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- A perda do meu eu mais querido
Gostava de nunca te ter conhecido. Cada momento que passo ao teu lado leva um pouco de mim, no início era bonito esse ato de altruísmo que fazia sem pensar duas vezes, mas ao longo do tempo dei tanto de mim que já não me reconheço. Não consigo mais romantizar tudo, já não resta um pingo de ingenuidade. Nunca te consigo deixar por completo e tudo que era meu (ou que era eu) dei-te. Sempre pensei que todas as pessoas que passam na nossa vida deixam um bocadinho de si, mas contigo deixei-me por completo. Deixei aquela miúda que ouvia música aos altos berros todos os dias, a que tinha de ter sempre a última palavra, a que achava que sempre estava certa, a que era uma força tão grande que parecia um furacão e, acima de tudo, aquela que se entregava sem reservas, que se menosprezava para caber nesse espaço tão pequeno e injusto que é o teu coração. O que eu dava para a ter de volta... Para ter aquela certeza de quem era e do que queria ser. Não sei se a levaste contigo, se a mataste ou se ela ainda está aqui, à espera que a salve, que a resgate. Que lhe diga que, mesmo na sua imperfeição, era a minha melhor e mais verdadeira versão. Talvez me tenha entregado demasiado cedo. Talvez tudo que achava que eras e que de certa maneira que eu era, não passava de uma romantização minha. De qualquer modo, sou tua e sempre tua. Mesmo que na minha mente sejas outra pessoa.
- Bla bla bla
Às vezes dou por mim a achar que devia escrever mais. Que me devia debruçar sobre os grandes problemas da humanidade – a guerra, a fome, o amor ou as grandes filosofias que podem dar sentido às nações em decadência. No entanto, e talvez pelo egoísmo que marca toda a gente em maior ou menor medida, não consigo fazê-lo sem parecer que as palavras me saem vazias e que, embora com significâncias eruditas e um conteúdo mais ou menos alinhado ao pensamento da maioria, aquilo não me reflete. A reflexão nos textos não é, necessariamente, sobre a correspondência do seu conteúdo ao pensamento de quem o escreve. Há algo acima disso, uma forma de encadear as palavras, o som a que estas correspondem, a conjugação dos tempos e as ironias e metáforas usadas que os personalizam verdadeiramente. Fazem, então, com que um texto que poderia ter sido escrito por qualquer um, passe verdadeiramente a identificar o próprio autor como uma impressão digital analisada em laboratório. Temo não o conseguir fazer em tópicos tão genéricos. Poderia, eventualmente, escrever num tom artístico e misterioso ou indecifrável, quiçá, àqueles que inocentemente leem os textos e só conseguem interpretar deles uma salganhada de palavras digna de qualquer sopa de letras na página final de um jornal generalista. Mas isto também não me parece bem. Não tenho vocação para vanguardista, nem talento suficiente para fazer orgulhar o Luís de Camões pelo bom uso da língua portuguesa. Neste momento, prefiro falar dos temas inteiramente mundanos e sem importância maior do que o café que bebo a meio da manhã. Quero escrever sobre como é tentar entrar com um pezinho na competição que é o início da vida adulta. Sobre os autocarros infindáveis que têm pautado a minha vida nos últimos dois anos e sobre o facto de ainda não ter comprado mais detergente da loiça. Ou que o meu Código Civil está num estado lastimável e que ainda me faz confusão como é que as pessoas em Lisboa andam sempre com pressa. O típico bla bla bla que talvez me defina mais do que todas as filosofias e literaturas que se juntam amontoadas e a ganhar pó na estante ao meu lado. Quero regressar à escrita e aos textos – à forma como me fazem feliz por serem um escapismo e por me fazerem pensar mais, sem ter a pressão de estar sempre a produzir algo consistente e linear como uma resposta a um caso prático ou um post no LinkedIn . Tal como a própria vida em si mesma, os textos não deviam servir apenas para um propósito lucrativo ou currículo. A verdade é que as palavras salvam, seja a todos externamente ou a cada um internamente, e tentar reduzi-las a ideias banais e grandiosas, ao mais do mesmo; e não à banalidade do sentimento do dia-a-dia e às microquestões que percorrem a alma com intensidade durante cinco minutos faz com que se perca, inútil e fugazmente, um bocadinho o sentido da vida que nos une às letras que se escrevem. O ato de escrever é mais do que o ato comunicativo de passar uma mensagem, escrever é a libertação mais completa que o ser-humano pode ter. É a catarse, onde se grita a quem passa pela nossa impressão longínqua, quem somos verdadeiramente e, em reflexo, quem é quem nos lê. De outra forma não faz sentido. “ There is no other way. and there never was.” (obrigada, Bukowski)
- Adultisse crónica ("Síndrome de Wendy")
