin' it (New World Water) Up North and Down South is drinkin' it (New World Water) You should just have to go to your sink for it (New World Water) The cash registers is goin' "cha-chink!" for it (New World Water) Fluorocarbons and monoxide Got the fish lookin' cockeyed Used to be free, now it cost you a fee 'Cause it's all about gettin' that cash (Money) Said it's all about gettin' that cash (Money) Said it's all about gettin' that cash (Money) Said it's all about gettin' that cash (Money) Said it's all about gettin' that cash (Money) Said it's all about gettin' that cash (Money) Said it's all about gettin' that cash (Money) Said it's all about gettin' that cash (Money) Said it's all about gettin' that cash (Money) Said it's all about gettin' that cash (Money) Johnny Cash (Money) Roseanne Cash (Money) Give me cash (Money) Cold cash (Money) Cash rules everything around me Move!” Track 10 – Rock N Roll Melopeia : São brancas as nossas flores; as folhas das nossas árvores. Mas são Negras as raízes sobre as quais nos construímos. Irrepreensivelmente Negras. Elvis Presley, Led Zeppelin, Pink Floyd, Rolling Stones — são brancas as nossas flores. Mas são Negras as raízes sobre as quais nos construímos — Chuck Berry, Fats Waller, Bo Diddley, James Brown. Não há qualquer tipo de malícia nisto tudo. Pelo menos não haveria, se a branquitude se não recusasse a reconhecer as suas origens. Mas não poderia ser de outra maneira – o confronto entre a imagem idealizada do ‘eu’ e a sua brutalidade violenta concreta e sempre potencial gera a dissociação na consciência do paciente. São Brancas as nossas flores – a expansão marítima, o desenvolvimento, a inovação, a qualidade de vida. Mas são negras as nossas raízes – a escravatura, a plantação, a pilhagem do Sul Global.  E por isso a brutalidade é imputada ao Outro; ao violentado; ao morto. E por isso o Negro é o incivilizado, o violento, o imprevisível. E as suas criações (offsprings) desdenhosas até serem cooptadas (pintadas) pela branquitude. As flores Negras são tingidas de branco ensanguentado, e as raízes extirpadas. Mas sem a Negritude da terra nunca alguma vez poderemos ser alguém. Árvores que chegam ao céu têm raízes no inferno.  “Make me wanna holla! "Ah.. ah-ah, ah-ah.. ah-ah, ah-lert the squad.." Rock and roll (Huh) My grandmomma was raised on a reservation (Huh) My great-grandmama was, from a plantation They sang - songs for inspiration They sang - songs for relaxation They sang - songs, to take their minds up off that Fucked up situation I am, yes I am, the descendant (yes yes) Of those folks whose backs got broke Who fell down inside the gun smoke (Black people!) Chains on their ankles and feet I am descendants of the builders of your street (Black people!) Tenders to your cotton money I am hip-hop "It's heavy metal for the black people" I am rock and roll (rock and roll, rock'n'roll) Been here forever They just ain't let you know (HA!) I said, Elvis Presley ain't got no soul (huh) Chuck Berry is rock and roll (damn right) You may dig on the Rolling Stones But they ain't come up with that style on they own (uh-uh) Elvis Presley ain't got no soul (hell naw) Little Richard is rock and roll (damn right) You may dig on the Rolling Stones But they ain't come up with that shit on they own (nah-ah) Guess that's just the way shit goes You steal my clothes and try to say they yours (yes they do) Cause it's a show filled with pimps and hoes Trying to take everything that you made or control (there they go) Elvis Presley ain't got no soul Bo Diddley is rock and roll (damn right) You may dig on the Rolling Stones But they ain't the first place the credit belongs Say whoa-oh (don't take it) Oh-we-oh (black music) Whoa-oh (don't take it) Oh-we-oh (black music) Whoa-oh (Jimi Hendrix say) Oh-we-oh (black music) Whoa-oh (Albert King and) Oh-we-oh (and Motown) I ain't trying to diss But I don't be trying to fuck with Limp Bizkit ("The fuck is on your mind?") When I get down in my zone I be rockin Bad Brains and Fishbone I ain't tryin to slow your groove But that ain't the way I'm trying to move I don't turn on Korn to get it on; I be playing Jimi Hendrix 'til the dawn That's my word is bond Sitting up on my front lawn Got the volume turned to ten Playing Albert King the best again (black) When the morning in the cooker Got to turn on some John Lee Hooker When I want some rock and roll Go to Otis Redding to get some soul Say, James Brown got plenty of soul James Brown like to rock and roll He can do all the shit fo' sho' That Elvis Presley could never know (black people) Said, Kenny G ain't got no soul John Coltrane is rock and roll (uh-huh) You may dig on the Rolling Stones But they could never ever rock like Nina Simone Say whoa-oh (don't take it) Oh-wee-oh (black music) Whoa-oh (don't take it) Oh-we-oh (black music) Whoa-oh (don't take it) Oh-we-oh (black music) Whoa-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh-oh "ah-lert the squad" Who am I, huh! Get your punk ass up Elvis Presley ain't got no soul Jimi Hendrix is rock and roll You may dig on the Rolling Stones But everything they did they stole Elvis Presley ain't got no soul Bo Diddley is rock and roll You may dig on the Rolling Stones But we send their punk ass home Who am I? (Rock and roll) (x10) Say, rock and roll! Who am I? Rock and roll! (x6) Get your punk ass up Company, move For Harlem, Fort Greene, Compton East St. Louis, Detroit (BO BO) Chicago (BO BO) Bed-Stuy (BO BO) Flatbush (BO BO) Brownsville (BO BO) East New York (BO BO) Newark New Jersey (BO BO) Illadelphia Cincinnati Atlanta the Dirty South All towns GET YOUR PUNK ASS UP!! "Rock and roll for the black people" Hi ma "Well that was just wonderful"” Track 11 – Know That Melopeia : Sem as marcas das grilhetas nos pulsos nunca seríamos capazes de viver. Não mo disseram alguma vez. Mas a ferida sempre viva dói demasiado para me imaginar sem ela. O peso ontológico da dor prime-se contra a pele descarnada de cada um – e as lágrimas que deitei pelo meu castigo gangrenado um dia tornaram-se na sede de marcar da mesma forma que fui marcado. “I strike the empire back I strike the empire back Fuck the empire High flying like the Millenium Falcon piloted by Han Solo I never roll for dolo, fronting on me's a no-no Understand, doing this for my family Ha ha, check it out y'all Yo, I'm trying to make a dollar out of what makes sense Add it up, told my daddy I'd be a rich man You never know when your fate gon' switch hand Get today's solid ground out of yesterday's quicksand I was a young boy who dreamt about being a big man On small looseleaf sheets, I sketched a big plan Gotta handle business properly, boost up my economy Store it up and get my mom some waterfront property Yesterday was not for me but nowaday it's time for me The streets is watching me, I watch back, that's the policy Moving along my odyssey like blood through the artery Navigate the treacherous and make it seem effortless Let those who make the exodus seekin' the North beacon From beating and hog-eating, from punishment all season From hands cracked and bleeding, cotton thorns in your palms It's for y'all that I sketch these songs, and it goes Yea, though I walk through the valley of the shadow I fear no man, because faith is the arrow My vocal chord travel worldwide to block narrow We can blow with the ammo or go mano-a-mano Kweli is you with me (What up, what up) Let's make it happen I burn through your argument with action My eyes stay fastened to tomorrow, looking for a brighter day When y'all wanna leave y'all Right away Shout it out from East-West (from South to Northern) From Cackalack (to California) From the coldest (to the warmest) To the borders ('cross the waters) understand.. ".. and know that I love you.." We got love in the place Shout out to all the Queens (all the Seeds) To all the teams (that's gettin' cream) From outlaw (to emcees) Make it happen (do your thing) understand.. ".. and know that I love you.." Ladies and gentlemen, ladies and gentlemen, ladies and gentlemen Guess who The illest MC in the atmosphere Yeah the Soul Controller Who roam the frontier like a Buffalo Soldier I follow the code of honor like a real man gonna Never disrespect no women 'cause I love my momma These cats be giving us praise but it ain't that accurate I give it up to God, all that love and attachment get Scary well-prepared with the shears when it get hairy Like how these niggas is looking like some fairies And singing like canaries to the beast And anybody who will listen to 'em clearly Y'all don't hear me though, even when I'm coming through in stereo You make a mockery of what I represent properly Yo, why you starting me I take that shit straight to the artery Intellectual property I got the title and the deed I pay for rent with the tears and sweat and what I bleed MCs imitate the way we walk, the way we talk You cats spit lyrical pork with no spiritual thought Plus your flow a little bit off You come across soft