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A perda do meu eu mais querido

Anónimo

Gostava de nunca te ter conhecido. Cada momento que passo ao teu lado leva um pouco de mim, no início era bonito esse ato de altruísmo que fazia sem pensar duas vezes, mas ao longo do tempo dei tanto de mim que já não me reconheço.

Não consigo mais romantizar tudo, já não resta um pingo de ingenuidade. Nunca te consigo deixar por completo e tudo que era meu (ou que era eu) dei-te. Sempre pensei que todas as pessoas que passam na nossa vida deixam um bocadinho de si, mas contigo deixei-me por completo.

Deixei aquela miúda que ouvia música aos altos berros todos os dias, a que tinha de ter sempre a última palavra, a que achava que sempre estava certa, a que era uma força tão grande que parecia um furacão e, acima de tudo, aquela que se entregava sem reservas, que se menosprezava para caber nesse espaço tão pequeno e injusto que é o teu coração.

O que eu dava para a ter de volta... Para ter aquela certeza de quem era e do que queria ser. Não sei se a levaste contigo, se a mataste ou se ela ainda está aqui, à espera que a salve, que a resgate. Que lhe diga que, mesmo na sua imperfeição, era a minha melhor e mais verdadeira versão.

Talvez me tenha entregado demasiado cedo. Talvez tudo que achava que eras e que de certa maneira que eu era, não passava de uma romantização minha. 

De qualquer modo, sou tua e sempre tua. Mesmo que na minha mente sejas outra pessoa.


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