Um dos maiores flagelos que assombra a nossa atualidade é a pandemia de um fenómeno que se tem vindo a falar cada vez mais nos últimos séculos: a Adultisse Aguda (também conhecida como “síndrome de Wendy”). Esta "coisa" afeta 10 em cada 10 pessoas e começa a manifestar-se tendencialmente entre os 13 e os 18 anos. Infelizmente, trata-se de algo crónico e o seu tratamento desconhecido! Não, ok… agora a sério: Se há algo que sempre me incomodou sobre a vida é o que nos acontece quando ultrapassamos a ponte (também conhecida como puberdade) que separa (ou une, depende do ponto de vista) a infância da vida adulta. Não sei, este conceito sempre me assustou! Acho que se deve ao facto da travessia desta ponte mudar completamente o nosso âmago, marcar a passagem de uma criança feliz e inocente para um adulto rezingão e triste. É nesta passagem que as cores, outrora tão vivas e brilhantes, passam a tons esbatidos e a puxar cinzentos, os mágicos arco-íris passam a um mero “fenómeno ótico e meteorológico que se forma quando a luz branca solar entra em contacto com as gotas de água na superfície” (tirado de um site de gente crescida), as borboletas, antes fadas camufladas, passam, agora, a meros insetos… Não consigo mesmo entender porque é que, aí a partir dos 13, passamos a ser uma Alice, sim aquela mesmo do País das Maravilhas, que ao invés de escolher acreditar na sorte que teve de ir a festas de chá estapafúrdias com chapeleiros e lebres, de conhecer um gato envolto em charadas, uma senhora com panca em copas e em cortar cabeças e um coelhinho cheio de pressas, escolheu antes acreditar que tudo isto não passou de um mero sonho… Mas porquê? Porque não acreditar no inacreditável, dar corda à imaginação, abraçar o “impossível” e deixar-se cair num universo mágico? Eu achava que com o tempo, o nosso ser ia se aprimorando, mas afinal talvez não, porque o meu eu de 8 anos, por exemplo, sonhava muito melhor que o meu eu de 17! Olhem, hoje olhamos para o mar e as suas ondas com um bocejo, mas em tempos pensámos “Que treta de sorte a minha não ter caído numa lagoa no meio de uma cratera vulcânica em plena noite de lua cheia!” O que mudou? Infelizmente, penso ter a resposta para isso. Tudo isto se prende com o maior sintoma desta síndrome: a perda de magia, ou como os adultos maçadores e aborrecidos gostam de chamar, “inocência”. Mas a grande questão é: Para onde é que a inocência foi? Já procurei em todos os cantos e recantos da minha alma, subi às montanhas mais altas do meu ser, nadei nas marés revoltas da minha essência, até nas entranhas do meu âmago vasculhei! Procurei em mapas, Google, tudo, até GPS tentei E NADA! Sumiu! E o problema é que, sem a inocência, a cada dia que passa vamos nos tornando mais carrancudos, mais chatos (“realistas”, “sérios”, o que lhe queiram chamar), mais maus, vamos lentamente passando de heróis a anti-heróis (alguns até vilões) e o nosso sorriso outrora tão fácil e genuíno foi substituído por uma boca cerrada com fio nylon invisível, onde os cantos só se erguem se a esticarmos e colarmos fita cola nas pontas (pela fita cola muitas vezes ter aquele tom amarelado ou castanho é que chamamos a isto “sorriso amarelo”). Mas não me interpretem mal! Esta reflexão não é de TODO uma ode à síndrome de Peter Pan! É claro que é bom (e essencial) amadurecer, ganhar novas perspetivas, ficarmos grandinhos, porque tornarmos nos adultos é inevitável e imprescindível, e há uma certa beleza nisso, em vermos as marcas de crescimento na parede, as nossas galochas favoritas a ficarem demasiado pequenas, ao invés de dar um golinho na cerveja do/a pai/mãe pedirmos uma cerveja inteira para nós... Mas há necessidade da magia perder-se? Opá se calhar é só diminuir um bocado a dose, em vez de 5 sacos de pó de fada se calhar 2 basta. Haverá necessidade de aniquilar a nossa criança interior e qualquer vestígio seu? Porque não só encolhê-la até ao tamanho de uma formiga para as outras coisas que vamos adquirindo com o tempo caibam na nossa alma também? Ora, é possível caber tudo! E lá está, uma vez mais, toda a gente fala de “Peter losing Wendy” e tal (shout out to Taylor Swift)… mas e “Wendy losing Peter”, não? A grande tristeza é mesmo essa, todos inevitavelmente acabamos por nos tornar uma Wendy! Mas, apesar de ser crónico, haverá maneira de retroceder ou mitigar os efeitos? Sim, normalmente é aconselhado saltar em poças de chuva uma em cada três vezes que chover, soprar um dente-de-leão sempre que possível e fazer macacadas com família e amigos pelos menos uma vez por dia, tudo isto equilibrado com uma dieta não muito restrita de responsabilidades e de coisas de crescidos! Porque, at the end of the day, temos de deixar o adulto que há em nós assumir o controlo, brilhar, prosperar, desabrochar, mas sem nunca deixar de dar um beijinho e aconchegar a nossa criança interior.