Back in the days niggas like that on stage got tossed off Need to get crossed off the guestlist It's like you gotta be disrespected and thrown out the exit To get the message Sometimes your sunshine get snatched like a necklace When you get too drunk on power and your drive get reckless Check it, MCs in my face after I slug you then I hug you If I gotta dead you know it's only 'cause I love you Shout it out from East-West (From South to Northern) From the richest (to the poorest) To the elders (in the coffins) Living native (dying for it) understand And know that I love you Yea, yea, we got love in the place Shout out from up top (to the middle) To black bottom (sky high!) Whether you colder than December Or hotter than July It don't stop til we complete this And know that I love you Keep this fly It's so much to life when you just Stay black My people, my people” Track 12 – Climb Melopeia : Só seremos felizes quando a palavra saudade for extirpada do nosso vocabulário. Sejamos Negramente claros: a quem é que importa evocar constantemente o passado? Quem é que foi verdadeiramente feliz antes? Quem é que se vidra na presença ausente porque não aceita fitar o espaço que se lhe abre diante dos olhos de hoje? Sejamos claramente Negros: o presente e o passado não são de todos. A ânsia (longing) por este é apenas a forma escamoteada de negar um futuro de todos. A saudade está manchada de política. “People climbed into the night like space suits People stepped into the night like moon boots Marching like moon troops In their soot colored zoot suits People climbed into the night like cool wells Shiney bottles in their hands Drinking their new selves They say it's their true selves People climbed up in the night like green trees They were hanging from the night like green leaves Buzzing like queen bees People climbed into the night like space suits People stomped inside the night Stomping and stomping and stomping and stomping and stomping Where are they going? What's the rush? Everybody in the place was so out of touch Hey Night-time is when the things get heavy You feel alone and you want somebody Loneliness whispers desperate measures And your frantic all by yourself Night-time is when the things get heavy You feel alone and you want somebody Loneliness whispers desperate measures Baby, don't make no fast moves Baby, don't make no fast moves Baby, don't make no fast moves Baby, don't make no fast moves tonight People stomped inside the night Let me climb into the night... Let me climb...” Track 13 – Brooklyn Melopeia : Intencionalmente deixado em branco. “Hey, hey! Haha! Say what, say what? Haha! Hahaha! Bust it, yo! Sometimes, I feel like I don't have a partner Sometimes, I feel like my only friend Is the city I live in, this beautiful Brooklyn Long as I live here, believe I'm on fire, hey 'Cause it's the B-the-R-the-O-the-O-K L-Y-N is the place where I stay The B-to-the-R-the-O-the-O-K Best in the world and all USA It's the B-to-the-R-the-O-the-O-K L-Y-N is the place where I stay The B-to-the-R-the-O-the-O-K Place where I rest is on my born day Bust it! Sometimes, I sit back and just reflect Watch the world go by, and my thought connect I think about the time past and the time to come Reminisce on Bed-Stuy when I was spry and young I used to try and come to the neighborhood function Throw on my Izod, say a little somethin' When I was just a youngin', before the days of thuggin' How me and Charlie Chims, and yo, what?! I'm only buggin' Fast forward — 9, now I gotta team my seed I must proceed at God's speed to perform my deed Livin' the now space and time, 'round the nine-to-five For as long as I'm alive, pah, I gotta strive I ain't sittin roadside, that ain't part of the plan I'm out here for my fam', doin' all that I can I love my city! Sweet and gritty, inland to outskirts Nickname Bucktown 'cause we prone to outburst Philosophy redefine us, touch mine? I touch back Walk the streets like ya sweet, and get beat like drum tracks Catch no shakes, over Jakes (Woop-Woop!), we bust back Bring the marty to your face with no place to run back I'm from the slums that created the bass that thump back This ain't a game, clown, play ya James Brown and jump back What you want, Jack? Young cats stash they jums at Draw they guns back, momma screams where she sons at Tryin' to hunt that, recurrin' dream of high stakes The fourth largest, first hardest, Brooklyn is the place Settled by the Dutch many years ago Three million strong, and here we go! Good morning, Vietnam! (We live in Brooklyn, baby) (Wake up, wake up) (We live in Brooklyn, baby) (Wake up, wake up) Yo, sometimes, I sit back, reflect on the place that I live at Unlike any place I ever been at The home of big gats, deep-dish hammer rim caps Have a mishap, push your wig back Where you go to get the fresh trim at Fulton and Jay got the Timb rack Blue collars metro cardin' it Thugs mobbin' it, form partnership, increase armament Street pharmacists — deep consequence When you seek sleek ornaments, you get caught Rode the white horse and can't get off Big dogs that trick off just get sent off They shoebox stash is all they seeds gotta live off It's real, yo, but still, yo, it's love here And it's felt by anybody that come here Outta-towner's take the train, plane and bus here Must be somethin' that they really want here One year as a resident, deeper sentiment They shout out, "Go Brooklyn!" — they representin' it Sittin' on they front stoop, sippin' Guinness's Usin' native dialect in they sentences From the tree-line blocks to the tenements To the Mom and Pop local shop businesses We travel all around the world in great distances And ain't a place that I know that bear resemblance That's why we call it 'The Planet' Not a borough or a province, our style is uncommon From Sumner to Tompkins to Lafayette Gardens Wyckoff, Gowanus, in they army jacket linings Yo, this goes out to my cats in Coney Isle Friday night out in front The Himalaya, goin' wild This goes out to Crown Heights and Smurv Village The '90s, and all my yarda Trini Brownsvillers Parkside tennis courts; 30's, 40's and the 50's The cats out in Starrett City gettin' busy To the Hook, to the East, to the Stuy Bushwick and Canarsie Farragut, Fort Greene and Marcy My Flatbush posse, generals and armies When it's time to form, just call me And let this song be playin' loud and long, B If you love Bucktown strongly Raze it up! Brooklyn — my habitat, the place where it happen at Lives sway in the sharp balance of the battle axe Irons is brandished at, thugs draw they hammer back It's where you find the News Two crew cameras at It's where my fam is at, the summertime jam is at They play B.I.G. and get you open like a sandal back Hotter than candle wax, hustlin', you can't relax The crack babies tryin' to find where they mamas at It's off the handle, black, with big police scandals that Turn into action screenplays sold to Miramax The type of place where they check your appearance at And cats who know where all the hot 'Lo gear is at The stompin' grounds where you find the pound smokers that Be Blazin' John, that have your wave cap floatin' back The doorstep where the dispossessed posted at Dope fiends out on Franklin Ave. sellin' Zovirax You big ballin'? Better keep your money folded back 'Cause once the young guns notice that, it's over, black! "Brooklyn keep on takin' it!" — worldwide we known for that! Flossy cats get it snatched like the local tax The place I sharpen up my baritone vocals at Where one of the greatest MC's was a local cat!” Track 14 – Habitat Melopeia : O que nos vale é ainda termos o palhaço do circo para nos distrairmos da vida – se não formos felizes, ao menos seremos divertidos, leia-se obedientes e gratos.  Mas o que deverá acontecer se nos matarem o palhaço diante da frieza dos nossos olhos com um joelho no pescoço ou cinco tiros à queima-roupa?  Já não precisamos de um palhaço para o circo correr; é a sua ausência que nos diverte – a máquina está montada. Ainda hoje continuamos a ignorar que o mais importante talvez nunca tenha sido a existência de um palhaço, mas a sua inserção no espaço circo. É em primeiro lugar no espaço que nos determinamos – e o espaço em que nos encontramos está geometricamente planeado para dar azo a formas de poder dissimuladas. As luzes do espetáculo há muito que se ocaram. É necessário cultivar formas de estudar a constante presença faltante da geometria e da (geo)grafia da nossa opressão. Caso contrário, apontaremos sempre para o palhaço ausente no meio do circo como o culpado de tudo, inscientes que assim continuaremos a olhar para a ponta do dedo que aponta e não para onde ela nos remete.  “We all got to have, some place that we come from (Home: a place where someone lives, a residence) This place that we come from is called home (The physical structure within which one lives, such as a house) We set out on our travels, we do the best we can (A dwelling place with the social unit that occupies it, a household) We travel this big earth as we roam (An environment offering security and happiness. A valued place. A native habitat) We all got to have, some place where we come from (A place where something is discovered, founded, developed, or promoted) This place that we come from is called home (A source, a headquarters, a home base) And even though we may love, this place on the map (All correlating to a teams place of origin on or into the point of which something is directed to the center or the heart. ?) Said it ain't where ya from, it's where ya at I come up in the street around some real wild brothers With more than one name and more than one baby mother More than one case, been on more than one run Got more than one enemy and more than one gun Partner, all that is left to want is more While them cats whose less privileged is just more raw Less space cause the projects laced with more flaws Less sleep cause the nights ain't peace, it's more war The can is raw like thirsty, rainy season thunder claps On the block with your old pop pleading number act To the spot with the red top fiends is huddled at To the crib where the little kids spend their summers trapped With the jungle cats, lions and tigers, leopards and cheetahs For gazelle you get chased like a zebra, they blaze cheeba-cheeba And dominate the weaker on the street Hungry bellies only love what they eat and it's hard to compete When they smilin with your heart in they teeth And the odds is stacked high beyond and beneath Son I been plenty places in my life and time And regardless where home is, son home is mine We all got to have (in this world) some place where we come from (travellin travellin travellin travellin) This place that we come from is called home (so many places I go) We set out on our travels, (in this world) we do the best we can (travellin travellin) We travel this big earth as we roam (roam roam roam) We all got to have, some place that we come from (people all over the world) This place that we come from is called home (got to have some place to call home) And even though we may love, this place on the map (place on the map) Said it ain't where ya from, (ain't where you from) it's where ya at Some people live out in-New York City Some people live out in-Atlanta Some people got to live-Chicago Some people do live-Miami All my people at-California And other people got to live-London And everybody got to live in the whole big world Together just you and me When I think of home, my remembrance of my beginning Laundromat helping ma dukes fold the bed linen Chillin in front my building with my brother and them Spending nights in Bushwick with my cousins and them Wise town and Beat Street, federal relief Slowly melting in the morning grits we used to eat Sticking to your teeth and teeth is hard to keep With every flavor Now & Later only a dime apiece Old timers on the bench playing cards and thangs Telling tales about they used to be involved in things Start to drinking, talking loud, cussing up and showing out On the phone, call the cops, pick'em up, move'em out And it's all too common to start wildin I'm a pirate on an island seeking treasure known as silence And it's hard to find Block parties in dark lobbies Funeral homes packed but only dark bodies I can't sleep hardly, stirred up like Bob Marley Marley Marl played the symphony, remember we recall Son I been to many places in my space and time And whatever my home is, son home is mine We all got to have, (been all over this world) some place where we come from (travellin travellin travellin travellin) This place that we come from is called home (so many places I go) We set out on our travels, (set out on the travels) we do the best we can (and do the best I can) We travel this big earth as we roam (? best I know) We all got to have, (we all got to have) some place where we come from (some place you call home) This place that we come from is called home (some place your heart can be close to) And even though we may love, (we may love) this place on the map (this place on the map) Said it ain't where ya from, (no no) it's where ya at (it ain't where ya at) I said it ain't where ya from, (hey hey) it's where ya at I said it ain't where ya from, (no no) it's where ya at (I said it ain't where ya from, it's where ya at) (I said it ain't where ya from, it's where ya at) (I said it ain't where ya from, it's where ya at) It's where ya at” Track 15 – Mr N*gga Melopeia : A linguagem é normativa. Falhar em reconhecê-lo é um erro crasso. Antes de a usarmos para criar leis, comandos, proibições e ordens, a linguagem opera desde logo enquanto norma a partir do momento em que se decide quem a pode usar, quando o pode fazer e de que forma. Moldar a linguagem à figura das nossas idiossincrasias é imprimir nela a forma como cremos que o mundo deve ser. E a nossa gramática está manchada de branquitude. É por isso que o ato de uma população de reivindicar coletivamente para si o uso exclusivo de uma palavra é de inignorável importância. E um borrão imperdoável na brancura das nossas palavras. O facto de a palavra ter sido originalmente criada como punhal preferido de degradação e humilhação do branco é poético, no mínimo. No máximo, um negligenciado (overlooked) e subestimado processo semântico de inversão de papéis – o total esvaziamento da palavra carregada de maldade e ódio e o seu posterior (re)preenchimento com orgulho e emancipação por parte daqueles a quem a maldade e o ódio eram intencionados.  As pedras que me atirares hoje serão amanhã estátuas dos meus templos dos quais estarás para sempre proscrito. “Say ho, everybody say ho By the way yo I said take it slow like way back in the day-yo By the way yo, everybody say ho Everybody say hooooo- hooo Everybody say ho And check it out now Who is the cat dining out on the town And make the whole dining room turn they head round Mr. Nigga, Nigga Nigga He got the speakers in the trunk with the bass on crunk Who be riding up in the high rise elevator Other tenants who be prayin that he ain't the new neighbor Mr. Nigga, Nigga Nigga They try to play him like a chump cause he got what they want He under thirty years old but already he's a pro Designer trousers slung low cause his pockets stay swoll' Could afford to get up and be anywhere he go V.I.P. at the club, backstage at the show (Yes y'all) the best crib, the best clothes Hottest whips on the road neck and wrists on froze (say word) Checks with Os, o-o-o-o-ohs Straight all across the globe, watch got three time-zones Keep the digital phone up to his dome Two assistants, two bank accounts, two homes One problem; even with the Os on his check The po-po stop him and show no respect "Is there a problem officer?" Damn straight, it's called race That motivate the jake (woo-woo) to give chase Say they want you successful, but that ain't the case You living large, your skin is dark, they flash a light in your face Now, who is cat dining out on the town Maitre'd wanna take a whole year to sit him down Mr. Nigga, Nigga Nigga He got the speakers in the trunk with the bass on crunk Now, who is the cat at Armani buying wears With the tourists who be asking him, do you work here? Mr. Nigga, Nigga Nigga Nigga Nigga Yo, the Abstract with the Mighty Mos Def White folks gotta mumble the chorus beneath they breath (I didn't say it!) But they'll say it out loud again When they get with they close associates and friends You know, sneak it in with they friends at the job Happy hour at the bar, while this song is in they car And even if it's never said and lips stay sealed They actions reveal how their hearts really feel Like, late night I'm on a first class flight The only brother in sight, the flight attendant catch fright I sit down in my seat, 2C She approach officially, talking about, "Excuse me" Her lips curl up into a tight space Cause she don't believe that I'm in the right place Showed her my boarding pass, and then she sort of gasped All embarrassed, put an extra lime in my water glass (So sorry) An hour later here she come by, walkin' past "I hate to be a pest but my son would love your autograph" Wow.. (I saw you roll your eyes, Mr. Nigga I love your albums!..) They stay on nigga patrol on American roads And when you travel abroad they got world nigga law Some folks get on a plane, go where they please But I go overseas and I get over-seized London, Heathrow, me and my people They think that illegal's a synonym for negro Far away places, customs agents flagrant They think that dark faces smuggle weight in they cases Bags inspected, now we arrested Attention directed to contents of our intestines Urinalysis followed by X-rays Interrogated and detained 'til damn near the next day No evidence, no apology, and no regard Even for the big American rap star For us especially, us most especially A Mr. Nigga VIP jail cell, just for me (If I knew you were coming I'd have baked a cake) Just got some shoe-polish, painted my