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Cantiga do Rei Louco

Majestades, perdoai, o Rei está louco,

de outrora inabalável, caiu qual pouco.

Autoproclamado, perdeu-se na razão,

o povo já duvida da sua condição.


A imagem ruída, tão fraca, tão vã,

a antiga rainha recorda o que nele era chaga.

O castelo de cartas desmorona, é certo,

confiança perdida, o trono já deserto.


Majestades, perdoai, o Rei está louco,


Repete histórias, sempre remendadas,

quando ouve da falecida lembranças passadas.

Mas não esperava tamanhas reações,

agora os súbditos riem das suas invenções.


A antiga monarca ausente, culpada é tida,

pela loucura régia, tão bem servida.


Nos banquetes farto de boas companhias,

afoga-se em copos, promessas vazias.

Julga-se senhor de poder e vontade,

mas não vê que perdeu já toda a autoridade.


Majestades, perdoai, o Rei está louco,


Pensa ter tudo seguro, nome e posição,

mas já ninguém o segue, reina só ilusão.

Cego de vaidade, crê-se ainda superior,

quando o povo murmura: “Sabemos quem sustentava o seu labor!”


Muitos perguntam, entre riso e desgosto,

se não foi afinal a antiga rainha quem fez o posto.

E o rei, louco e preso na sua vaidade,

cai cada vez mais na dura realidade.


Democracia! — grita, cheio de engano,

Mando sobre todos, mas ninguém manda sobre meu pano.

Enquanto ri a corte, em segredos bem guardados, já se trama quem ocupará os tronos abalados.

Quando um rei fraqueja, trocam-se peças,

ficam os restos, a coroa em promessas.


Majestades, perdoai, o Rei está louco,


Planeava grandeza, mas só fez engano,

culpa dos outros, nunca do soberano.


A Inquisição agrada-lhe, decapitar o vilão,

Entre amigos sorri, mas em praça nega a mão.

Planeia a ruína de quem ousa contrariar,

Mas diante do povo finge nunca julgar.


Tenta enganar os súbditos com lábia e mentira,

mas todos sabem bem da sua cobiça e ira.

Por mais truques que use, ninguém se deixa levar,

o povo já conhece o rei e o seu fingir sem par.


Sonha com os cofres, o ouro a dominar,

oculta segredos, e a todos tenta enganar.

Só pensa em fortuna, poder e ilusão,

faz do sonho de trono o seu palco de traição.


Majestades, perdoai, o Rei está louco,


Ora diz ser presidente, ora veste coroa,

anda como louco, a corte não perdoa.


Vendido a todos, mas engana ninguém,

Fala bem de uns, e de outros fala também.

Tudo pela atenção, pelo sonho do poder,

Só tem lábia, nada sabe fazer.


Se à presidenta se atrever a ir,

nenhuma vitória há de conseguir

Ela age com naturalidade e sem fingir,

não precisa mil máscaras para se fazer aplaudir.


Ela governará de forma simples, sem truques ou engano,

Ele só quer poder, custe o que custar,

vendia a alma inteira só para reinar.


Majestades, perdoai, o Rei está louco.


 
 
 

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