- O fim do Ser
Me abstive da palavra, Censurei-a mais que um regime fascista, Mergulhei-me na espera do tremendo (im)possível, sim, irá acontecer! Reprimi-la tornou-se a solução temporária para uma mísera esperança. Ser suficiente—ou sentir-se—é a maior dificuldade do homem humilde que caminha assustado, que pula e anseia a qualquer surpresa, que se reduz, na medida do possível, para agora Ser . Ser o quê afinal? Para quem? O quão paralelo é inegavelmente Sermos Seres insignificantes em busca da supra-significância? Na universidade, no ciclo-social, no hospital, no espelho, no âmago…. Um dos maiores prazeres é a experiência vívida da inevitável insignificância objetiva do Ser . Notamos o alheio, a externalidade do universo particular; quem São estes? O que comem? Acha que possuem angústias? Também falham consecutivamente? Sabem o que é serenidade em um mundo de ratoeiras? Não se sabe, não sei. Será que a todas as respostas no fundo estou a perguntar-me o que não tenho coragem de dizer à luz do dia? O que Sou aos seus olhos? O que és nos meus? O pedaço que falta em mim é reconhecer que nadamos na insignificância objetiva de viver à beira da morte; a vastidão, que nos intimida, que nos conforta, que nos elucida, que nos dá paz na busca da liberdade de só Ser , enquanto há o tempo. Porque raios nunca penso em ir à procura da liberdade? Quantas jaulas crio assim que liberto-me de outra? Deparando-me com a substância do meu Ser , molho minha camisa de lágrimas e questiono-me: o que seria da vida se só fôssemos ?
- Untitled
Can we touch hands? Just for a little while longer—can we? I don’t need you to hold me anywhere else, just my hand. Or maybe not even that—just let your hand linger close to mine, close enough that I can feel you’re still here. Close enough to sense your presence, but far enough to remind me you’re going to leave. How selfish am I, wanting to hold your hand a moment longer after I was the one who broke the hug you gave me? Am I so lost in myself that I can’t let go, even when everyone else is intrusively pulling me away by my other arm? Is it wrong of me to hope you’ll hold on tighter, to feel a spark of joy when you do, even as the tug of the world grows stronger? Is this longing? Or something more cruel—masochism, perhaps? Please, let my hand go, gently, if you must. But promise me, once in a while, reach for it again. Don’t forget the feel of my hand against yours, as I will never forget the roughness of your palm, the warmth of our fingers entwined. I’ll remember every squeeze, every quiet pressure that whispered I love you.
- 15 de novembro
Sempre a tentar relembrar-me o porquê de eu estar a fazer tudo isto. A lembrar-me que ainda falta um ano para acabar e fazer o quê depois, e para quê? Uma realidade tão distinta da que imaginei ter nesta altura. Sensação de que não fiz quase nada e não tenho quase ninguém. Garganta seca, estômago revirado, um frio interior. Se não me disserem nada, não tenho de inventar desculpa para não ir. Se não disserem, por outro lado, é a confirmação do pouco que resta. Ansiedade quase como uma pressa de fazer, tirar o penso rápido e deixar que passe. Se arrancar de uma vez vai doer menos. Não querer falar sobre o assunto, nem falar. Solução abstrata apenas e não seremos somente todos uns pedantes? Semelhantes no modo de falar, maneirismo, expressão, gesto de mãos, tom de voz. Alguém maior que nos influencia ou tentarmos influenciar-nos uns aos outros mutuamente, fazer força para influenciar, fala de mim, alimenta-me o ego e mesmo assim não passa. A sensação de crescer sozinha, sala muito grande para o meu silêncio, na ponta da mesa, popular, mas ninguém pra sentar ao meu lado. Não cobrar nada, não estudar muito, não desviar do estilo, esforço por reagir bem. Podes falar por cima de mim, de mim, dizer que esta opinião não conta, olhar a marca, podes tirar o que quiseres. Deve ser bom ser-se como tu e ter alguém como eu. Jogo de comparação, ser mais simpática (ainda), esticar o cabelo, comer menos. Fazer tudo por tudo e não sobrar quase nada. Não ir e deixar cair no esquecimento ou ser esquecida enquanto aqui estou, apenas a escrever lugares comuns.