face They say they want you successful, but then they make it stressful You start keeping pace, they start changing up the tempo Now, who is cat riding out on the town (Ha ha) State trooper wanna stop him in his ride, pat him down Mr. Nigga, Nigga Nigga He got the speakers in the trunk with the bass on crunk Now, who is the cat with the hundred dollar bill (What, what say word) They gotta send it to the lab to make sure the shit is real Mr. Nigga, Nigga Nigga Nigga Nigga.. Nigga You can laugh and criticize Michael Jackson if you wanna; Woody Allen molested and married his step-daughter Same press kicking dirt on Michael's name Show Woody and Soon-Yi at the playoff game (Holding hands) Sit back and just bug, think about that Would he get that type of dap if his name was Woody Black? O.J. found innocent by jury of his peers And they been fucking with that nigga for the last five years Is it fair, is it equal, is it just, is it right? Do you do the same shit when the defendant face is white? If white boys doing it, well, it's success When I start doing it, well, it's suspect Don't hate me, my folks is poor, I just got money America's five centuries deep in cotton money You see a lot of brothers caked up, yo straight up It's new, y'all livin off of slave traders' paper But I'm a live though, yo I'm a live though I'm puttin up the big swing for my kids, yo Got my mom the fat water-front crib, yo I'm a get her them pretty bay windows I'm a cop a nice home to abide in A safe environment for seeds to reside in A fresh whip for my whole family to ride in And if I'm still Mr. Nigga, I won't find it suprisin'” Track 16 – Mathematics Melopeia : A humanidade de um gesto não é quantificável. O que mais custa a alguns é que a vida não seja conta certa e que a sua divisão dê sempre um resto. Angústia filosófica — mas raras vezes se falou da dimensão política dos números. A desumanidade de um gesto também não é quantificável.  A quem dá jeito reduzir escamotear as questões sociais com a matriz neurótica dos números? O PIB, os orçamentos, as taxas de encarceramento, criminalidade, a delinquência juvenil. A quem convém apagar o matiz das questões com o peso surdo do número?  Nós escolhemos a ciência porque a religião sempre foi castradora, mas esquecemo-nos de que quando a capitalizamos, a Ciência também se torna amputada (handicapped, shortcomed).  E apesar de tudo isto, o que mais nos devia transtornar é haver ainda assim estatísticas que nos contextualizem a desumanidade a que muitos estão sujeitos. Bucka-bucka-bucka-bucka-bucka-bucka, haha! You know the deal; it's just me, yo Beats by Su-Primo for all of my people, Negroes and Latinos And even the gringos Yo, check it 1 for Charlie Hustle, 2 for Steady Rock 3 for the forth-comin' live future shock It's 5 dimensions, 6 senses 7 firmaments of heaven and hell 8 million stories to tell 9 planets faithfully keepin' orbit, with the probable 10th The universe expands length The body of my text possess extra strength Power-lift the powerless up out of this towering inferno My ink so hot, it burn through the journal I'm blacker than midnight on Broadway & Myrtle Hip-Hop passed all your tall social hurdles Like the nationwide projects-prison-industry complex Working-class poor — better keep your alarm set Streets too loud to ever hear freedom ring Say evacuate your sleep, it's dangerous to dream For ch-ching, cats get the "Cha-pow!" — you dead now Killing fields need blood to graze the cash cow It's a numbers game, but shit don't add up somehow Like I got 16 to 32 bars to rock it But only 15% of profits ever see my pockets Like $69 billion in the last 20 years Spent on national defense, but folks still live in fear Like nearly half of America's largest cities is one-quarter black That's why they gave Ricky Ross all the crack 16 ounces to a pound, 20 more to a ki A 5 minute sentence hearing and you no longer free 40% of Americans own a cell phone So they can hear everythin' that you say when you ain't home I guess Michael Jackson was right — you are not alone Rock your hardhat, black, 'cause you in the Terrordome Full of hard niggas, large niggas, dice-tumblers Young teens and prison greens facin' life numbers Crack mothers, crack babies and AIDS patients Young bloods can't spell, but they could rock you at PlayStation This New Math is whippin' motherfuckers' ass You wanna know how to rhyme? You better learn how to add It's mathematics "The Mighty Mos Def" "It's simple mathematics" "Check it out" "I revolve around science" "What are we talking about here?" "The Mighty Mos Def" "It's simple mathematics" "Check it out" "I revolve around science" "What are we talking about here?" "Do your math, do your math" "1, 2, 3, 4" "What are we talking about here?" Yo, it's 1 universal law, but 2 sides to every story 3 strikes and you biddin' for life, mandatory 4 MC's murdered in the last 4 years I ain't tryin' to be the 5th when the millennium is here Yo, it's 6 million ways to die from the 7 deadly thrills 8-year-olds gettin' found with 9mils It's 10PM, where your seeds at? What's the deal? He on the hill pumpin' krills to keep they bellies filled Light in the ass with heavy steel, sights on the pretty shit in life Young soldiers tryin' to earn they next stripe When the average minimum wage is $5.15 You best believe you gotta find a new grind to get C.R.E.A.M The white unemployment rate is nearly more than triple for black Some front-liners got they gun in your back Bubblin' crack, jewel theft and robbery to combat poverty And end up in the global jail economy Stiffer stipulations attached to each sentence Budget cutbacks, but increased police presence And even if you get out of prison still livin' Join the other 5 million under state supervision This is bidness; no faces, just lines and statistics From your phone, your Zip Code, to SSI digits The system break man, child and women into figures 2 columns for "Who is" and "Who ain't" niggas Numbers is hard and real and they never have feelings But you push too hard, even numbers got limits Why did one straw break the camel's back? Here's the secret — the million other straws underneath it It's all mathematics "The Mighty Mos Def" "It's simple mathematics" "Check it out" "I revolve around science.." "What are we talking about here?" "The Mighty Mos Def" "It's simple mathematics" "Check it out" "I revolve around science.." "What are we talking about here?" "Do your math, do your math" "1, 2, 3, 4" "What are we talking about here?" (Mathematics, mathematics, mathematics...) Track 17 – May-December Melopeia : Há uma linha ténue demais entre o endossamento a um determinado movimento político e a sua apropriação egoísta ao ponto de tomarmos a luta de outros como a nossa própria. Este exercício de escrever sobre a gramática específica de um artista que vive todos os dias as feridas da negritude, sendo a mão que segura a caneta a de um corpo visto como branco, não é exceção. Pode ser – e deverá ser – visto como um ato egoísta e de ingenuidade de alguém que não sabe – porque não poderá nunca saber – como se solidarizar de outra forma com lutas de grupos dos quais não faz parte. Não obstante, é a consciência da inutilidade cósmica dos seus trabalhos que tornam a obra do artista ainda mais importante – e real, se quisermos. Talvez, o facto de sabermos que desconhecemos na primeira pessoa os problemas de um determinado grupo e ainda assim decidirmos afincadamente defendê-lo como se fosse nosso torna a nossa militância política ainda mais importante – e real. Peço desculpa por algo que não fiz, sabendo o quão ridículo é – mas peço porque sei que aquilo que não fiz está ainda assim entranhado na epiderme política que reveste as possibilidades de me determinar a mim mesmo enquanto sujeito, ao mesmo tempo que descarnou a epiderme das possibilidades de um Outro. Sei que nunca poderei apoiar qualquer movimento político exterior à minha condição de modo absolutamente neutro e, passe a redundância, exterior – porque o ato de afiliação às causas e às reivindicações de um grupo também mexe diretamente comigo, precisamente por provocar em mim a consciência do quão envolvido estou, ainda que involuntariamente, nas relações e conflitos de poder, dinâmicas de privilégios-desvantagens, injustiças e injustiçadas/os atuais. Como qualquer ser vivo que acaba de nascer, aquele que politicamente recém-nasce e desperta para a forma como faz inelutavelmente parte de um sistema injusto, fará os mais impensáveis e ridículos erros e criancices – não porque quer, mas porque não tem outra forma de aprender senão através das quedas e do sangue que deitar pelo constante jogo de tentativa e erro. Ver nisto um ato cínico de sabotagem dos diferentes movimentos políticos atuais e um argumento para os compartimentar longe uns dos outros é algo que só favorece os mesmos de sempre. Os de cima. E é algo que vai contra a essência do Hip-Hop – por ir contra a essência da vida.  Teremos sempre mais motivos para cantarmos juntos e enclausurados do que nos remetermos ao silêncio coletivo em liberdade.   Instrumental

1. Introduction and Context  The question of what “artificial intelligence” is can be divided into two parts: “What is the essence  of artificial intelligence” and “What is intelligence”. The first question is relatively easy to  resolve, but it points to the question of what can be built. The second question is much more  difficult, raising questions about consciousness, identity, and the mind (including the unconscious  mind), as well as the question of which components are involved in the only type of intelligence  that is generally considered to fall within the scope of intelligence. The study of animals and  artificial systems (not simple models) is beginning to be considered a research agenda in the area  of intelligence. When conceptualizing artificial intelligence, it is assumed that interaction with  the environment faces real needs such as relationships between similar individuals, disputes  between different individuals, pursuit and escape; in addition to causal relationships at different  levels of intuitive understanding (conscious or unconscious) in addition to specific symbolic  exchanges. Talking about artificial intelligence in law is a good way to start correcting common  misconceptions about the use of technology in services markets. For better understanding, a quick contextualization is necessary.  Previous industrial revolutions mainly served to scale up the mass production of consumer goods.  Innovations made industries more productive and efficient as human manual labour was replaced  by machines.  Steam machines first appeared, later those powered by petroleum derivatives and electrical  energy. The Third Industrial Revolution brought us computing and automation, increasingly  eliminating the role of the operator.  Now, we live in the Fourth Industrial Revolution, which is the era of technologies such as artificial  intelligence and machine learning.  With human work becoming less and less relevant in industries, we have entered the post industrial era, with the services sector concentrating an increasingly larger portion of the world's  workforce.  And here comes one of the common misconceptions about artificial intelligence: that it is only  applied to industrial production machines. The increasing sophistication of algorithms allows computers to also perform work that is not  exclusively manual, such as research, reviews, etc.  Does this mean that Artificial Intelligence will replace all types of work?  This is the second main misconception about artificial intelligence. What happens is that human  work will have to be, in the broadest sense, increasingly human.  Including in Law.  Lawyers, judges, prosecutors, and other professionals in the sector provide an essentially  intellectual service. Artificial intelligence in Law has been proving that there are tasks that can be  assumed and performed by computers.  The quality level of technology using artificial intelligence has increased significantly in the last  year, with chatbots capable of holding fluent conversations with humans, writing songs or articles,  and generating computer code. Still, experts say that even the most advanced AI systems are no  match for human writing capabilities: They lack a personal voice and style and often produce  wrong, meaningless, or biased answers. In March 2023, a photo that went viral on the Internet  showed Pope Francis parading down the street in an oversized white coat that looked like he had  just come from a fashion show in Paris. The internet went crazy. Eventually, it was realized that  the photo was fake and had been created using a Midjourney AI image generator after a tip from  a Chicago resident. This is just an example of the increasingly complex types of products that  artificial intelligence can produce.  "I think we're in a time of a lot of questions, and some of them feel quite deep and existential,  especially when it comes to how we think about creativity in an era where artificial intelligence  is going to take center stage in a lot of fields," says John Palfrey, visiting professor at Harvard  Law School, and president of the John D. and Catherine T. MacArthur Foundation. 2. What do the numbers and statistics tell us?  According to data from the most recent “Future of Jobs” survey prepared by the World Economic  Forum (WEF), by 2027 it is estimated that 69 million jobs will be created and 83 million  eliminated, which will result in a net decrease of 2 % of current employment. Meaning that 14  million jobs will disappear in the next five years or so.  Another recent study by Goldman Sachs, cited by the Financial Times, concludes that around 300  million jobs in the most developed countries could be at risk. According to the study, lawyers and  administrative staff are among those most at risk of becoming redundant.  In the United States alone, around two-thirds of workers will be exposed to some level of artificial  intelligence. Many of these workers will see less than half of their workload automated and will  likely continue to work, dedicating part of their time to more productive activities. The study  estimates that this will happen to 63% of the North American workforce, but 7% of that workforce  will be completely replaceable. The impact in Europe should be similar. Furthermore, the study  adds that AI content creation systems like ChatGPT can trigger productivity gains that will  ultimately increase global annual gross domestic product (GDP) by 7% within a decade.  While some see the emergence of AI with enthusiasm and expectancy, others invoke fears and  dangers that this new technology could bring to Humanity.  In March, more than 1,000 technology experts concerned about AI's potential to cause harm to  society signed an open letter calling for a temporary halt to future AI development. "Powerful AI  systems should be developed only when we are confident that their effects will be positive and  their risks will be manageable," the letter states.  Just over a month later, a computer scientist known as the "Godfather of AI," Geoffrey Hinton,  shook the technology world by quitting his job at Google, citing his concerns about the dangers  of AI technology. "It's hard to see how you can prevent bad actors from using this technology for  malicious purposes," Hinton told The New York Times.  What is certain for now is that these technologies will bring drastic changes to the concept of how  we view jobs and labour production in practically all professions in the world. 3. Two Opinions and Professional Perspectives  Focusing on the world of Law, a characteristic of any type of revolution is that, while it is  happening, it is difficult to recognize it as such.  In order to obtain specialized and experienced opinions, I had the opportunity to talk to 2  professionals from the main professions in the World of Law: Law and Judiciary.  As such, I had the opportunity to speak with Dr. Professor Pedro Caetano Nunes, professor at  Nova School of Law, coordinator of the Master in Law and Management, offered in conjunction  with Nova School of Business and Economics and partner in the area of Dispute Resolution of  the PLMJ Law Firm. Pedro Caetano Nunes was also a judge for more than a decade.  As well as the Prosecutor of the Republic Dr. Cristina Maria Vieira Alves Janeiro.  For lawyers, the day-to-day work is likely to change based on what we've highlighted so far. AI  can help optimize much of their work, reserving more time for strategic activities and closer  customer service. It is believed that repetitive, tiring and time-consuming tasks can be easily  resolved and more time can be dedicated to work, leading to greater motivation.  According to professor and lawyer Pedro Caetano Nunes “Legal professions have some practices  that can become quite repetitive, such as litigation and drafting contracts that imply systematic  action and the emergence of AI can contribute in a certain way to faster and more efficient  performance with possible cost reduction.”  But will this mean the end of the legal profession?  Although the odds are greater than changing judges, the fact is that when legal software emerged  (in the 1980s) and even more basic tools, such as document editing programs, many professionals were afraid. According to Prosecutor Cristina Janeiro, “it is unquestionable that AI can help  professionals in terms of jurisprudence research (for example), but I do not believe that they will  completely replace these professionals”.  