- A ti e a todas as coisas que ficaram por dizer
Taormina, Itália, 17 de janeiro de 2025 A ti e a todas as coisas que ficaram por dizer, Acredito que todas as pessoas no mundo já deixaram coisas por dizer. É um sentimento forte, que sobressalta ao de leve o coração e que passeia pela nossa cabeça vários dias, até o tempo as levar e nunca mais nos lembramos delas. Não tivemos coragem no momento certo, então nunca foram ditas (pelo menos, nunca foram ditas ao seu destinatário, porque, mentalmente, foram repetidas milhares de vezes e protagonizaram todos os banhos mais demorados ou momentos de reflexão). Mas porque é que tem de existir um momento certo? Acredito que o mundo seria mais simples se pudéssemos dizer tudo o que ficou por dizer, sempre que desejássemos. Nem era preciso uma resposta, apenas a certeza de que chegavam a quem lhes pertencia. Poderia ser através de uma carta (tal como estou a fazer agora), de uma secção do jornal própria para estas situações ou até pessoalmente, se fosses forte o suficiente. Também, quem sou eu para dizer que o mundo seria mais simples assim... Tenho de te ser sincera. Não estou a ser imparcial, já que tenho muitas coisas que ficaram por dizer. Aliás, o objetivo desta carta é ter a certeza de que as queres ouvir, (neste caso, ler). Eu sei que gostaria de ouvir todas as palavras que me foram roubadas pela (falta de) coragem. Gostava que todos tivessem esta iniciativa, de escrever uma carta a todas as pessoas que nunca foram esquecidas, que nos marcaram, que fazem parte de nós e, que sem tentar e sem querer, nos moldaram na pessoa que somos hoje. Sempre me disseram que não conseguia esquecer estes assuntos, que tinha de ignorar porque, de alguma maneira, era uma proteção do destino. Até pode ser verdade, se calhar há coisas que vão sempre ficar por dizer, mesmo por não estarmos prontos naquele momento para ouvir a resposta. Pena que não consigo acreditar que tal exista. Cheguei a uma conclusão, se calhar é por isso que há tantas palavras que não se chegam a transformar em sons, porque as pessoas acreditam no destino e acham que é assim que tem de ser, em vez de tomarem as rédeas da sua vida e dizerem aquilo que lhes apetece, quando lhes apetece. Deve ser por isso que nunca me chegaste a dizer tudo o que ficou para trás. Aqui te dou a oportunidade para o fazeres e, como já mencionei, peço que me a dês também, porque há muito que te tenho a dizer. Não quero saber como estás, não é esse o objetivo desta carta. Não quero saber o que mudou, o que recebeste no Natal, em que cidade andaste a deambular por aquela noite fria de outubro ou o que ouviste sobre mim. Apenas quero que me dês permissão para te dizer todas as coisas que ficaram por dizer, porque, no final, as palavras que nunca dissemos pesam mais do que as que nos atrevemos a dizer. Eu
- O que torna Harry Potter tão especial?
À medida que me aproximo de terminar esta saga pela terceira vez, surge novamente um sentimento familiar neste contexto, a saudade. No entanto, a questão é porquê, por que razão é que este sentimento é tão recorrente ao finalizar algo de que eu nunca fui especialmente fã? Qual o ingrediente mágico (prometo que não foi de propósito) que torna esta Franchise tão única? Talvez seja a história cativante que aumenta as paradas a cada episódio, ou o mundo pura e simplesmente mágico a que somos levados a conhecer (desde Hogwarts, aos milhares de feitiços e poções), ou as atuações brilhantes de nomes como Alan Rickman (Snape) e Michael Gambon (Dumbledore), ou, porventura, o vilão brilhante em todos os sentidos da palavra, ou, quem sabe, as mensagens e lições bonitas que são transmitidas… Enfim, poderia enumerar muitas mais razões, contudo nenhum destes aspetos são o que torna esta franquia verdadeiramente única. Consequentemente, venho hoje expor a razão do sabor amargo da saudade revelar-se sempre que concluo esta bela aventura, que se resume a três indivíduos e à sua amizade. Como referi anteriormente, esta franquia acerta em vários aspetos, no entanto, não são esses que a tornam única, mas sim a relação de Harry, Ron e Hermione. De facto, não me ocorre outra saga em que somos levados a acompanhar três amigos durante todo o seu crescimento, desde a sua infância (1º e 2.º filme), à adolescência ” (3.º e 4.º filme) e, finalmente, à sua fase pré-adulta (do 5.º ao 8.º filme). Para além da química fantástica entre os três atores e as personagens em si, acho que a grande razão para o sucesso desta jornada é a facilidade com que nos conseguimos identificar. Seja através da relação entre Harry e Ron, uma amizade típica masculina, que, embora sofra alguns percalços, prevalece sempre mais forte do que nunca. Ou a amizade entre Harry e Hermione, que clarifica na perfeição a diferença entre uma relação de amizade e uma de amor, através de sequências verdadeiramente bonitas. Talvez tenha sido mesmo através do romance entre Ron e Hermione, um clássico caso em que os opostos se atraem, sendo construída pouco a pouco à medida de cada filme, tendo como base dos momentos mais engraçados e adoráveis da franquia, e que culmina no tão esperado beijo no último filme. Ora, mesmo alguém que não se identifique com nenhum destes casos, reviu-se, certamente, nos momentos da relação do trio como um todo, que, pelo menos para mim, produzem uma sensação de conforto e familiaridade inigualável. A partir das gargalhadas, das cenas de investigação, das crises típicas da idade, das discussões e reconciliações e das peripécias de perigo, vemo-nos a ansiar por mais aventuras do icónico trio. Se me permitem ser mais prático, considero que existem algumas ocasiões que servem como exemplos do quão estas amizades elevam o nível da história, principalmente no capítulo da emoção. Primeiramente, considero que o melhor exemplo é a sequência do baile no quarto filme, e toda a atmosfera à sua volta. E é aqui que encontramos os nossos protagonistas a passar pelos mesmos problemas e desafios que qualquer pessoa passou ou passa na sua adolescência, ansiedade social, trocas de humor esporádicas, ciúmes, momentos constrangedores e discussões perfeitamente evitáveis. Tudo isto cria uma proximidade única com o público, visto que de facto podia ser qualquer um de nós naquela situação. Outro exemplo é a cena no último filme, em que Harry percebe que tem de morrer a enfrentar Voldemort sozinho, despedindo-se de Hermione com um abraço clamoroso, e de Ron com um simples olhar, que na minha ótica trata-se de um olhar que vale mais que mil palavras. Isto resulta em sermos completamente sobrecarregados pela emoção da cena,e, em adição, no aumento significativo das paradas da batalha final. Atrevo-me até a dizer que o final da saga, protagonizado pelo trio habitual, primeiramente na ponte de Hogwarts (com uma bonita cena em que os três seguram as mãos), e posteriormente, num epílogo no qual vemos Harry, Ron e Hermione a levarem os seus filhos para a estação de comboio rumo a Hogwarts (que acaba com um fantástico plano de filmagem da cara dos três), trata-se de um dos finais mais emotivos já visto em qualquer saga, senão em qualquer produção. Não tenho quaisquer dúvidas que trouxe várias lágrimas ao rosto de milhares de fãs. Bem, em boa verdade, a relação entre personagens sempre foi o meu aspeto preferido no que toca a cinema, logo esta opinião acaba por ser algo que parcial. Muito provavelmente, a maioria dos fãs venera Harry Potter pelo mundo mágico criado por J.K Rowling, que pode ser (e é) explorado a fundo, bem para além dos livros e filmes. Todavia, para mim, Harry Potter será sempre a história de três amigos e uma magnífica amizade que serve como um porto seguro. É com esta frase “clichê” que termino, no fundo, aquilo que é um desabafo por me ter de despedir deste universo mais uma vez, do qual vou ter certamente saudades…
- Alma alentejana
Só quem é de cá entende O que é viver neste Alentejo Tão pacífico, como quente Mas também sempre em festejo. Desde que fui para além do Tejo Só penso em regressar A casa, ao meu rico Alentejo Será para sempre o meu lar. As searas que transbordam saudade Abanam levemente com o vento Amarelas, da cor da tarde Choram comigo por este lamento. Espero um dia poder voltar Dançar nos bailaricos de S. João Com uma palha por trás d’orelha E um copo de vinho na mão. As casas brancas das vilas A pele queimada dos pastores Os jovens que passam com as mochilas Dão malmequeres aos seus amores. Vou comprar já o bilhete Não consigo mais esperar Irei no comboio das sete Para o calor não apanhar. Ao passar pela ponte da capital Imagino os montes e as serras Que miragem mais divinal Vou finalmente regressar às minhas terras.