Law is not just about cold and objective analyses of the law. Ethical issues must be observed and  the subjectivity of each case must be interpreted. A reasoning that machines are not capable of  carrying out. What will happen is that technology will only replace part of their job. According to Professor and Lawyer Pedro Caetano Nunes, “In transactional law, many of the soft  skills that constitute a lawyer come from the negotiation capacity that only a human being can  produce. If AI cannot perform these tasks, I believe it also does not have the capacity to replace  a lawyer for now.”  4. When we talk about technologies in the world of Law, Lawtechs matters  Lawtech is a startup with a technological matrix that develops products or provides services in  the legal area. The world's leading legal technologies seek to leverage artificial intelligence  solutions in the legal field. This means that all legal technologies develop AI products. There are  also platforms for automation, document management, compliance, communications, arbitration,  legal administration, public data monitoring, professional networking, online conflict resolution  and other types of legal technology. Building a successful legal technology practice requires  major investments in technology. Of course, it is also necessary to know the details of the legal  environment and opportunities for improvement.  With these Law techs, the automation of some tasks is expected through, for example, RPA  (Robotic Process Automation) technology. This technology is based on the use of robots capable  of capturing data and interacting with programs, websites and systems, carrying out different  types of tasks with the advantages of operating 24 hours a day and with a margin of error close to  zero. The use of these systems will allow a considerable reduction in costs, while achieving  greater productivity and profitability, along with greater effectiveness of the services provided.  In the judicial area, researchers at the University of Chicago have developed AI technology that  predicts crimes with 80-90% accuracy. How? An algorithm is used that works based on the crime  history of a specific city. Therefore, the system analyses the type of crime, place of occurrence,  date and time, etc. Based on the records, this type of AI then uses that knowledge to generate time  series and predict where and when crimes occur most frequently.  The negative impact in the criminal area can include deepfakes, driverless vehicles or drones used  as weapons, or forms of cyberattacks, improper access to personal data, scams with manipulation of facial and voice movements, dissemination of false information for defamation or slander or  even new forms of manipulation of the securities market.  5. More Questions than Answers  In fact, there are many doubts, if in a judgment phase a fair solution can be reached by a machine,  unlike human beings who are endowed with intuition, emotion and equity, which are elements  that are very important in the decision-making process and to reach a fair decision. Prosecutor  Cristina Janeiro adds “Responses must have a human component, something that machines cannot  perform and all these vicissitudes are important to assign a case with the appropriate prosecution  and decision. AI follows reasoning based on programming but in the course of the case  circumstances and cases appear to us that can alter our decision-making, i consider that AI cannot  reformulate a thought against which it was programmed and as such does not accept different  positions”.  However, even if we seek to improve these mechanisms, the dangers through the use of algorithms  to detect behaviour, with possible violation of fundamental rights and the violation of the  presumption of innocence, whether through research in computer environments or tools for facial  recognition or voice or to anticipate future conduct. The ease with which this type of approach  can generate situations of discrimination and violation of fundamental rights is immense. In fact,  such concerns motivated a resolution by the European Parliament, in 2021, on the use by police and judicial authorities of artificial intelligence tools, with several appeals to which, the  Portuguese legislator has not yet responded.  Even if such a result is effectively achieved, would we trust what is the most cherished and  fundamental human right, which is freedom, to be dictated by a mere machine powered by  artificial intelligence? From my perspective, I don't believe that it will become a reality in the near future, it could help,  but not replace. AI will allow lawyers to reduce the time spent analysing both evidence and  studying the underlying law and will provide greater legal rigor when making decisions.  A robot will not be able to replace a judge and hand down sentences based on algorithms, since  the rule in criminal proceedings is that the evidence is freely assessed by the judge, in accordance  with the rules of common experience and what he learns through hearing witnesses. However,  law and justice cannot ignore the fact that AI can become one of its most important assistants or  adjuncts, whether for organizing procedural documents, for processing the evidence in the process  itself, or even for research into jurisprudence and doctrine, contributing to more agile processes  and increasingly faster decisions.  What is certain is that robots are starting to take their first steps autonomously. In February, the  world's first robot lawyer made his court debut and defended his first client. This was the first  case in which AI took the place of a Human Being in defending a case in court. The robot, created  by startup DoNotPay, gave instructions to the defendant on the best way to argue against a  speeding ticket.  But how were the instructions given? Easy, the robot was present on a cell phone and sent  warnings through a headset to the defendant, who agreed that he would only say what the AI told  him. This was a pilot case that served to test DoNotPay's services. 6. Stopping evolution or Regulating Artificial Intelligence?  Everything will depend on how AI evolves in the future, but it could undoubtedly push the limits  of existing law.  On September 21, 2023, we were surprised by the news that ChatGPT was trained and managed  to write the next book by the author of “Game of Thrones”, with George RR Martin suing OpenAI  in which a final legal battle against theft of Copyright and intellectual property rights. Part of the  existing legislation that may need reformulation and involves the definition of a derivative work.  Current copyright regulations state that "to be copyrightable, a derivative work must incorporate  part or all of a preexisting work and add new original copyrightable authorship to that work.  There's still a lot of interpretation around the edges that the courts must do. And with advances in  AI, these interpretations become “more complicated”.  Regarding Regulation and determination of Responsibilities, Prosecutor Cristina Janeiro  concludes that “In a specific case, determining who has control of the fact seems difficult to  determine. Everything will depend on the way the legislation is created and only from this  legislation will it be possible to apply it to the case. To defend the Human Being, it is imperative  to resort to Collective Responsibility, that is, entities that represent AI (which can be several  companies at the same time) to determine responsibilities. Legislating use is essential because  without it, it’s not possible to attribute conduct to AI. Once legislation is created, it may be in the  best public interest to establish a new regulatory entity that ensures and monitors its use to establish and protect the limits imposed by law.” 7. What we should keep in mind  We easily conclude that as Artificial Intelligence contributes to the performance of the professions of law and judiciary, we are also able to carry out a logical-deductive exercise that here too there  is an opportunity for Law and access to justice to cease to be seen and labelled by many as a  privilege or elitist access. What is certain is that it would be easy to understand that we could use  reasoning that a lawyer using technology and using artificial intelligence can be seen as an  additional cost for the professional in question and that as such would lead to an increase in the  price of fees. However, as we previously analysed, it is also expected that the time spent by the  professional will be optimized to perform certain tasks that could be more time-consuming and  as such they can save this time that they would otherwise end up spending and focus on more  cases, and on other activities. That will allow them to make their activity even more profitable.  As such, with the professional able to monetize their work, we apply one of the main economic  laws to the specific case, which is the law of demand and supply. By increasing supply, demand  will decrease as well as prices so that they are more competitive and appealing to customers.  Naturally, justice should not be seen as a business, but rather as a fundamental right to which all  Human Beings must be entitled and Artificial Intelligence appears to us as a tool that gives us the  possibility of achieving this objective.

Era criança. Era inocente. Disseram-me que íamos visitar um lugar mágico, um lugar onde todas as crianças são felizes. Um lugar onde os desejos se concretizavam. Lembro me de ser pequena, muito pequenina. E curiosa, perguntei ao meu pai “e como é esse lugar magico?”. É lindo”, disse ele. “Um lugar com pequenas casinhas feitas de guloseimas e chocolates, onde podes tomar o melhor chocolate quente da tua vida”. “Mas pai, como assim é feito de guloseimas e chocolates?”. “Vá lá, eu mostro-te”.  E naquelas fotografias de um Toshiba xxxx vi um sonho, vi um lugar onde sabia que ia ser feliz.  Ansiei. Esperei. E lá cheguei.  Curiosa, de ânimos ao alto, uma inocente criança rechonchuda que apenas ansiava ver as casinhas de chocolate.  Olhei, toquei e quase chorei. As casinhas não eram de chocolate.  As casinhas não eram de guloseimas. As casinhas… nada mais eram que estruturas de pedra e deceção, que roubavam a inocência das crianças.  Fiquei triste. Fiquei desiludida. E jurei nunca mais sonhar com casinhas feitas de guloseimas e chocolates. Jurei nunca mais ser criança e acreditar nas mentiras que me contavam.  O mundo tornou-se preto e branco nesse dia… Cresci, apercebi me que não há um sítio mágico, onde todos somos felizes.  Crescer é isto, é apenas isto… tudo o que era fofo e doce, endurece e amargura! É verdade, cresci… mas também amadureci, e foi aí que ouvi… A voz que disse àquela criança inocente para ver o mundo como ele é, cheio de mentiras e deceções… calou-se! Ou, pelo menos, calei-a!  Vivo então com a vozinha de criança, que grita a bons pulmões, que se eu quiser as casinhas são feitas de guloseimas e chocolates. Se eu acreditar o suficiente, se eu sonhar o suficiente, se algo em mim voltar a ser aquela criança inocente que imaginava como se juntavam  e colavam guloseimas e chocolates para construir uma casinha, então esse lugar onde sou feliz existe!  Sou criança, serei sempre criança, pelo menos do que me dizem ser “criança”. Provo o meu chocolate quente, rodeada pelos brilhos de natal e as harmonias que só nesta época unem os ouvintes, e sei que sou feliz, se ser feliz é acreditar em magia!

Remendos. Este Natal queria oferecer-te cinco minutos da minha perceção de ti. Infelizmente, não o posso fazer. Tenho pensado em como dar-te algo semelhante, mas parece-me faltar sempre alguma coisa. É que a minha perceção de ti são remendos. Remendos de momentos, sensações, filmes e livros. Remendos unidos por uma fita de cetim rosinha. Encontro o primeiro entrave aqui, não é só uma fita de cetim rosinha, é uma fita de cetim da minha cor favorita e não sei se ias perceber que a escolhi, porque também és a minha pessoa favorita e porque és para mim, o mesmo que possuir mais uma decoração rosinha. Van Gogh disse a Gaby que mesmo que a sua pintura de umas flores não fosse tão bonita como as próprias flores, pelo menos a sua pintura não ia murchar e tinha uma maior chance de sobreviver. Sinto-me assim com o toque da tua mão na minha. Posso passar o resto da vida a tentar escrever algo que se assemelhe ao conforto e ao quente da tua mão, algo que demonstre a sensação de olho molhado, da lágrima feliz no canto do meu olho, quando o meu coração não aguenta mais guardar o amor que o teu toque lhe transmite, mas a verdade é que nunca vou conseguir. Escolher Van Gogh não foi por acaso. Há qualquer coisa nele que se assemelha ao conforto do teu abraço, mas se não souberes isso, será só mais uma frase. Não consegui transmitir o conforto que sinto junto a ti. Fernando pessoa escreveu “Quando há amor a gente não conversa: (...)” e até acrescentou “Para que queres compreender/ Se dizes qu’rer sentir?”. Temo não ser percetível que escolhi Fernando Pessoa, por admirar o seu trabalho, tal como te admiro a ti, que o tatuei na minha pele, como te tatuei no meu coração. Houve toda uma linha de raciocínio. Pensei primeiro em como mesmo calados, sinto amor só pela forma como olhas para mim. Relembrei-me que talvez pudesse só sentir, que não tinha de tentar escrever a sensação, mas depois lembrei-me que uma vez jurei não deixar nada por dizer. Sem saberes da minha jura, tenho medo de que não percebas a importância de te tentar escrever. Importância semelhante à que tens para mim. Em Areia dos Napa encontras “Fica mais um bocado/Estou-me a apaixonar”. Sei que sabes, sei que também gostas de os ouvir cantar, mas é mais que isso, é o sorriso gigante, o coração aos pulos e a vontade de dançar quando os vi ao vivo. É que tu também me fazes querer dançar. É que tu também me fazes ter um sorriso rasgado. É que tu também me deixas o coração inquieto. - perdido na tradução (só queria que soubesses o quanto gosto de ti)

Carta do António para a Inês Querida Inês, A conversa entre mim e a Sofia sobre ti foi simples. A Sofia informou-me que eras uma pessoa muito trabalhadora e empenhada, e ambos notámos que, das nossas poucas interações, parecias uma pessoa muito bondosa e pura. Assim, convidámos-te para formar lista connosco, e o resto é história. Ao fim de mais ou menos dois meses e meio de mandato, e alguns extra de trabalho, consigo afirmar que estávamos certos. Fora a tua clara competência, és das pessoas mais amáveis que tive o prazer de conhecer, e gostaria de te conhecer melhor. Temos de marcar um jantar de direção neste próximo ano! Sente-te sempre à vontade de falar comigo sobre tudo o que quiseres! Estou curioso, por exemplo, no teu processo criativo e sobre o que tens escrito. Despeço-me desejando-te um feliz natal e mostrando-te o meu poema favorito, Ozymandias, a que me refiro nos meus textos vezes e vezes sem conta. Beijinhos e feliz natal! António I met a traveller from an antique land Who said: Two vast and trunkless legs of stone Stand in the desart.[d] Near them, on the sand, Half sunk, a shattered visage lies, whose frown, And wrinkled lip, and sneer of cold command, Tell that its sculptor well those passions read Which yet survive, stamped on these lifeless things, The hand that mocked them and the heart that fed: And on the pedestal these words appear: "My name is Ozymandias, king of kings: Look on my works, ye Mighty, and despair!" Nothing beside remains. Round the decay Of that colossal wreck, boundless and bare The lone and level sands stretch far away. — Percy Shelley, "Ozymandias", 1819 edition Carta do Francisco para o António querido diretojo, se for pouco coerente, ou não fornecer muitas demonstrações de pseudo-intelectualidade, culpe-se os meus brônquios e o strepfen e os outros não sei quantos medicamentos que estão no meu organismo enquanto escrevo esta cartinha. devo confessar que dos membros da direção 21/22, foste o com que menos interagi. quando decidi que ia convidar a sofia a convidar-me para a direção, sabia que ias ficar e, mesmo assim, não te convidei a convidar-me. a pergunta é: porquê? eis a resposta, meu agora caro amigo: eu sentia-me completamente intimidado. não consigo perceber agora a razão por detrás disto, mas era tal e qual numa série