- Hex#808080
You could argue grey areas give you freedom, but what is grey but a mere indecision and lingering limbo of feelings and unmade choices. It's dark and light, in it's balance coming across as boring, like a leap never taken. I choose you. You say you love me and you fell in love with me. You are free to fall in love with me as many times as you wish, my darling, for I have fell for you once and it sufficed. It remains waiting in the dark, expecting to be fished out of the deepest and darkest dungeons of my body. When we're together it regurgitates through the embrace of our lips, bloody and gory. It hurts. I can't let it out. I won't. I respect your wishes to the extent of sparing you of my suffocating love. It's something we all need and I have it. I'm human, so are you. You give me what I need and more, but I'm tired of loving like a goddamn hound. You are a savior. Not mine, but a savior. You need someone to save, who is not me. And you are looking for them....you .....you found them. It's not me. It could never be, because there's nothing left to save. It cuts so deep, but my skin and blood have been used to the platelets of pain, and in the mere time frame you leave and return to me, those cuts will be nothing more than scars. And yet again, you will be greeted with a smile and open arms, like you deserve. I'm not yours and you're not mine. But say it. Say it again. Say it time and time again. How much you love me and how much I mean to you. Scream it so everyone can hear it. Let me mark you so they know you're mine. I can't. Because you're not. I lost my faith, and as I lose my faith you lose your desire for me. All those times you've longed for my touch and my breath are simply shattered memories of a young and irreplicable connection. I've become nothing more than a grey area. Indecision, unexciting, old, and yet the perfect balance of black and white, light and dark and whatever meaning you wish to input. At least I know I will be your grey area.
- A winter poem
Dark. Cold. A restless whisper. Rain. Wind. The sound of winter. Sitting on the sofa I find comfort near the fireplace It protects me from the storm And the only thing I can hear Is the distant sound of God's furious Coming from those dark clouds It feels like the world is collapsing It makes me shiver It makes me feel alone Through the window I see the homeless man. She is sitting next to him, on the floor. What a sweet little girl. For some reason, she chats with him for a while. They are out there in the cold, but they seem so warm. They look so comfortable. She gives him a friendly hug. For the first time, I see that man smiling. He doesn't seem to feel the cold, the dark, the rain. She is light, bright, joy. She protects him from the storm of life. She made him smile, his eyes shine. There are people who are home. And she is one of them, for sure. -Alice, what are you doing? Come inside, honey! Her mom leads her home. The man stays, smiling, and eventually falls asleep.
- who am i?
what can you do when even the people closest to you, the ones whoʼve seen every nook and cranny of your soul, that spend every waking hour connected to you, somehow donʼt feel you slipping away? itʼs a blame game that canʼt be played without risk of drowning in my own hypocrisy seeing that even I did not feel myself fading out until it was too late. did I do it on purpose? was this my subconsciousʼ doing? did it feel the need to protect me from the pain of losing myself even before it happened? and how did it happen? was it slowly, gradually, until I could not look back and think of a time I felt real and complete? or was it abruptly, like having the ground you stand on being ripped from under you, leaving you falling into an endless abyss of darkness and questions? is it too late? am I ever going to feel like me again? all questions that require answers, answers that are as essential for me as the air I breathe and every moment without answers feels like the air is growing thinner, my chest tightens, and my windpipe is slowly getting crushed under the weight of all those uncertainties. somewhere, deep in my mind, a part of me is screaming saying theyʼve been asking for help for an eternity. have i? the more I think about it the more every small action and decision shapes itself into a cry for help. how could i have not noticed? so, slowly but surely, i feel a little less like myself. I donʼt even know who i was anymore. was my mind always this dark, this depressive cycle of jabs and insults? was i always this tired? a tiredness that sleep cannot and will not fix. a tiredness that seeps into my bones, into my bloodstream, leaving me oh so exhausted i canʼt even bear think of tomorrow. who am i? who was i? and who will i be?
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