em que o nerd tem vergonha de falar com a menina popular bonita. tu és a menina popular bonita versão filosofal e jornaleira, com um cheirinho a borracha de havaianas e reivindicação. e eu, caloiro ambicioso e com vontade de pertencer ao grupinho dos populares (we are so them), tinha medo de ser humbled pela grandiosidade que vejo em ti. admiro muito a pessoa que és e a forma de estar na vida que levas. adoro a forma de como assumes tudo o que és, aceitas tudo o que és, e dás 0 fucks para todos à tua volta. às vezes gostava (e precisava) de ser mais tojo. sinto que só desenvolvemos a nossa relação quando entrei para a direção e que agora é tudo muito mais fluído, já não me sinto intimidado, sinto me tanto orgulhoso, como admirado, pelo que és, pelo trabalho que fazes, pelo que almejas ser e fazer. que o ano que aí vem nos dê a oportunidade de fazer mais, nos relacionar mais, amigar mais. grande grande beijinho, - do rapaz a quem deste a oportunidade de sentar na mesa dos adultos<3 Carta da Inês para a Sofia Querida Sofia, O Natal nem sempre é uma época fácil, mas é a época, por excelência, de abrirmos o nosso coração ao outro. Portanto, aqui vão umas palavras do meu coração para o teu. Um semestre de mandato passou e ainda me sinto como quando recebi a tua mensagem a convidar-me para fazer parte da direção: honrada com a responsabilidade, entusiasmada por poder ser parte (ainda mais) ativa na vida deste núcleo, receosa de não estar à altura. Destes quase três meses extraio a seguinte conclusão: tem sido um gosto tremendo trabalhar ao teu lado, e ver o empenho que depositas em cada coisa que fazes, por mais pequena que ela seja. Queres saber uma coisa engraçada que nunca te disse? Recordo-me perfeitamente dos primeiros textos teus que li no Jur.nal. Um que me ficou particularmente marcado foi o “Fundo da piscina”- Lembro-me de o ler e ficar tão impressionada com a qualidade da escrita. Pensava para mim “como é que alguém da nossa idade escreve tão bem”. Mais tarde, tive a oportunidade de te conhecer melhor, e pude constatar, com alegria, que à talentosa escritora (acho que a designação é mais que merecida) corresponde uma pessoa de coração bom, com um sentido de justiça apurado e vontade de mudança a correr-lhe nas veias. Sei, e espero que o resto do Jur.nal também o saiba, a sorte que tem em ter-te como sua diretora. Sofia, o país está um caos, o mundo está um caos. O Natal já não sabe da mesma forma do que quando era pequenina. O inverno é doloroso. Parece uma frase feita, mas acho que só a arte e os afetos nos vão salvando (ou pelo menos, é o que nos dá algum alento). Numa nota final, quero agradecer-te por teres proporcionado que algo tão especial tenha acontecido no meu 2023! És uma pessoa verdadeiramente especial, que me ensina tanto (nem que seja através de recomendações literárias incríveis). E se o Jur.nal é o núcleo que é, muito se deve a ti [já deixaste a tua marca, disso não tenhas dúvidas]! Como não poderia deixar de ser, encerro esta carta com um poema, de que gosto muito, do livro que me ofereceste aquando do concurso de escrita, e que guardo com muito carinho [Sylvia Plath e a analogia da figueira são um essencial no girl in her 20’s pack]. Um muito Feliz Natal, com tudo o que desejas! Muita alegria e saúde para ti e para os teus! Muitos beijinhos Inês Words Axes After whose stroke the wood rings, And the echoes! Echoes traveling Off from the center like horses. The sap Wells like tears, like the Water striving To re-establish its mirror Over the rock That drops and turns, A white skull, Eaten by weedy greens. Years later I Encounter them on the road—- Words dry and riderless, The indefatigable hoof-taps. While From the bottom of the pool, fixed stars Govern a life. Carta da Sofia para o Francisco Querido Kikão, Lembras-te de te dizer no traçar que te ia escrever uma carta? Fiquei muito feliz quando me calhaste no carteiro secreto da Direção, porque agora tenho a oportunidade perfeita para o fazer. A tua madrinha anda sem muita inspiração nesta semana, não sei se é do frio, da matéria de penal, da confusão emocional interna, do acne na minha cara... Não sei, mas vou chamar as ninfas da imaginação para me ajudarem, porque mereces algo bonito. O Saramago dizia que odiava o Natal, acho que ambos sabemos que é por causa de ser uma data que a Igreja Católica instrumentalizou para a produção de riqueza própria, fazendo uma propaganda mesquinha de ‘ajuda aos pobres’. O Capitalismo, primo da Igreja Católica, também ama o Pai Natal e aproveita para olear a sua máquina. O Saramago odiava o Natal, por um lado, porque os praticantes do bom catolicismo (amen) decidem gritar aos céus que querem erradicar a pobreza, esquecendo-se que precisam de pobres para continuar a sua bendita doutrina. Por outro lado, penso que o seu ódio pela data é originado pelo facto do Natal trazer consigo uma carga emocional muito forte, está intrinsecamente ligado a família, instituição esta também bastante problemática, e à obrigação da realização de atos de amor em dois dias específicos do ano, porque supostamente o “salvador” nasceu. Kiko, acho que o Natal é como a Barbie para mim, sabes? Reconheço os seus problemas, sei que a Barbie representa um conceito de mulher utópico, quer exteriormente, quer interiormente, que incentiva as mulheres a caírem no buraco de uma indústria “feminina” consumista, criada especificamente para alimentar as nossas inseguranças, mas, apesar disto tudo, seria desonesto da minha parte dizer que o meu coração não parte aos bocadinhos ao lembrar-me da quantidade de barbies (algumas destruídas completamente) que tenho numa caixa no sótão. A nostalgia é demasiada para não lhes sentir carinho. Sinto o mesmo em relação ao Natal. Poderíamos argumentar que eu não tenho saudades da Barbie nem do Natal especificamente, mas sim da Sofia pequenina que os adorava, mas talvez as duas coisas possam ser verdade. Agora, o mundo já não me parece cheio de efeitos vermelhos e dourados, as luzes já não piscam de forma tão brilhante, já não recebo casas da Barbie no Natal, mas aprendi a gostar dos doces de Natal. Apesar do Natal me ser mais cinzento, eu adoro qualquer oportunidade que me faça parar e pensar no quanto gosto das pessoas que partilham um existir comigo e, claro, tu és uma delas. Acho que me apercebi que te adorava depois de ler o poema que enviaste para a Edição Física do ano passado. Claro que eu gosto do Kiko profissional, que tem mil e quinhentos contactos, que faz mil coisas ao mesmo tempo, mas o meu Kiko preferido é o que me vem dar um beijinho e um abracinho todos os dias, que, quando me vê, corre logo para mim, que tem caracóis que formam um coração na testa e que vomita para o papel sentimentos puros e complexos. Gosto muito mais da forma como amas, do que da forma como és uma máquina laboral. Gosto muito muito de ti, espero que esta carta te chegue bem, que estejas muitooo feliz neste Natal, nem que seja só por causa dos docinhos. Sofia.